Domingo na TV: Fantástico

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Ainda não acabou. O desafio deste blog em assistir todos os programas dominicais das três principais emissoras do país continua e, pela primeira vez, o produto analisado não é um programa de auditório voltado para a família, mas trata-se de um programa jornalístico. Muito mais difícil de ser analisado e que apresenta um formato de Revista Eletrônica, é dia de analisar o Fantástico.

Um dos programas mais tradicional - senão o mais - o Fantástico é, certamente, a principal atração dominical da Rede Globo. Com o intuito de unir jornalismo da melhor qualidade a prestação de serviços e entretenimento, o "show da vida" tenta agregar público num momento em que há uma enorme concorrência na TV aberta brasileira. 

A tirar por este domingo, o resultado é satisfatório. Não chega a ser uma obra primorosa, mas o objetivo da produção é alcançado. Entreter, informar e prestar serviço. O show não prima pela criatividade e não tem o menor pudor em fazer o óbvio e seguir o caminho mais fácil, porém, o padrão Globo de qualidade facilita bastante e dá ótimos momentos para o telespectador.

Os quadros jornalísticos apresentaram-se bastante problemáticos. Um exemplo claro disso foi a primeira reportagem mostrando a violência na cidade. Foram quase 10 minutos mostrando várias ações de bandidos e como é difícil para a polícia chegar a eles. Com distanciamento exagerado, a reportagem não consegue cativar, pois foca-se demais nos números e afasta-se das pessoas. Faltou o traquejo de depoimentos fortes, chocantes e que causasse revolta e identificação da audiência. 

O que falta ao Fantástico nesta área é reportagens investigativas. Este que já foi o principal jornalístico do país, transformou-se em um show tímido quando o assunto é denúncias. Falta jornalistas do primeiro time da emissora e que não se furtem a realizar grandes reportagens e denunciar os problemas que assolam o país, como o público tanto quer.

No quesito show, o programa vem bem. Quadros com celebridades mostram-se interessantes e bem postos, como toda a cobertura da reta final de Fina Estampa, com direito a momento emocionante com Marcelo Serrado e uma fã, além de entrevista com Aguinaldo Silva - que não deu quase informação alguma, é bem verdade. 

O quadro Quem é meu Pai é, talvez, o maior acerto do programa. Um quadro de prestação de serviço e que sabe seguir o padrão da emissora. Sem sensacionalismo, sem explorar o sofrimento humano, o programa consegue grandes histórias e chama a atenção da audiência pelos momentos corretos de emoção que nunca são explorados de forma exagerada.

A apresentação não compromete. Sem Patrícia Poeta que, sempre mostrou-se preparada para este programa, Renata Ceribelli, Zeca Camargo e Tadeu Smith dão conta do recado. Nenhum chega a ser um primor que mereça destaque, mas conseguem conduzir a atração com o toque correto. O erro da edição no final do programa é algo que acontece e não depõe contra.

O Fantástico transformou-se numa sombra do que um dia ele já foi. Mas nota-se que a qualidade ainda está ali, apesar de faltar criatividade e, principalmente, ousadia, é um programa que tem uma clara proposta e a cumpre com praticidade, sem mecanismos de defesa e sem se furtar em informar o telespectador. Uma boa opção.