Quando começou a se especular sobre a sinopse da novela com título provisório de Bom dia, Frankenstein muito já começou do burburinho entre a mídia e também entre fãs de telenovela. Parecia uma ousadia criar uma história em que a tecnologia, um prédio modernos e pomposo seria o grande protagonista. O elenco foi se formando e a empolgação continuava, afinal, haviam muitos mistérios cercando o roteiro. Com nome definido de Tempos Modernos o folhetim entrava no ar com a difícil missão de substituir o sucesso de audiência - e nem tanto de crítica - Caras e Bocas.
Passados mais de 07 meses, Tempos Modernos não conseguiu, ao contrário, derrubou a audiência média da emissora em 07 pontos na média geral (fechou com apenas 24). A trama que surpreendeu o país por sua ousadia, teve os melhores 35 capítulos iniciais da história recente da TV brasileira para o horário das 7 (e também das 6). Ousada, inovando, linguajar novo e modelo completamente diferente de se fazer telenovela, o autor Bosco Brasil parecia impressionantemente inspirado.
Porém, a audiência se assustou - assim como havia se assustado com a inovação de As Filhas da Mãe e de A Favorita ambas excepcionais - e rejeitou a trama. A sinopse foi sendo alterada aos poucos e, o que se viu da metade para o final foi uma novela apenas com "mais do mesmo", não era mais sequer sombra do que havia sido no começo. Bosco Brasil apostou no formato clássico de um folhetim para tentar atrair a audiência.
Em partes funcionou, pois a novela conseguiu se livrar do estigma de pior audiência isolada da história e, com um último mês muito bom na audiência, fechou empatada com Três Irmãs. Porém, novamente a emissora perdeu a chance de dar novo fôlego para o formato. Pena.
Ainda assim, é impossível para a crítica classificar Tempos Modernos como um fracasso no quesito qualidade. A trama foi muito boa, muito bem amarrada e conseguiu ainda mostrar ao público que é possível fazer o telespectador dar boas risadas sem precisar apostar nos clichês e nos lugares-comuns que muitos autores parecem preferir.
Com isso, o último capítulo não poderia ser diferente. Ágil, com diálogos impressionantemente bem construídos e que lembravam a primeira semana da trama, Tempos Modernos se despediu do público de forma digna, dando qualidade a televisão brasileira. Sem precisar apelar, sem precisar exagerar, apenas com um bom texto.
Destaque para o final criado pelo autor para a personagem Deodora (brilhantemente interpretada por Grazi Massafera). Final incomum, não pela morte em si, mas pela forma como ocorreu. E também para o retorno triunfal do melhor personagem do começo da novela, Albano (Guilherme Weber) que foi uma perda irreparável durante mais da metade da novela.
O destaque negativo deste capítulo ficou por conta do final tão clichê com todos os casais grávidos ou com filhos recém nascidos. Desnecessário e até maniqueísta. Porém, com uma excelente média de 34 pontos e picos de 38, Tempos Modernos sai de cena e mostra que audiência nem sempre é tudo, qualidade é qualidade com 0 ou com 50.