quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Ídolos estreia cercado de equívocos e decepciona

A estreia da nova temporada do Reality Show musical da Rede Record, Ídolos, ocorreu na noite da última terça-feira, 04, envolto a muitas expectativas por conta das diversas alterações artísticas que a emissora realizou para levar ao ar o programa. Mudança na apresentação, no corpo de jurados e até um novo modelo de edição fizeram parte do pacote nesta primeira noite de exibição. Infelizmente para os fãs do estilo de programa, ao menos a primeira vista, nada empolgou.

A começar pela apresentação. A aposta em Marcos Mion que já era temerosa para este espaço, mostrou-se de fato um erro dos mais graves. Os primeiros minutos do programa foram absolutamente constrangedores justamente por conta da apresentação junto ao público do novo comandante do Reality. E ao longo de toda a noite as aparições do ex-VJ da MTV foi sempre constrangedora. Mion com seu estilo estrela quis sempre aparecer mais que os candidatos e que os jurados, mas não conseguia. Com um texto fraco, repleto de clichês, o apresentador mostrou-se exageradamente à vontade e continuou com o mesmo problema que marca sua carreira desde sempre: a péssima entonação de voz. O jeito infantil de falar funcionava bem na MTV, mas não funciona fora dela. Além de tudo, o tom de voz carregava uma tentativa frustrada de bom humor, ou seja, Mion não entendeu que há diferença entre Legendários e Ídolos. O principal erro da Record foi trocar Rodrigo Faro por Mion, o primeiro, ainda que não seja apresentador, é um bom ator e sabe interpretar um personagem que convence apresentando, o segundo é apenas uma tentativa embaraçosa de comunicador.

A edição também mostrou-se bastante equivocada. Se, logo no início, o que incomodava eram os cortes da câmera que deixava a imagem preta ao mudar o enfoque para mostrar grupos de candidatos - um claro erro, pois um programa que se propõe ser leve nesta fase, não tem motivo para cortes assim - o que veio depois chamou mais a atenção. A opção por escolher histórias de vida entre os candidatos mais bizarros, manter-se focado quase o tempo todo em candidatos ruins e reprovados, cansou o público e serviu apenas para colocar em dúvida a qualidade técnica do próprio programa. Basta pensar que praticamente ninguém mostrado no vídeo foi aprovado pelos jurados e, convenhamos, é difícil pensar que, de todos, apenas dois ou três tenham sido aprovados de fato. Erro de edição.

Os jurados também não tiveram um caminho feliz. A presença de Supla foi bastante embaraçosa. O cantor (?) tentou manter seu jeito irreverente com que se tornou conhecido, principalmente pela Casa dos Artistas, no SBT, mas não funcionou enquanto jurado. Na tentativa de criar um estereótipo, ele apresentou um festival de preconceitos, não julgou os candidatos pela qualidade técnica ou artística e fez comentários dispensáveis e, em alguns momentos, bizarros. Marco Camargo, que está no programa desde o início, seguiu outra linha. Ainda mais duro que em anos anteriores, na tentativa de ser o jurado "do mal", ele exagerou na dose, intimidou os concorrentes, atrapalhou muito em alguns momentos e mostrou-se desrespeitoso, mal educado e, principalmente, despreparado emocionalmente para julgar. O que parece ter dado certo foi a presença de Fafá de Belém, bastante discreta, a cantora foi direta em todos os seus comentários, sempre pertinentes e buscando justificativa técnica. Infelizmente, porém, na tentativa de ser o mais imparcial possível, ela acabou um pouco apagada.

Com 07 pontos de audiência prévia, em terceiro lugar - pior estreia da história do Reality no Brasil - Ídolos não empolgou e acabou chamando mais a atenção pela falta de carisma. Falta muito carisma ao programa. Falta carisma ao apresentador, aos jurados e aos candidatos. E num Reality tudo que não se pode faltar é carisma. 

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