2010 já está indo e com ele, a primeira década de um novo século e um novo milênio. Como todo e bom blog, chegou o momento de fazermos nossas queridas listas de Melhores da Década. As Listas sairão semanalmente aos sábados e tratará de diversos temas exclusivos da TV aberta do Brasil. Ao final, se houver tempo hábil, iremos também realizar algumas listas de Piores da Década e, quem sabe, algo relacionado a TV Fechada e Internacional. A primeira lista já será polêmica, os 10 melhores vilões da década atual.
10º - Leona (Carolina Dieckman)
Após bilhões de papéis da boa moça quase puritana e santa, Carolina Dieckman aceitou o desafio de defender na TV sua primeira vilã. Na ótima novela Cobras e Lagartos escrita por João Emanuel Carneiro para o horário das 7, Carolina teve o difícil papel de interpretar uma vilã cruel, sem nenhum senso de caráter ou humanidade e capaz das maiores atrocidades sem sequer lembrar-se do significado da palavra escrúpulo. Porém, tudo isso de forma leve, sob um prisma do humor e que deu um charme maior ainda a sua interpretação segura, sua ótima composição e a extrema qualidade técnica de seu trabalho, um dos melhores de sua carreira.
9º - Clóvis (Dalton Vigh)
O primeiro papel de peso do ator Dalton Vigh na Rede Globo foi interpretar um dos vilões mais sórdidos que o horário das 6 já teve notícias. No remake (nem tão remake assim) O Profeta, primeira novela assinada pela dupla Thelma Guedes e Duca Rachid, o personagem Clóvis tinha muito mais do que simplesmente uma personalidade forte. Ele era cruel, falso, extremamente ardiloso e com grande capacidade de controlar todos ao seu redor. Dalton soube compôr muito bem e fez com que o público odiasse com todas as forças o vilão que infernizou a vida de mais de metade dos personagens da novela e ficou para a história por sua tirania, um grande trabalho do ator.
8º - Sílvia (Aline Moraes)
Uma atriz que já havia interpretado os mais diversificados papéis em sua carreira, apesar de jovem, mas faltava a Aline Moraes uma vilã para se consolidar. E ela veio no principal horário de telenovelas da Rede Globo. Na novela de Aguinaldo Silva, Duas Caras, Aline assumiu o papel de interpretar uma personagem complexa e que poderia cair na caricatura, como tantas outras. Mas seu desempenho acima da média como Sílvia ganhou destaque e fez com que o Brasil todo elogiasse sua incrível atuação. Aline defendeu Sílvia com maestria, uma personagem que saiu da normalidade para, na segunda metade da trama, ficar sórdida cruel, e louca por um amor desmedido. As frases e as situações eram quase todas caricatas, mas foi Aline quem salvou a personagem e por isso surge na lista.
7º - Bruno (Marcelo Serrado)
Se fazer um vilão ganhar destaque já é tarefa difícil, imagine fazer um vilão fora da Globo, poderia ser quase impossível. Não quando a novela é de Lauro César Muniz, um monstro na arte de escrever. Em Poder Paralelo, novela da Rede Record, o autor deu a Marcelo Serrado a chance de sua carreira e, apesar de derrapar no começo, o ator conseguiu destaque. Bruno Villar é, disparado, o antagonista mais cruel que a emissora teve notícia. Numa trama complexa em que era difícil achar um personagem totalmente do bem, Bruno era a personificação da maldade e crueldade sem medir esforços para ter o que queria, atropelava todos e tudo, e dava ordens e mais ordens para matar quem entrasse no seu caminho. Marcelo Serrado cresceu muito durante a trama e chegou ao fim com o controle absoluto de seu sensacional personagem.
6º - Olavo (Wagner Moura)
Um dos poucos papéis de Wagner Moura em novelas. O ator conduziu muito bem um dos vilões mais interessantes já criados para o horário nobre, na trama de Gilberto Braga, Paraíso Tropical. Apesar de um começo um tanto quanto apagado, o personagem foi ganhando destaque e se tornou o dono completo da trama e um vilão capaz de fazer qualquer coisa quando o tema proposto fosse se sair melhor e ficar a frente de seus concorrentes. Olavo infernizou a vida de muitos personagens, chantageou, humilhou, mentiu e ainda assassinou sua comparsa Taís. Todo o destaque deste personagem se deveu também ao grande talento de Wagner Moura que criou trejeitos impagáveis e únicos para Olavo que saía do trama para o humor com uma velocidade incrível.
5º - Bárbara (Giovanna Antonelli)
Novamente uma personagem de João Emanuel Carneiro figura na lista. Desta vez, em sua primeira novela, o autor criou uma personagem tórrida e maquiavélica. Na trama Da Cor do Pecado, Giovanna Antoneli foi Bárbara, uma moça rica, preconceituosa e extremamente orgulhosa. Ao menos assim foi o começo da personagem que, aos poucos, começou a crescer e sair da linha do preconceito simples e entrar na maldade e crueldade. Bárbara ficou completamente desmedida na segunda parte da excepcional novela e passou a ser uma vilã perversa armando os planos mais assustadores para obter seus resultados e ganhos. Um dos pontos altos da personagem eram suas frases entupidas de preconceito e os apelidos maldosos - e divertidos - que ela dava para boa parte do elenco da novela. Uma personagem que era impossível odiar.
4º - Verônica (Paola Oliveira)
Quem diria que a atriz que aparentava ser frágil como uma boneca e que, até então, havia interpretado apenas papéis de boa moça iria conseguir tamanho destaque com sua primeira vilã. Em Cama de Gato, novela de Duca Rachid e Thelma Guedes, Paola Oliveira encarnou Verônica, a mais pérfida vilã que o horário das 6 já viu. Em tempos de censura por parte do Ministério Público, a personagem enfrentou não apenas todos na novela, mas também a própria censura. Cruel, maligna e sem o menor traço de humanidade, Verônica fez tudo o que foi capaz para se tornar dona do império a que tanto queria. Encomendou a morte do marido, enganou o melhor amigo para casar-se com ele, tentou matar quase metade do elenco. Além de tudo era criativa, a capacidade que a personagem tinha para enganar e sair de situações embaraçosas era impressionante e com um texto genial como este, era difícil a vilã não se destacar.
3º - Laura (Cláudia Abreu)
A primeira vilã da leva de personagens sem escrúpulos e capazes de tudo que a década conheceu no principal horário de novelas. Laura Prudente da Costa, a melhor personagem da novela Celebridade, escrita por Gilberto Braga. Ser a melhor e mais completa personagem numa novela repleta de ótimas criações não era fácil. Laura era humana, acima de qualquer maldade, ela tinha sentimentos. Uma das primeiras vilãs que, ao contar sua história, deixava o público com uma pontinha de dúvidas se deveria torcer contra ou a favor da personagem. Cega de ódio e movida por um senso incomum de vingança, Laura fez de tudo, inclusive matar, não para chegar ao poder ou ao topo, mas para se vingar de uma mulher que, na visão dela, havia sido responsável pelos dias tristes da adolescência da moça. Com isso, Laura protagonizou as melhores cenas em muitos anos no horário nobre.
2º - Bia Falcão (Fernanda Montenegro)
A grande dama da TV e do teatro brasileiro merecia uma vilã. E foi em Belíssima, novela de Sílvio de Abreu, que a atriz teve a oportunidade de interpretar o tipo de personagem que todo ator sonha. É muito difícil descrever Bia Falcão, uma personagem rica, poderosa e que poderia apenas ser mesquinha dada a sua presença forte e que impunha respeito. Mas Bia era tudo isso e muito mais. Cruel, sórdida e com uma língua tão venenosa que fazia até mesmo o telespectador temer quando ela aparecia diante da TV. A vilã tinha uma força tamanha que, mesmo ficando mais de dois meses dada como morta e fora da novela, ela ainda continuava infernizando a vida de todos e fazendo com que muitos personagens tivessem medo de apenas citar seu nome. Uma vilã inesquecível com situações únicas e com uma interpretação avassaladora de Fernanda Montenegro.
1º - Flora (Patrícia Pilar)
Quando o assunto é vilões não há espaço para discussão e discordância. A maior vilã da década e, provavelmente, de todos os tempos atende pelo nome de Flora Pereira da Silva. Na novela A Favorita, primeira trama de João Emanuel Carneiro para o horário nobre, Flora começou como uma personagem dúbia, a moça sofrida que havia sido acusada e presa por um crime que não cometeu. Mas pouco depois, todos descobrem que, na verdade, além de assassina ela era completamente louca. Em situações que a TV brasileira nunca viu e certamente nunca mais verá, Flora era capaz de tudo para roubar o lugar de sua concorrente Donatella. Mais do que simplesmente má e perversa, Flora era cruel e sem escrúpulos. Foi capaz de forjar o sequestro de si própria e da filha, assassinou diversas pessoas e ainda tentou matar tantas outras na novela e foi a responsável pela épica cena em que causou a morte de Gonçalo, numa cena que mais lembrava os filmes de Hitcock. Além de tudo, Flora era divertida e tornou-se dona de frases célebres e de um bom humor incrível, como: "Não tem problema, depois você psicograva.", "Bem que o carro da vaquinha poderia capotar na estrada e ela morrer", "Que bonitinho, a Chapéuzinho Vermelhor veio defender a Vovó do Lobo Mau". Com tudo isso, era impossível ela não estar no topo da lista como a maior vilã da década.