quinta-feira, 28 de abril de 2011

O marasmo da TV aberta

Casa dos Artistas: fenômeno de repercussão 
A TV brasileira atravessa um momento preocupante. Essa afirmação poderia ser feita há dez anos, porém, cabe perfeitamente para o atual período de 2011. Pouco depois de começar o segundo trimestre do ano e, após a nova grade de Programação da Rede Globo, principal emissora do país, da programação da Rede Record e da divulgação da nova grade do SBT, tudo que se vê preocupa.

Não se pode afirmar categoricamente que todos os produtos que vão ao ar na TV brasileira sejam ruins. Longe disso, há produtos de bastante qualidade em cada uma das 03 principais emissoras - mesmo as Redes menores conseguem apresentar algo de interessante - porém, não há praticamente nada que empolga o telespectador como ocorre em outros países.

Se nos EUA é via de regra assistir American Idol e algumas séries com audiência gigante, no Brasil é difícil - muito difícil - apontar um único produto da Rede aberta que seja imperdível para o seu público. Mais difícil ainda é localizar algo na programação brasileira que tenha caído nas graças do povo brasileiro a ponto de ter grande repercussão nas ruas.

As novelas continuam sendo as donas da audiência no país, mas é raro ouvir alguém comentando sobre elas, seja no trabalho, seja nas ruas. Cordel Encantado, nova aposta da Rede Globo, apresenta grande aceitação por parte do público, mas ainda não conseguiu a repercussão nem a audiência necessária para mudar o rumo desta situação.

Qualquer programa, seja de dramaturgia, de auditório ou mesmo os tão falados Realities não conseguem mais emplacar um grande sucesso. Para o telespectador brasileiro, a impressão que se tem, é que a programação de TV tornou-se apenas uma opção de lazer para os momentos de monotonia. Ninguém mais deixa de fazer quaisquer coisas para estar à frente da TV, seja o programa que for.

E é impossível chamar isso de fenômeno sociológico afirmando que isso ocorre devido a modernidade, a correria do dia-a-dia ou mesmo ao fenômeno tecnológico, como a internet. Quer modernidade maior que a dos EUA? E ainda assim, os programas de sucesso lá são verdadeiros fenômenos de repercussão. Também é impossível dizer que o Brasil é diferente, não é. Basta lembrar das repercussões recentes de programas como Popstars e Casa dos Artistas, no SBT; Big Brother Brasil e a novela Senhora do Destino na Globo ou o antigo Hoje em Dia e a novela Prova de Amor da Record. Todos estes produtos tiveram grande repercussão junto ao público, coisa rara hoje em dia.

Isso ocorre devido ao marasmo da TV brasileira. Apesar de apresentar bons produtos, a programação de todas as emissoras é sem graça, monótona e não apresenta nenhuma grande novidade. Não há nada - exceção feita atualmente a Cordel Encantado - que seja imperdível e que dê prazer de assistir a tal ponto que outros compromissos possam ser deixado de lado. Se alguém não inovar, a tendência é piorar.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cordel Encantado é quase, mas não é perfeita

Desde que estreou, Cordel Encantado, a nova novela das 6 vem recebendo críticas positivas de todos os especialistas e também de boa parte dos telespectadores fãs de telenovelas no país. A quantidade imensa de elogios a cada detalhe da produção assinada por Duca Rachid e Thelma Guedes surpreende, pois vem atingindo uma escala sem precedentes no meio artístico.

Todos os elogios são, de fato, por puro merecimento. Este espaço já tratou aqui do tema e compartilha da opinião da maioria de que a trama é uma das melhores produções dos últimos anos - senão a melhor - e impressiona pela qualidade nos mais diversos detalhes. Ainda assim, é preciso cuidado ao se analisar, pois, com tantos elogios, o leitor pode ter a falsa impressão de que está diante de uma obra perfeita. Não está.

O folhetim, apesar de tudo, apresenta alguns pontos que podem ser melhorados. Nada que ofusque o brilho do que se vê no ar ou que a impeça de ser a melhor telenovela já exibida no horário das 6. Um exemplo disso se percebe em alguns pontos baixos do elenco. Muito bem escalado, o corpo de atores vem recebendo muitos elogios, mas nem todos acertaram o tom como a maioria. É o caso de Luis Fernando Guimarães que, longe da novelas há mais de uma década, vem sofrendo para conseguir dar vida a seu personagem. O mesmo acontece com Maurício Destri, aparentemente muito aquém das exigências dramáticas de seu Inácio.

Outro ponto que pode acrescentar ao folhetim é a iluminação das cenas noturnas. Como trata-se de uma obra clássica, não há iluminação elétrica nas noites de Brogodó e, a forma de se filmar, com 24 quadros, deixa, por algumas vezes, a imagem escura e que atrapalha um pouco a visão do telespectador. Não chega a ser ruim, mas pode incomodar.

O principal ponto, porém, é o ritmo. Duca Rachid e Thelma Guedes vem mostrando sua marca. Cama de Gato já havia apresentado um ritmo frenético de acontecimentos que deixava o telespectador sem fôlego. Isso foi, inclusive motivo de elogios. Em Cordel Encantado isso se repete. As histórias vem acontecendo numa velocidade que impressiona. Não há cenas desnecessárias, não há barriga, tudo ali é muito importante para o desenvolvimento da trama. Porém, as coisas estão mudando rápido demais.

Cordel Encantado é um conto de fadas, não um folhetim de ação. A história poderia, certamente, ser contada num ritmo mais tranquilo, ameno, sem mudanças tão bruscas. Isso não é um problema, não é algo que incomoda ou atrapalha o desenrolar da sinopse, mas, por tratar-se de um conto de fadas, às vezes, tem-se a impressão de que não é velocidade, é pressa ao contar a história.

A telenovela segue sendo a grata surpresa e caminha a passos largos para se tornar a melhor produção já vista na história da Rede Globo no horário das 6 da tarde. Porém, não chega a perfeição, apesar de estar muito próxima disso, há pontos a serem melhorados.

domingo, 24 de abril de 2011

Incoerência dá o tom na despedida de Araci

Desde que surgiu em Insensato Coração, a personagem Araci, vivida por Cristiana Oliveira, chamou a atenção. Os olhos da crítica e do telespectador se voltaram para a personagem, muito disso graças ao excelente trabalho de composição realizado pela atriz que voltou aos holofotes após muitos anos com personagens pequenos.

Em algumas aparições Araci conseguiu criar o clima de rivalidade com Norma (Glória Pires) que todos esperavam desde o início do folhetim assinado por Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Muito disso se deveu a química da dupla que doaram ao máximo de seus talentos para realizar um bom trabalho. Aliás, as cenas de Norma e Araci, aliadas aos aparecimentos de Léo (Gabriel Braga Nunes) e Natalie (Débora Secco) são a salvação da novela.

A noite mais esperada desde a estréia de Insensato Coração ocorreu na noite deste sábado. A rebelião no presídio que desencadearia uma série de acontecimentos até a morte de Araci, que deve acontecer na próxima segunda-feira. A seqüência, é bem verdade, teve ar de superprodução, com direito a incêndio, perseguição e tiroteio, tudo feito com muito cuidado e leveza por parte da produção.

Ocorre que, a forma como tudo ocorreu foi mal desenhada, apesar de bem executada. Por toda a construção da personagem, Araci jamais iria acatar um pedido de Norma e muito menos permitir que ela negociasse a rendição das presas. Além do que, uma policial treinada e preparada para estes momentos nunca iria pedir ajuda para uma presa como aconteceu ali. A cena serviu só para, de uma certa forma, debochar da polícia carioca. 

Araci não é apenas violenta. Ela mostrou-se inteligente, cheia de contatos fora do presídio e capaz de comandar um esquema muito inteligente e perspicaz dentro do local. É impossível acreditar que uma pessoa assim fosse perder o controle numa situação como aquela e improvável imaginá-la dando um tiro numa detenta só porque a moça estava correndo, principalmente porque era o momento da rendição. 

Uma pena que, em 05 minutos, os autores da novela destruíram toda a composição da personagem que levou semanas para ser feita. Ainda assim, a partir de agora, é esperar para ver se, de fato, Norma se tornou outra mulher e a vilã que nos foi prometido e, sem dúvida, Cristiana Oliveira merece parabéns pela excelente personagem.

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