quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tudo Novo de Novo na Vida da Gente

Sempre fui um fã incondicional da série de única temporada exibida pela Rede Globo em 2009 Tudo Novo de Novo (leia aqui uma review da série). Assinada por Lícia Manzo, a série era um típico drama familiar que sabia como poucos produtos da TV levar o público a inserir-se dentro das situações propostas pelos plots, uma vez que tudo era muito parecido com aquilo que vivemos no nosso cotidiano.

A série chegou ao fim e Lícia Manzo voltou dois anos depois com a mesma proposta. Assinando sua primeira telenovela, a autora é responsável pelo delicioso roteiro de A Vida da Gente, folhetim exibido às 18 Horas. Com 21 capítulos exibidos, a novela apresentou histórias sólidas, bem amarradas e que demonstram um roteiro competente.

Mas muito mais do que isso, a substituta de Cordel Encantado tem conquistado pelo drama familiar, mesmo caminho de Tudo Novo de Novo. A autora demonstra um vasto conhecimento de estrutura familiar e sabe criar diversas situações que envolvem o telespectador de tal forma que ele se sente parte da história, parte da família apresentada no vídeo. Apesar de seguir os mesmos moldes que consagrou Manoel Carlos como novelista, Lícia Manzo busca um outro método, muito mais próxima de seriados - a trama lembra muito a atual série americana Parenthood, estrelada por Lauren Graham (Tal Mãe, Tal Filha) e Peter Krause (A Sete Palmos) - o que dá uma nova perspectiva de folhetim.

As tramas apresentadas poderiam ser rasas, mas estão muito longe disso. A autora sabe tratar de temas como gravidez na adolescência, rejeição, cobiça, doença na família, nova estrutura da família brasileira, tudo isso sem parece piegas ou mentira. A costura da história é muito bem definida e o texto nos brinda praticamente o tempo todo com cenas impecáveis.

A direção também tem grande participação nisso. Jayme Monjardim soube interpretar o que o texto pedia e deu um ar delicioso de café da manhã para a estrutura narrativa. O tempo todo, assistindo às cenas, nos sentimos em casa. Jayme que tem experiência neste tipo de narrativa, pois é parceiro de longa data de Manoel Carlos, não se limitou ao que faz com o parceiro, antes, soube construir uma direção diferente, mais metódica, mais dramática até, o que salta aos olhos.

E a escolha do elenco foi de uma felicidade ímpar. Fernanda Vasconcelos e Rafael Cardoso ainda são o ponto baixo do elenco, mas não comprometem, Fernanda, aliás, vem fazendo seu melhor papel na TV, muito mais segura de si. Stéphanie Brito, Regiane Alves e Paulo Betti vem mostrando todo seu talento em cenas deliciosas.

Mas três são os grandes destaques da novela até o momento. Ana Beatriz Nogueira mostra todo seu talento e defende sua Eva de forma humana, bem construída, tanto que é impossível enxergá-la como vilã, mas como uma mãe com amor desmedido. Por outro lado, temos Manuela de Marjorie Estiano, uma personagem que poderia fácil cair no dramalhão piegas, mas graças a construção de Marjorie tem sido a dona da novela. Manuela é uma personagem que tornou-se rica e permite que a atriz apresente todas as facetas de seu muito talento. Por fim, Gisele Fróes com sua Vitória também dá show. Personagem difícil, dura e muito prática, correria o risco de ser odiada para sempre, mas soube dosar bem seu texto.

A Vida da Gente pode não obter o mesmo sucesso de Cordel Encantado nos números - e é difícil que consiga enfrentando o horário de verão - mas foi a melhor escolha que a emissora poderia ter para substituir a bem sucedida história de conto de fadas. Uma extraordinária novela que brinda o telespectador e emociona todos os dias.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Comparativo de Audiência - 21 Horas - média parcial

Média-parcial diária até o capítulo 50 de novelas das 21 Horas


Fina Estampa: 37,80
Insensato Coração: 31,96
Passione: 31,78
Viver a Vida: 36,10
Caminho das Índias: 34,04
A Favorita: 35,98
Duas Caras: 37,68
Paraíso Tropical: 38,20
Páginas da Vida: 49,06
Belíssima: 44,96
América: 44,56
Senhora do Destino: 46,24
Celebridade: 42,70
Mulheres Apaixondas: 40,30
Esperança: 39,30
O Clone: 42,02

Comparativo de Audiência - 18 Horas - média parcial

Média-parcial diária até o capítulo 20 de novelas das 18 Horas


A Vida da Gente: 22,50
Cordel Encantado: 23,10
Araguaia: 22,30
Escrito nas Estrelas: 25,10
Cama de Gato: 26,30
Paraíso: 21,35
Negócio da China: 20,25
Ciranda de Pedra: 22,05
Desejo Proibido: 22,30
Eterna Magia: 26,85
O Profeta: 33,70
Sinhá Moça: 29,95
Alma Gêmea: 36,10
Como uma Onda: 27,25
Cabocla: 34,50
Chocolate com Pimenta: 35,55
Agora é que são elas: 25,30
Sabor da Paixão: 26,15
Coração de Estudante: 26,21

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Capítulo 50 de Aquele Beijo parece interessante

Estreou nesta segunda-feira no horário das 19 horas a nova novela da Rede Globo, com a assinatura do talentoso Miguel Falabella, Aquele Beijo chegou às telas sem grande divulgação e quase sem expectativa por parte do grande público e da crítica especializada, mas ainda assim com o objetivo de ser a terceira novela consecutiva no horário a atingir a meta de audiência estipulada.

A tirar pelo primeiro capítulo, é possível que isso aconteça. Verdade seja dita, a estreia do folhetim apresentou uma história que pode dar liga, se bem delineada pela produção - e não apenas depender de um bom roteiro - e cair no gosto popular sem grandes dificuldades, pois tem todos os elementos que o público do horário costuma gostar: romances, dramalhões e, principalmente, muito bom humor. 

Muitos personagens, essa foi a primeira grande impressão desta estreia. Praticamente todo o elenco teve oportunidade de aparecer, ao menos um pouquinho neste primeiro capítulo e, com isso, não foi possível se concentrar numa única história ou no núcleo central, ainda que a protagonista Giovana Antonelli claramente tenha tido maior destaque.

Mesmo com uma história que parece interessante e que pode ter futuro, a estreia de Aquele Beijo não conseguiu empolgar. O autor teve como opção uma capítulo diferente do que estamos acostumados num primeiro dia. Sem nenhuma cerimônia e qualquer esforço para apresentar personagens e núcleos, a novela "chegou chegando". A impressão que se deu durante quase todo o tempo é que estávamos assistindo ao capítulo 50 da trama, ou seja, um capítulo em que o público já está familiarizado com todas as personagens, todos os dramas e todos os núcleos.

Essa opção tornou a estreia confusa e um tanto quanto amarrada e lenta, sem dúvida prejudicou bastante na compreensão do telespectador para que pudesse se localizar diante da TV, pois o tempo todo os diálogos e as situações se apresentavam como sólidas, e o telespectador ficou boiando. O grande risco disso é que, a partir de amanhã, como não se importou com nenhuma personagem, ele abandone a história. 

Além disso, o maior problema de Aquele Beijo foi a narração. Método já visto em 2010, quando Daniel Filho narrou deliciosamente as histórias de As Cariocas, neste folhetim não funcionou. Com texto batido, cheio de clichês - e não eram propositais - a narração do próprio autor da trama tentava localizar o telespectador para o que ele estava assistindo, mas na prática, não serviu para nada e só atrapalhou ainda mais o andamento já moroso do capítulo. Ainda assim, há sinais de que vem uma boa novela por aí.

Comparativo de Audiência - 19 Horas - média geral

Média geral Diária de novelas das 19 Horas


Morde e Assopra: 30,00
Tititi: 29,58
Tempos Modernos: 24,01
Caras e Bocas: 30,84
Três Irmãs: 24,36
Beleza Pura: 28,00
Sete Pecados: 29,49
Pé na Jaca: 29,84
Cobras e Lagartos: 38,37
Bang Bang: 27,59
A Lua me Disse: 33,06
Começar de Novo: 33,20
Da Cor do Pecado: 42,55
Kubanakan: 34,72
O Beijo do Vampiro: 28,35
Desejos de Mulher: 32,95
As Filhas da Mãe: 29,18

Pan foi mal negócio para a Record e vice-versa

Foram anos alardeando a proeza de ter conseguido ferir a principal rival. A Rede Record, desde que iniciou seus investimentos na tentativa de alçar voos mais altos e tentar disputar a liderança de audiência contra a Rede Globo tem comemorado como uma de suas principais conquistas o fato de ter tirado da rival grandes eventos esportivos no mundo como as Olimpíadas e Londres e o Pan-Americano.

Chegou 2011 e com ele o Pan. O evento iniciou no pior momento desde que a emissora iniciou seu investimento - que atualmente enfrenta uma crise de audiência um tanto quanto delicada - e nos dois primeiros dias já se permite uma análise que parece irreversível. A aquisição dos direitos exclusivos de transmissão do Pan-Americano foi um mal negócio para a Record e a recíproca é verdadeira. 

Não se pode, contudo, ignorar o esforço que a rede vem tendo para levar ao ar um material de qualidade. Ainda que seus profissionais não se comparem em experiência aos que o público está acostumado, a emissora vem realizando um trabalho elogiável. Para uma primeira transmissão deste porte, as falhas não são assim tão grandes e pode-se dizer que a equipe vem realizando um trabalho razoável, mas falta experiência e, principalmente, feeling para entender o gosto do telespectador na área esportiva.

Posto isso, é preciso entender os males do Pan. Os jogos foram abertos na noite de sexta-feira e a audiência ali já não correspondeu. Diante deste mau presságio, as competições se iniciaram no sábado e durante todo o fim de semana a Record cobriu diversos esportes. Foram horas e horas no ar com a transmissão. Com picos de liderança na madrugada de sábado e na manhã de domingo - horários mais frágeis da concorrência durante todos os dias - dava até para imaginar que os Jogos vinham sendo sucesso de audiência. Ledo engano. Na média-dia (que equivale das 06h00 às 00h00) de sábado e de domingo a Record ficou em terceiro lugar, perdendo para Globo e SBT. A emissora não fechava atrás do SBT por dois dias consecutivos desde janeiro de 2010. Como se isso não bastasse, no domingo, o SBT teve média de 9,9 números que não eram alcançados desde agosto de 2008.

Com estes resultados fica claro que o público vem rejeitando os Jogos Pan-Americanos na Rede Record. Seja por tradicionalismo, por costume ou mesmo por falta de conhecimento, fato é que os números deste início dos Jogos mostram que o investimento de 20 milhões de reais podem ter sido um tiro no pé da emissora da Barra Funda.

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