sábado, 29 de maio de 2010

SBT e o anúncio do fim

O diretor de produção do SBT, Leon Abravanel, divulgou em seu twitter na última sexta-feira a nova grade de programação da emissora. A divulgação era muito aguardada por todos, pois iria definir os novos rumos da emissora, e sabe-se que teria a total influência - e não apenas aprovação - de Sílvio Santos e quem acompanha a história sabe que ele é o responsável por algumas das maiores bizarrices da história da TV brasileira.

Antes do anúncio, muito se especulou sobre a possibilidade das mudanças virem para melhorar a grade que estava fragilizada. Os fãs do SBT ficaram em muita expectativa até o anúncio - que não se pode chamar de oficial, já que não foi divulgado pelo site da emissora - e a notícia veio para frustrar todos, fãs, mídia e profissionais da casa.

A nova Grade do SBT não é apenas cheia de equívocos, mas é completamente sem coerência e sem o menor senso de lógica, o que indica, sem nenhuma sombra de dúvidas, que não houve qualquer pesquisa junto ao telespectador, foi apenas uma decisão baseada na vontade do proprietário e de sua família que enche a emissora em cargos de confiança.


A nova grade ficou assim: De segunda à sábado às22h15 começa a novela A História de Ana Raio e Zé Trovão, e todo o horário nobre foi empurrado para depois da trama original da TV Manchete. Segunda-feira às 23h15 entra no ar Hebe, em seguida, às 0h15 é a vez do Conexão Repórter; terças-feiras às 23h15 Cine Espetacular; quartas às 23h15 1 contra 100 e em seguida SBT Repórter; quintas as 23h15 é A Praça é Nossa; sextas depois da novela é Tela de Sucessos; sábados 13h15 aparece na tela Supernanny, às 21h15 Esquadrão da Moda e, depois da novela, Cine Belas Artes. No domingo de manhã, às 9 irá ao ar o Aventura Selvagem e, em seguida, às 10 Qual é o Seu Talento. Supernanny e os programas de domingo estão em horários locais e, provavelmente não serão exibidos em boa parte do Brasil


É preciso comentários específicos com uma grade dessas? O criador desta grade sem dúvida jogou a última pá de cal sobre o SBT que não tem mais qualquer condição de disputar a vice-liderança de audiência e, a partir de agora, precisa torcer muito, muito mesmo, para a Band não aproveitar o momento, porque se aproveitar, também irá perder a 3ª posição. É o SBT lembrando os momentos finais da TV Manchete antes de sair definitivamente do ar. Será que teremos uma reprise? O anúncio da Grade do SBT é mais do que isso, é o anúncio do fim da histórica emissora da Anhanguera.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O que são as tardes na TV aberta?

Se por algum motivo você se vê obrigado a ficar em casa durante a tarde num dia de semana, prepare-se. As chances de você conseguir assistir a um programa de TV minimamente interessante na TV aberta do Brasil são praticamente nulas. Não é apenas qualidade que falta na programação das emissoras, falta praticamente de tudo a que se possa imaginar.

Não existe uma emissora capaz de dar um novo fôlego ou uma luz no fim do túnel para o telespectador que está em casa e, durante a tarde, decide assistir TV para passar o tempo, ou mesmo com interesse na busca por entretenimento minimamente capaz de produzir uma reação saudável no telespectador. São produtos de extremo mau gosto, sem uma única gota de criatividade e que não conseguem, nem de longe, prender a atenção de seu público. Aliás, sequer podemos chamar alguém de "seu público", já que estes produtos não são projetados para terem um público alvo.

E não há exceções. A Rede Globo que normalmente acerta onde as concorrentes erram, parece não ter o menor interesse em produzir algo de qualidade durante a tarde. Talvez por ter um share muito baixo no período e não valer a pena o investimento, mas ainda assim, a fase em que a principal emissora do país vive neste período não é das melhores. O Vídeo-Show que havia se acertado em 2009, ao explorar a vida pessoal dos artistas, caminha pela trilha errada e fez com que boa parte do público perdesse o interesse. Os filmes da Sessão da Tarde são, na maioria esmagadora das vezes, de causar náuseas a qualquer pessoa com senso de bom gosto. A única coisa que salva as tardes da emissora é, quando há acerto na escolha, a exibição de novelas no Vale a Pena Ver de Novo, o que não é o caso no momento.

A Rede Record é, talvez, o maior exemplo da falta de criatividade. A emissora passa a tarde toda transmitindo uma programação sem o menor nexo ou que tenha alguma lógica. A começar pelo remodelado Tudo a Ver que, de remodelado não tem nada, mas é apenas um tapa buraco da programação e exibe reportagens antigas e repetidas. Em seguida, são quase 03 horas de exibição da série Todo Mundo Odeia o Chris, com episódios que são tão repetidos que o público seria capaz de antecipar cada cena.

Enquanto isso, o SBT tenta manter a tradição popularesca que consagrou a emissora. Mas não funciona. Com séries enlatadas e, mais do que isso, muito antigas, além da exibição de filmes da pior qualidade no Cinema em Casa, a emissora ainda aposta numa péssima novela mexicana durante as tardes e, para completar, ainda há o Casos de Família que, após a saída de Regina Volpato, nunca mais foi o mesmo.

Bandeirantes e Rede TV apostam no mesmo formato de programa, passando a tarde toda falando da vida alheia, desde que seja de famosos, e se perdem completamente tentando criar climas de discussões filosóficas acerca de determinado assunto que, na verdade, não interessa a absolutamente ninguém. Chega a ser patético.

Definitivamente se, por algum motivo, os fãs da televisão brasileiras, precisam ficar em casa a tarde, a melhor solução é: não liguem a TV, porque a decepção será grande. Enorme.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um contra Cem tem potencial, mas precisa de reformulação

Depois de tanto se falar, na noite da última quarta-feira, foi ao ar o programa Um contra Cem que fez seu primeiro milionário desde a estréia. Após muitos meses de programa, pela primeira vez um participante eliminou todos os cem concorrentes e ficou com o maior prêmio que o programa paga, um milhão de reais.

Na parte final do programa não se falava em outra coisa na internet, o que mostra que, quando produz algo com cuidado, o SBT consegue ter a repercussão digna de uma emissora do seu porte. Quando estreou, o Um contra Cem era promissor. Bem produzido, bem dirigido e bem apresentado, tinha tudo para ser sucesso como o formato já é em praticamente todos os países do mundo em que é exibido. Porém, estratégias erradas a começar pela infeliz escolha da data de exibição, começaram a minar seu potencial.

Depois de meses se arrastando com uma audiência pífia, a direção do programa surtou e transformou uma atração bacana num show de bizarrices colocando praticamente todo o elenco do SBT para para participar, como se o programa tivesse este objetivo. Não sou contra a participação de famosos em nenhum programa de TV, mas neste formato, quando muito, deve haver uma participação num programa especial, e só.

Perguntas mal formuladas, artistas sem graça e a atração foi se perdendo cada dia mais, deixando Roberto Justus, um dos maiores investimentos do SBT em 2009 como um mero brinquedinho de Sílvio Santos. Mas no programa desta quarta foi diferente. E não apenas porque saiu o prêmio máximo, mas principalmente porque o participante era muito interessante. Inteligente, carismático, divertido, ele tinha todos os ingredientes necessários para alavancar o formato.

Roberto Justus deu um banho à frente do Um Contra Cem na última noite. Instigou o concorrente, instigou o público e o telespectador. Fez suspense no momento certo e nunca exagerou na dose e, após a conquista do prêmio, se emocionou mais do que o vencedor, dando uma dose de adrenalina, emoção e satisfação que ultrapassou os limites da tela. Simplesmente um show. E a audiência correspondeu. 

Sem a concorrência do futebol, o programa começou a subir, subir e subir na audiência, batendo picos de quase nove pontos e ficando a 7 décimos da liderança, prova de que o público gosta do formato quando ele é bem produzido. Foi a chance que o SBT precisava para ver que Um contra Cem é um bom programa, mas precisa de mudanças, na produção e na data de exibição.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Record pode ter destruído o seu domingo

Está sendo anunciado para os quatro cantos do Brasil a mudança na grade de programação da Rede Record aos domingos. Num primeiro momento, a mudança não aparenta ser tão brusca nem refletir em grandes traumas para o telespectador, mas não é bem assim que funciona. Toda mudança por si só é muito arriscada numa grade de programação, principalmente no modelo em que a emissora optou, em que irá influenciar em todos os programas do domingo. Isso pode ser muito, muito ruim.

A partir do próximo domingo as mudanças começam com o programa Tudo é Possível perdendo meia hora de duração, indo ao ar do meio dia às quatro da tarde (antes era do meio-dia e meio até as cinco). A partir das 4 horas começará as principais mudanças, é o novo horário do Programa do Gugu, após decisão da cúpula da Record, o programa sai da grade noturna e volta para as tardes. Gugu fica no ar até as 8 da noite, quando então começará o Domingo Espetacular que fechará a programação ficando no ar até a meia-noite.

Alguns fãs da emissora comemoraram a decisão com argumentos válidos, baseando-se de que o público do Gugu e o formato do programa é perfeito para as tardes de domingo e que o Domingo Espetacular dará uma bela canseira no Fantástico. Será mesmo? Pode ser, mas não é o mais provável.

Na verdade, o mais provável é que a Record perca para o SBT durante praticamente todo o domingo. Veja: O Domingo Legal está estruturado no segundo lugar. A audiência do programa é claramente popular e não elitista. O Tudo é Possível perde para ele durante toda a disputa e, de forma inteligente, os principais quadros do programa, como o Troca de Família, entram para disputar com Eliana. Terminando uma hora mais cedo, Ana Hickman disputará praticamente o tempo todo com Celso Portiolli e, por não ter um programa tão popular, certamente continuará perdendo e, tendo apenas uma hora contra Eliana, dificilmente terá tempo de se recuperar, fechando constantemente em terceiro lugar de audiência.

E o Gugu? O pior erro é começar o programa as 4 da tarde. Tudo é Possível e Programa do Gugu são diferentes e não tem o mesmo perfil de público. Isso significa que Gugu perderá audiência nos primeiros minutos, justamente enquanto o futebol ainda não se estabilizou. Depois, o futebol fica tranqüilo com excelente audiência e o pobre Gugu ficará disputando pouca audiência. É provável que dispute com Eliana o segundo lugar das 4 às 6, ficando entre os 7 e 9 pontos. A partir das 6 a briga será boa, mas com Eliana e seu novo quadro Romance no Escuro que vem dando boa audiência, a situação não será fácil para a Record. Com o atual formato do programa, dificilmente Gugu vencerá a loira do SBT.

As 7 da noite poderá ser o único bom horário para a Record. Disputando apenas com o fraco Roda a Roda e o sorteio da Telesena, certamente será o momento em que Gugu alcançará seus altos picos e conseguirá melhorar bastante sua média. O SBT deveria ser esperto e dar a tacada mortal, colocando o Conexão Repórter no horário. Veja, entre 7 e 8 da noite é o horário de maior audiência do Domingo Espetacular e, a partir de domingo, este público estará carente de um jornalístico, se o SBT pensasse, teria todo esse público e Cabrini com uma audiência incrível brecando os picos do Gugu.

O Domingo Espetacular começando as 8 da noite é, de tudo, o maior risco. Um programa equilibrado, com audiência regular e público cativo, vai para um horário difícil. Irá claramente disputar público com o Fantástico, que começa meia hora depois, e dificilmente conseguirá derrubar o jornalístico da Globo, mais tradicional e que deve perder, no máximo, dois pontos. Enquanto isso, Sílvio Santos será o único programa de auditório, recebendo a audiência do público que gosta do formato e via o Programa do Gugu no horário. E ainda tem o Pânico e sua muita audiência. Domingo Espetacular não terá vida fácil. Não mesmo.


Essas mudanças podem dar certo e deixar a Record tranqüila em segundo lugar, barrando o crescimento da Eliana e de Sílvio Santos. Mas as chances de acontecer justamente o contrário são maiores, bem maiores.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A dubiedade no retorno de A História de Ana Raio e Zé Trovão

Passados quatro dias do anúncio do SBT referente a exibição da novela A História de Ana Raio e Zé Trovão ainda não é fácil ter um posicionamento claro acerca desta estratégia da emissora. Existem muitos conflitos que impedem uma análise mais profunda da novidade e decisão da cúpula - decisão surpreendente, inclusive e que mostra o retorno de Sílvio Santos com força total ao comando absoluto de seu canal.

Existem, evidentemente, os conflitos técnicos que ajudam a não permitir uma análise clara. Afinal, com a exibição da trama, como ficará a grade noturna do SBT? (a emissora está divulgando que o começo da novela será às 22h15, logo após a novela da Globo) Outro ponto complexo se dá quando existe a divulgação de que não será mostrada a história como foi na década de 90, mas haverá uma nova edição, deixando os capítulos mais curtos, porém mais ágeis.

Como o SBT pretende deixar mais ágil a trama é um questionamento difícil de se responder. Afinal, o diferencial de A História de Ana Raio e Zé Trovão se dá justamente por ser uma das primeiras - senão a única - novela brasileira a fugir completamente do tom folhetinesco. Quem acompanhou a história, sucesso da primeira metade dos anos 90 lembra-se que, ao contrário da maior parte das novelas, esta não tinha muitas histórias para se acompanhar desde o início, pois como era uma novela "nômade" as personagens e histórias iam se criando ao longo da trama.

Porém, nada disso é suficiente para concluir algo sobre esta estratégia. Certamente, sob o ponto de vista televisivo, é um equívoco gritante uma emissora apostar em um produto empoeirado, com quase 20 anos pós exibição original esperando crescimento de audiência. Já é momento do SBT parar de olhar para o passado e se ater ao presente, em investimentos, focar sua história em novidades para o público, disso, não há dúvida. Em contrapartida, sob o ponto de vista do público, há dúvidas. A História de Ana Raio e Zé Trovão é uma baita novela e a atual geração que está começando a ver telenovelas certamente não tem idéia do que ela representou e como foi um diferencial em sua época. Dar a chance destas pessoas assistirem um produto assim, não é necessariamente ruim para o público, mas torna-se perigoso para a emissora, pois o telespectador pode assistir a novela e, depois, fugir, exatamente como foi em Pantanal.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Impressionante melhora do Domingão do Faustão

A Globo novamente dá mostras de saber muito bem conduzir sua programação, melhorando o que é apresentado ao público e aumentando a audiência. No Brasil, estamos acostumados com a tesoura ou com o Ctrl X + Ctrl V no mundo da televisão. Se determinado produto não funciona, ou ele é cortado e jogado fora, ou então ele é retirado do horário e começa a ser colado em diversas partes da programação, como se a falta de fidelização do público resolvesse o problema.

Não é o que se vê na Globo (salvo raras exceções, como Norma). A emissora tem equilíbrio suficiente e também uma folga considerável na liderança para agir com calma e sem rompantes de imediatismo. Prova disso é o Domingão do Faustão. Com as mudanças propostas por SBT e Record a partir de agosto de 2009, as duas emissoras passaram a brigar muito pela vice-liderança de audiência nas tardes de domingo. Eliana e Ana Hickman cresceram consideravelmente em audiência nos meses subsqüentes e só se falava nisso, porém, é preciso lembrar que quem mais perdeu audiência nesta época foi a Globo.

Faustão perdeu a liderança em todos os momentos. Na antiga primeira parte, que ia ao ar antes do futebol, perdeu a liderança várias vezes para Eliana e, depois, para Ana Hickman. A segunda parte sofreu bastante também nos primeiros domingos da apresentadora do SBT e, depois disso, passou a sofrer com o Domingo Espetacular.

Sem alarde, a direção do programa e da emissora melhoraram a atração. Deram muito mais dinamismo ao Domingão tornando-o um programa ainda mais agradável para se assistir. A aposta - e não poderia ser diferente - passou a ser todo domingo nas principais estrelas da Rede Globo, que sempre atraem audiência e, com tranqüilidade, os números foram se modificando.

Hoje, Faustão é líder absoluto e sem ser incomodado. Faz um programa de qualidade que atinge todos os públicos e sabe entreter a família brasileira. Os números de audiência nos últimos domingos vem surpreendendo a própria emissora que não esperava índices tão altos. O programa tem dado mais, inclusive, que o futebol. E pensar que tão pouco tempo atrás, a queda quando acabava o futebol era muito acentuada.

É assim que se faz televisão. Sem alarde, sem gritos, sem mudanças bruscas, mas melhorando e trabalhando dia após dia para ganhar público. Simples assim.

Este texto também está disponível no site Famosidades, do Grupo MSN Entretenimentos

domingo, 23 de maio de 2010

Alguém aí viu O Aprendiz? Não

O título é, evidentemente simbólico, antes que a legião de fãs da emissora comecem a falar asneiras. Porém, já é possível concluir o óbvio: a Record deu um tiro no pé com esta edição de um dos melhores Realities Shows já produzidos no Brasil. A versão atual de O Aprendiz, não é apenas ruim, é muito ruim, mas tem uma vantagem, pode ser testada com todo o tipo de loucura, afinal ninguém vê mesmo.

O equívoco na escolha do apresentador foi ficando cada vez mais visível a tal ponto que, em alguns episódios, o despreparo de João Dória é constrangedor. Qualquer pessoa com um pingo de senso fica com vergonha alheia da incapacidade que o apresentador tem para conduzir o programa de forma minimamente competente e que atraia a audiência.

João Dória nunca teve carisma. Sempre foi um entrevistrador frio e sem graça, tanto que seu programa nunca havia atraído a atenção de ninguém. A Record sabia que era um risco escolhê-lo, mas apostou no fato dele já ter noção de televisão. Equívoco completo. O Aprendiz necessita de alguém com pulso e que tenha dinâmica, mesmo que não tenha domínio da câmera e empostação na tela. É preciso saber conduzir os aprendizes, e Dória não sabe.

A edição do programa é tão amadora que chega a ser divertida. Aparentemente toda a equipe perdeu a mão e não consegue mais recuperar os áureos tempos em que dava gosto assistir. Os takes de câmera são mal escolhidos, os cortes são em momentos errados, mas principalmente as provas são infelizes. Provas sem nexos e que não leva ninguém a lugar algum fazem parte desta edição e certamente irritam o telespectador que tenta sobreviver (se é que ainda há algum).

A emissora notou que esta edição foi prejudicada de tal forma, que praticamente não faz anúncios em sua grade, jogou os episódios para começarem quase meia noite (beirando o ridículo de terminar a uma da manhã) e considera a edição toda perdida. Não há solução para O Aprendiz. Ao menos não neste ano, o jeito é tentar melhorar tudo em 2011, mas com um apresentador ruim, com uma edição porca e com o público perdendo o interesse, vai ser muito, muito difícil.

Enfim, O Aprendiz se tornou um programa para completar a grade porque público mesmo, certamente não em.

Crônicas de um Apaixonado

O ano era 2006. Começo do ano. Aproveitando as férias, eu podia ficar acordado até mais tarde, coisa que adorava, mas pouco aproveitava naquele período, afinal, trabalhador comum que levantava muito cedo não podia se dar ao luxo de ficar acordado durante a madrugada. Ainda não tinha TV a Cabo, na verdade, mal tinha internet, em casa ainda era discada, banda larga mesmo somente no escritório da família.

Foi neste período que nasceu uma paixão. Uma paixão forte, descontrolada e quase desumana. Assistindo TV num dia comum, vi um anúncio inusitado e que me chamou bastante a atenção. A noite, na internet, perguntei a um amigo se ele sabia do que se tratava, a resposta foi um sonoro não. Pesquisei e gostei do que vi. Novamente falei com o amigo e decidimos que assistiríamos ao programa. Como ele dormia cedo, cabia a mim enviar SMS para acordá-lo, já que o horário de uma da manhã não ajudava muito.

Ao assistir pela primeira vez a história inusitada de um vôo que saía da Austrália rumo a Los Angeles, nunca imaginei que teria uma paixão tão avassaladora e tão impressionante. Mas foi amor a primeira vista. Na época, eu já era fã de teledramaturgia, mas produtos internacionais eu dependia exclusivamente da TV aberta brasileira, pois como disse, não tinha TV aberta e a onda dos downloads ainda não havia explodido por aqui.

A primeira vez que vi o gancho inicial para subir os créditos e aquela música de suspense que deixa o coração acelerado, pensei: "Taí, uma boa série". Bobagem, mais do que boa. Eu estava presenciando uma série histórica. Lost. Do melhor primeiro episódio entre todas as séries que eu havia visto até então e que eu veria por muito tempo, a uma primeira temporada eletrizante, cheia de inovações televisivas, enredo de mistério e diálogos deliciosos, a série tornou-se meu grande assunto naquele período.

Mal sabia eu que ela era assunto em todo o mundo. Vi a primeira temporada toda dublada, confesso (depois revi legendada, óbvio). E, então, corri para a internet. No escritório da família, atrapalhando todo o andamento do serviço. Lá eu descobri que já haviam 10 episódios da série já exibidos nos EUA. E então, eu conheci o Torrent. Baixei os 10 episódios duma só vez (nem me lembro como chama esse processo em torrent) e, quase 22 horas depois, assisti aos 10 episódios de uma só vez. Ali já estava fascinado, apaixonado, envolvido e não tinha mais volta.

Hoje, 04 anos depois e 06 temporadas depois, é o grande dia. O dia do Fim. Foram mais de 120 episódios. Certamente mais de 10 mil diferentes diálogos com centenas de pessoas diferentes. Foram milhares de surpresas e olhos esbugalhados diante da tela do computador pasmo com o que a história revelava. Algumas dezenas de críticas a alguns episódios que pareciam sem nexo. Discussões acaloradas e defesas de todo tipo de tese sobre os mistérios da Ilha. Duas paixões quase carnais (Kate e Juliet). Muitas lágrimas, afinal, Lost mostrou como poucas séries emocionar seu público. Inúmeras gargalhadas, principalmente com Ben, Sawyer e Hurley. Hoje é o grande dia.

Não há um sentimento de morte anunciada. Não estou num hospital, na sala de espera da UTI aguardando o anúncio da morte de um ente querido. Não é uma morte prematura, é apenas o fim de um ciclo. Independente de alguns dos milhões e milhões de fãs da série no mundo inteiro estarem queixosos ou felizes com o desenrolar da trama. Independente das discussões acerca dos episódios (guardo isto para blogs especializados). Estamos vivendo um momento histórico

Eu poderei dizer daqui muitos anos que fiz parte da geração que acompanhou ali, ao vivo (ou algumas horas depois via download) toda a exibição da série que revolucionou o mundo da televisão. Assim como Cristo revolucionou o Planeta, podemos dizer, sem medo, que o mundo das séries é dividido entre antes e depois de Lost. Sou privilegiado por isso e um apaixonado inveterado desse produto rico, completo e que dá uma aula de dramaturgia.

Hoje vai ao ar nos EUA e algumas horas depois em nosso computador (e aos que tiverem paciência, na terça-feira pela AXN no Brasil) o episódio de duas horas e meia The End marcando o desfecho da história genial criada por JJ Abrams. Parafraseando Getúlio Vargas, Lost deixa a vida para entrar para a história.

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