sábado, 4 de dezembro de 2010

Ratinho em momentos épicos

O SBT acertou em cheio. Pode ser que os números de audiência ainda não reflitam o significado real do que representa a volta de Carlos Massa, o Ratinho, para o horário nobre da TV brasileira, mas, é provável que isso ocorrerá muito mais rápido do que se imagina.

Ratinho surgiu para a TV na CNT exatamente neste horário e fazendo este tipo de programa, foi assim que ele ficou famoso e foi assim que, primeiro na Record e depois no SBT ele assombrou os especialistas ao conseguir números impressionantes de audiência, chegando a picos de 43 pontos e massacrando a Rede Globo, vencendo em alguns momentos as novelas das 8. É isso que ele sabe fazer e, ainda bem, é isso que ele está fazendo novamente.

Somente quem assistiu a primeira semana do apresentador neste horário sabe do que se está falando. Foram momentos épicos para a TV brasileira. Ratinho mais desinibido do que nunca, em um só programa, falou mal do Ministério Público, de bandidos, da polícia e até se disse frustrado com o segredo de Gérson em Passione - no mesmo dia, inclusive. Tudo isso aos berros, como é seu costume, com a famosa câmera nervosa e, principalmente, com a banda e o público participando muito.

E durante a primeira semana já tivemos tudo de volta. De Marquito com suas sensacionais performances passando por briga durante o teste de DNA e chegando ao retorno triunfal do cacetete durante uma das crises histéricas do apresentador. Dá gosto de ver.

Realmente, em tempos de internet e notícia globalizada, a quantidade impressionante de informações que se passavam simultaneamente no Programa do Ratinho era bizarra. Como eu afirmei na data da estreia do programa em meu twitter particular, Ratinho faz na TV a baixaria com bom gosto, isso sim é saber como se faz televisão.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

As Cariocas 1x07: "A desinibida do Grajaú"

As Cariocas, com um outro deslize natural para um programa que busca um formato um tanto quanto inovador para a televisão brasileira, definitivamente se firmou como uma das coisas boas da TV brasileira em 2010 e uma volta triunfal de Daniel Filho a Rede Globo.

Em 07 episódios já são 05 os que estiveram acima da média da TV - incluindo o atual - um que manteve-se regular e apenas um que tenha sido alvo de críticas, isso mostra um balanço muito positivo e que já se pode afirmar sem medo de errar: a série é realmente boa.

Em A Desinibida do Grajaú a história foi, acima de qualquer coisa, muito divertida, isso graças aos toques de genialidade e cor dados pela direção segura de Daniel Filho que, certamente, estava muito inspirado enquanto filmava este episódio em especial. A história de Michelle não foi a mais profunda entre as exibidas até o momento, mas foi, disparada, a que mais chamou a atenção do telespectador, tudo graças aos muitos toques de bom humor e seqüências realmente divertidas a que fomos colocados.

Daniel Filho mostra que é despretencioso com o roteiro em si. A história da ex-gordinha que virou miss é uma das coisas mais batidas da televisão mundial, mas quem liga pra isso quando o texto é divertido e explora todos os possíveis e imagináveis clichês disponíveis em torno disso. Brincar com clichê é tarefa difícil, mas o episódio conseguiu com maestria.

O elenco também esteve muito afinado dando apoio a toda estrutura montada para que o sétimo episódio conseguisse ser o que de fato foi, o melhor episódio da temporada de As Cariocas. E o elenco bem escolhido realmente deu apoio, apoio a grande estrela da noite que atende pelo nome de Grazi Mazzafera. 

A atriz nunca esteve tão a vontade num personagem como encarnando Michelle e foi graças a sua atuação impecável que a personagem fugiu da caricatura e se tornou deliciosa para assistir (sem trocadilho, claro) e, muito, muito divertida.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sílvio de Abreu se ajoelha a censura e decepciona

Após meses de mistério finalmente o segredo de Gérson Gouveia foi revelado. No capítulo de ontem, segunda-feira, foi ao ar pela Rede Globo, na novela Passione, a seqüência em que o personagem conta a seu psicanalista qual é o grande mistério que o assola desde a estréia da novela. Afinal, o que ele tanto via no computador? Era a pergunta que praticamente todos, fãs e críticos se faziam.

Após a revelação é preciso abrir duas discussões distintas para não ser injusto. Primeiro ponto a ser debatido é óbvio, o mistério em si. Muita gente não compreendeu qual era o segredo que Gérson guardava a sete chaves e o incomodava tanto e, por conta disso, veio uma avanlanche de críticas a Sílvio de Abreu, autor da novela, com afirmações do tipo: "sério? Ele é apenas viciado em ver sexo?" "Gérson gosta de uma boa sacanagem, e daí?". Não é nada disso. O personagem de Marcelo Antony é "coprófilo", ou seja, se excita em inalar odores nojentos durante o sexo, tais como fezes, urina ou vômito. Dizer que isso não é chocante seria loucura, um tema muito pesado, mesmo nos dias atuais.

Portanto, é óbvio dizer que o autor do folhetim foi ousado a trazer a tona um tema controverso como este, porém, de nada adiantou tentar fazer isso se a seqüência foi toda estragada e aí chegamos ao segundo ponto da discussão. Em tempos em que o Ministério Público faz uma clara censura contra os veículos de comunicação e que o merchan comanda o mundo do entretenimento, Sílvio de Abreu foi um bom moço e abaixou a cabeça para o sistema. Para não desagradar os censores - e o termo é exatamente este - nem os patrocinadores, o autor escreveu uma cena de revelação apenas didática, com frases vazias, com sentido vago e sem dizer exatamente qual era o problema do personagem, deixando a conclusão para o telespectador.

Basicamente o ponto foi este. O segredo de Gérson é um dos temas mais ousados da televisão brasileira, a revelação deste segredo foi uma das coisas mais broxantes já vista nos últimos anos. Se era para tratar do tema desta forma, se era para criar expectativa para se acovardar no momento da revelação, o melhor era que nem levantasse a bola porque, apesar da coragem pelo tema, o que vai ficar marcado na mente do público é a seqüência sem nexo e com Gérson repetindo um milhão de vezes a palavra "nojento". Quero meu dinheiro de volta.

domingo, 28 de novembro de 2010

O Fim do Casseta e Planeta é o fim de uma Era

A equipe de humoristas do Casseta e Planeta informou durante esta semana que o último programa do grupo será exibido pela Rede Globo no mês de dezembro e o programa - principal humorístico do país em números de audiência - não será exibido em 2011, terminando 19 anos após surgirem na TV.

A princípio, o que se viu, principalmente da nova geração de telespectadores, foi comemoração pelo fim do humorístico. Nos últimos 05 anos, desde a morte de Bussunda, principal roteirista do grupo, os Cassetas enfrentam uma difícil crise de audiência e criatividade. Vem perdendo pontos importantes na audiência e, principalmente em 2010, mesmo recebendo em alta das novelas - quase sempre acima dos 40 pontos, dão média de 23 pontos e entregam sempre abaixo dos 20 para a próxima atração.

Isso não justifica que se comemore o fim da atração. É evidente que havia um desgaste natural de quase duas décadas no ar e também uma clara crise de criatividade. É fato que o programa merecia um descanso - eterno ou não, aí vai da consciência de cada um - porém, quem começou a ver TV nos últimos 05, 06 anos, não pode nem tem o direito de fazer piadinhas macabras com o grupo.

Casseta e Planeta revolucionou a forma de se fazer humorístico na televisão brasileira. Antes do grupo só se via o mesmo formato de humor pastelão, fosse em programas ruins e de qualidade duvidosa ou até mesmo nos idolatrados Trapalhões ou Chico Anísio e até Jô Soares. Foi o grupo de universitários que tinham um jornal de humor que entraram para mudar o humor da televisão.

O grupo conseguiu o que poucos imaginavam. Numa década muito sofrida para a população brasileira, principalmente nos primeiros cinco anos, o Casseta e Planeta soube roubar a cena com humor inteligente, tiradas geniais, crítica social bem humorada e, principalmente, fugindo dos clichês, das caricaturas e do humor de cunho sexual, sempre mais fácil e mais vulgar.

Em tempos em que arrotar nas pessoas é engraçado, em tempos que entrevistar famosos e deixá-los sem graça é engraçado. Em tempos que ser mal educado é engraçado. Definitivamente não há espaço mais na TV para humor como Casseta e Planeta. Certamente a maioria dos telespectadores não conseguiam compreender a profundidade do humor do grupo - que, frise-se não vivia a melhor de suas fases e enfrentava uma crise de criatividade - e, por isso, o melhor a fazer é tirar do ar. Casseta e Planeta chega ao fim e fica guardado na memória da TV como o melhor humorístico já produzido. Descanse em paz.

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