sábado, 7 de maio de 2011

A Semana do SBT

O SBT estreou sua nova grade de programação nesta semana. As mudanças nem foram tantas e muito menos tão drásticas, apenas pequenos ajustes e a estréia de alguns novos programas na Linha de Shows da emissora que vai ao ar no horário nobre da TV. Outros programas retornaram e, sobre eles, ainda não falaremos, apenas sobre estas estréias.

Esquadrão do Amor

Um programa que, pelo formato, tinha pouca chance de funcionar. Com um ar bastante sofisticado que, na verdade, lembrava muito mais o estilo TV a Cabo de se fazer televisão, quando começou sua divulgação, a reticência tomou conta, pois parecia um risco produzir algo assim. Mas o SBT conseguiu achar um termo interessante. O programa veio cheio de charme, porém, o ar didático e até meio robótico que era esperado acabou por não acontecer, ao contrário, houve momentos realmente emocionantes e tocantes. Graças a uma redação bem planejada, a bons participantes e, principalmente, a excelente edição, Esquadrão do Amor teve o ritmo que o horário exige. Tem tudo para dar certo.

SOS Casamento

Desde a divulgação sabia-se que esta era a válvula de escape do SBT. Um programa que lembrava um pouco o estilo da emissora nos anos 90. Bastante brega e com muito apelo popular sem, contudo, praticamente nenhum conteúdo. Naquela época, talvez, seria um sucesso, mas com o atual momento da televisão brasileira, as chances eram quase nenhuma. Programa de péssimo gosto, edição mal feita e que não chama a atenção por sua redação, mas por sua cafonice e busca pela apelação. Além de desnecessário, não consegue apelo algum.

SBT 30 Anos

O maior acerto da emissora nesta grade. Uma rede de televisão que já tem 30 anos de vida, quase todos eles no vice lugar de audiência tem muita história para contar. E o brasileiro tem muito para se relembrar. Pensando nisso, o SBT 30 Anos conseguiu, ao menos na estréia, todo o ar de nostalgia que era necessário para envolver o telespectador. Tema muito bem estudado e um programa inteiro dedicado a um único tema, ou seja, dando tempo para que o público possa se relembrar dos grandes momentos do SBT ao longo de sua história. Se a edição ajudou, a produção ajudou e o cenário ajudou, a apresentação atrapalhou. Tentando ser o mais natural possível, Patrícia Abravanel soou falsa no vídeo e não conseguiu dar o tom retrô que o programa exigia. Pena. Ainda assim, o brilho deste produto não foi encoberto por conta disso. É uma excelente opção para a noite de sábado.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A teledramaturgia no combate às críticas preconceituosas

A internet é terra de ninguém. Esta é a verdade máxima do momento. Una-se a isso a necessidade constante que o ser humano tem em posicionar-se e temos o desenho do caos. Em tempos em que todos podem manifestar sua opinião e divulgar para uma gama infinita de pessoas graças a internet, a impressionante quantidade de críticas quase subversivas à Teledramaturgia tem chamado a atenção e não de forma positiva.

Sou sempre a favor de que todos têm direito a ter opinião e a manifestar sua opinião sobre qualquer tema. Porém, é preciso fazer distinção entre opinião e crítica. A opinião é basicamente algo pessoal, introspectivo e que inclui uma série de fatores, como o conhecimento de mundo, a criação e a própria formação de personalidade. A crítica, muito diferente disto, é técnica e se baseia exclusivamente em elementos científicos e profissionais sobre determinado tema.

No campo da teledramaturgia o que se vê com freqüência na internet são pessoas dispostas a vociferar suas opiniões sobre os produtos e, pior, vende-as como se fossem críticas e, com isso, induz outras pessoas, menos dotadas intelectualmente, a concordarem. Um grave erro, principalmente quando as opiniões são puramente preconceituosas, como vem ocorrendo.

Um clássico exemplo disso se deu pouco antes do início de Cama de Gato. Boa parte dos "críticos" (entre aspas mesmo) manifestaram a preocupação de a novela não ter a força necessária, pois, segundo eles, a vilã entregue a Paola Oliveira não conseguiria desempenhar a força necessária, já que o público não enxergaria a atriz num papel tão rude, visto que ela sempre fez papéis suaves.

Isso se repete agora. O twitter se tornou uma arma quase mortal para os "críticos". Pessoas que fingem serem entendidos do assunto, bradam durante a exibição dos capítulos de Insensato Coração sobre a incoerência na escalação de Lázaro Ramos para o papel do garanhão André. Essa "crítica" tornou-se tão sólida que até o apresentador Ratinho, do SBT, tocou no tema, com extrema ironia em seu programa de quinta-feira. Ratinho disse: "Se o Lázaro Ramos pode ser galã na Globo, eu também posso".

Bobagem, pura bobagem. A função do ator é dar vida a um personagem que, independente de ser próximo ou distante da realidade do ator, torna-se convincente. Paola Oliveira mostrou-se capaz de interpretar uma vilã e Lázaro Ramos tem interpretado corretamente seu personagem. É evidente que há personagens que obrigam certas escolhas, pois exigem características físicas específicas. Não se pode querer que um homem de 2 metros interprete um anão. Este não é o caso, André é um garanhão e não necssariamente um homem tido como o mais lindo da novela e, ainda que fosse, isso é subjetivo, pois cada um vê beleza onde melhor lhe interessa.

Ao contrário destas pessoas, eu defendo a escalação de Lázaro para o papel. Mais do que simplesmente ter um bom ator que sabe conduzir seu personagem, isto abre o campo para discussão sobre a importância da arte de interpretar. Já chegou o tempo de as pessoas que falam sobre televisão pararem de dar opinião baseadas em seu puro preconceito e tentar, ao máximo, falar tecnicamente. Ou então, fale de outro assunto.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Malhação finalmente se reencontra

Quando foi lançada há mais de uma década, a série teen Malhação transformou-se instantaneamente num fenômeno de audiência e repercussão no ambiente adolescente e jovem do país. Foram anos e anos de muito sucesso e, mais do que simplesmente uma obra de dramaturgia, o programa ditava o estilo de vida da geração que se descobria para a vida. Afinal, qual o adolescente que nunca acompanhou ao menos uma temporada?

De qualquer forma, a temporada de maior repercussão da série, em 2004, com média geral de 32 pontos, recorde absoluto - o episódio exibido em 19 de outubro de 2010 atingiu impressionantes 42 pontos de média - apresentou para o país a Vagabanda juntamente com Guilherme Berenguer (atualmente protagonista de Vidas em Jogo da Record) e Marjorie Estiano (Duas Caras, Caminho das Índias). Após esta temporada, a série entrou em uma terrível crise em todos os setores e nunca mais conseguiu emplacar um grande sucesso - tanto que sua meta atual de audiência gira em torno de 20 pontos e ainda assim sofre para atingi-la.

Tudo isso porque a criatividade se afastou do roteiro, um pouco devido a censura velada que a teledramaturgia nacional vem passando e muito também devido a falta de ousadia que impera entre os roteiristas brasileiros. A bem da verdade é que, por 06 anos, Malhação foi se afastando tanto do perfil adolescente que chegou ao ápice na temporada de 2010 em que ninguém se identificava com as personagens.

Mas isso mudou em 2011. Emanuel Jacobina retornou à série para recuperar tanto a audiência quanto a credibilidade. É bem provável que, após meia década, o mundo não é mais o mesmo e, por conta disso, a repercussão também não. Mas é inevitável concluir que Malhação está em uma grande temporada. Mesmo tendo que apresentar problemas de forma mais leve, sem levar o debate à profundidade, o autor conseguiu devolver a dignidade da série.

As personagens são infinitamente mais humanos. Todos os núcleos, todos os conflitos são modernos e existentes no universo adolescente. Temas como HIV voltaram a ser debatidos e, agora com seriedade, temas modernos como bullying e distúrbio de personalidade foram inseridos no programa. Sempre com a marca de Jacobina, ou seja, diálogos fortes, sem contudo ofender ou incomodar quem assiste. Tudo é feito com muito cuidado.

Após anos jogados fora e passar por um 2010 respirando com a ajuda de aparelhos e, mesmo com a decisão da direção geral da Globo em mudar completamente o formato da série para a próxima temporada, Malhação 2011 resgatou a essência da série e consegue apresentar a melhor temporada desde 2004. 

terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma palavra definiu a estréia de Vidas em Jogo: Pressa

Estreou nesta terça-feira a alardeada nova novela das 22h00 da Rede Record. Obra de Cristianne Fridman (Bicho do Mato e Chamas da Vida), Vidas em Jogo chegou com a missão de recuperar a audiência do horário e, muito mais do que apenas alavancar os números, conseguir dar a repercussão que os folhetins da emissora perderam com a insípida Ribeirão do Tempo.

Sabe-se que o objetivo primário do primeiro capítulo de uma trama é apresentar os personagens do núcleo principal e mostrar as ligações entre eles, além de tentar mostrar com o máximo de clareza - sem didatismo - o histórico de cada um dos personagens principais tentando sintonizar o público para o momento em que a história começa a se desenrolar. Sem um pontapé inicial que leve o telespectador a compreender os motivos que levam cada personagem a agir de determinada forma, torna-se uma tarefa homérica conquistá-lo diante da TV diariamente.

Partindo deste pressuposto, Vidas em Jogo não conseguiu este objetivo. Tudo foi mostrado muito às pressas e sem tempo hábil para que o telespectador mediano conseguisse acompanhar o desenrolar da história. A bem da verdade é que a autora optou por já mostrar pelo menos uma parte do histórico de boa parte do elenco e isso se mostrou um equívoco, pois, com isso, não houve como dar atenção a ninguém e, pior, se ligar a nenhuma história. Quando o público começava a se aproximar do personagem, o foco mudava abruptamente.

O ar de violência que as tramas da Record nos acostumaram e não apareceram tanto em Ribeirão do Tempo, está de volta. Em apenas um capítulo foram agressões em todos os núcleos, tiroteio, xingamento, acidentes. Enfim, uma gama de violência que, novamente é necessário frisar, ocorreu em grande quantidade e deu um tom de pressa, o que prejudicou a linha narrativa.

O tema central, contudo, ficou claro. O sonho de um grupo de pessoas em ficar rico através da loteria. Se as tramas paralelas são muito modernas, o plot central incomoda um pouco. Não que atualmente as pessoas não queiram ganhar na loteria, ao contrário, o número de jogadores mostra o contrário, porém, as pessoas não são mais sonhadoras como as personagens criador por Cristianne Fridman. Ou a autora leva essa história para a realidade dos dias atuais ou vai ficar estranho ver todo o folhetim correndo naturalmente pelo século 21 e a história principal, a linha que une tudo, presa numa vibe anos 80.

Pensando no elenco não há muito o que dizer. Exceção feita a atriz-mirim que interpreta a filha da ricaça (ainda não guardei o nome de ninguém) que é muito fraca, ninguém chegou a comprometer, até porque não houve tantas cenas assim para cada um. Difícil apostar também em algum destaque, porém, a personagem que mais me chamou a atenção foi a de Wanessa Gerbelli. A aposta fica difícil também porque ninguém se deu ao trabalho de verificar a quantidade de cenas por personagens, pois, no ar, deu a impressão que o cachorrinho assassinado teve mais destaque que todos.

Na produção em si, vimos a mesma direção discreta que a Record está acostumada. Foi feito o básico, sem riscos e sem nada que chamasse a atenção, por outro lado, também sem grandes problemas. O tom destoante fica por conta da abertura de um mau gosto que impressiona bastante. A abertura mal produzida, mal pensada aliada a uma música completamente desconexa deixa qualquer um perdido.

De qualquer forma, a estréia de um produto de dramaturgia também tem a função de chamar a atenção do telespectador para a obra e neste ponto Vidas em Jogo atingiu o objetivo. Por mais que tudo tenha sido apressado, já bateu a curiosidade para saber como as personagens vão lidar com este sonho de ficar ricos através da loteria e este é o principal ponto positivo desta estréia. Mesmo tendo ficado aquém do que espera-se de um primeiro capítulo, Vidas em Jogo já conseguiu fazer o telespectador esquecer-se de Ribeirão do Tempo, mesmo que isso não fosse uma tarefa tão árdua, tem seus méritos, ainda assim, a primeira impressão não deixou no ar o cheiro do sucesso.

Em tempo: Vidas em Jogo estreou com média de 11 pontos na audiência. Pior estréia do horário na emissora.

domingo, 1 de maio de 2011

Ribeirão do Tempo: a novela que não aconteceu

Vai ao ar nesta segunda-feira o último capítulo da discreta novela das 22h00 da Rede Record. Com texto de Marcílio Moraes (Essas Mulheres e Vidas Opostas), Ribeirão do Tempo sai de cena após quase um ano no ar (a estréia aconteceu no dia 18 de maio de 2010). Mesmo com tanto tempo sendo exibida, não se pode dizer que se trata de uma produção vitoriosa da emissora da Barra Funda, muito pelo contrário, fechando com média geral de 11 pontos, a novela fica 03 pontos abaixo de sua meta.

Quando o folhetim entrou em produção e Marcílio Moraes começou a divulgar lentamente a sinopse, muita gente se empolgou. Primeiro por que o autor teve a coragem de tentar resgatar o novelão clássico, estilo anos 80 e que tanto agradou o telespectador naquele período. Segundo porque Moraes tem crédito junto ao público, foi responsável por um grande sucesso na Record, a novela Vidas Opostas, e por uma das tramas mais elogiadas da emissora, Essas Mulheres.

Porém, ainda assim, Ribeirão do Tempo não empolgou em nenhum de seus muitos capítulos. Desde a estreia se percebeu que o autor tentaria diminuir o ritmo alucinado que os folhetins da emissora vinham apresentando, porém, a estratégia não funcionou. A princípio a novela foi rejeitada por ter muitas semelhanças com os folhetins da Rede Globo, mas sem a mesma qualidade e acabamento. A seguir, após as mudanças na sinopse e com o início aos mistérios e entruncamentos, os personagens foram perdendo sua essência e, o pouco de identificação que havia, se esvaiu completamente.

Ainda assim, a novela que se despede do público nesta segunda-feira, não pode ser considerada das piores. Ela não foi ruim, foi apenas insignificante. Não era um produto que chamasse a atenção ou fizesse com que o telespectador se sentisse envolvido a tal ponto de querer continuar assistindo. Um equívoco na carreira deste bom autor. Foi quase um ano desperdiçando um horário de teledramaturgia porque Ribeirão do Tempo simplesmente não aconteceu.

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