sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Um presente de O Astro: Dina Sfat

Brasileiro tem e sempre teve memória curta. É provável que a atual geração e, a imensa maioria da geração anterior, não conseguirá ligar o nome Dina Sfat a qualquer pessoa famosa, afinal, as referências de fama atualmente são tão diferentes e, além do que, historicamente, o país não tem por costume respeitar seus ídolos e mantê-los no imaginário popular.

O capítulo desta quinta-feira de O Astro caminhou no sentido inverso deste universo. Naquela que, provavelmente, foi a mais linda, emocionante e bem pensada cena de 2011, num diálogo simples entre Fergus (Francisco Cuoco) e Herculano (Rodrigo Lombardi) o mago, mestre de Herculano, afirmou já ter conhecido a felicidade no amor e passou a lembrar da própria história. A partir daí, vimos em flash-back uma cena de O Astro, de 1978, em que Cuoco foi Herculano e Dina Sfat foi Amanda.

Idéia extraordinária, que mostra um imenso respeito dos autores e da produção atual com o belo trabalho de Janete Clair e sua equipe na década de 1970, linda homenagem. Mas mais do que isso, foi um momento épico por colocar em cena uma das mais geniais atrizes que este país já viu. Qualquer menção a Dina Sfat certamente seria pequena e pouco diante de tudo que ela representou para a teledramaturgia até ser vencida pelo câncer e falecer no final da década de 80.

A melhor forma de prestar reverência a ela e fazer com que a geração atual soubesse um pouco de seu talento era, ao invés de citá-la em programas da casa, colocá-la no ar, justamente no remake de O Astro, novela que ajudou a consagrá-la como uma das maiores atrizes de sua geração. Um momento épico e emocionante.

Veja a cena aqui

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Um talento chamado Regina Duarte

A geração atual de telespectadores já há algum tempo vem torcendo o nariz para a atriz Regina Duarte, principalmente por considerarem sua participação em alguns trabalhos, como Páginas da Vida, como frágil. Brincadeiras, zombarias e até duras críticas, pois, segundo eles, a atriz nunca apresentou o talento pelo qual ela se tornou tão famosa.

De fato, os últimos trabalhos dela não foram dos melhores, muito mais pela fragilidade de suas personagens do que propriamente do seu talento, ainda assim, é natural que a nova geração, acostumada somente a acompanhar os trabalhos atuais, sem a curiosidade de olhar sobre os ombros e descobrir o passado da teledramaturgia brasileira, critique.

A partir de agora, os mais novos não poderão mais dizer que Regina Duarte não justifica sua fama. A atriz vem dando um banho de atuação na pele de Clô Hayalla, na novela das 23h, O Astro. Mesmo diante de um feliz trabalho de roteiro e de uma inspirada composição poética da direção, Regina Duarte pintou sua personagem de uma forma que é tão harmoniosa ao restante do texto e da própria produção que chega a assustar.

Regina Duarte sempre foi uma atriz tipicamente de folhetins. E em O Astro, que é toda produzida acima do tom - propositalmente, o que dá graça a trama, inclusive - a atriz tornou Clô a melhor personagem da obra, disparada e sem chance de concorrência. Sua criação, uma pessoa completamente irreal, cheia de meandros exagerados, sentimentos que explodem o tempo todo em expressões hiperbólicas e que quase sempre ocupam todo o vídeo, mostra o trabalho de criação da atriz que está acima da média.

É provável que este seja o melhor trabalho da atriz em muito tempo. Um trabalho memorável para se lembrar para sempre, como já foi, por exemplo, em Roque Santeiro. Clô Hayalla é como a Viúva Porcina, uma personagem que não tem sobrevida no mundo real, mas que transmite tamanha verossimilhança que é impossível o telespectador não se identificar. Tudo isso graças ao talento de Regina Duarte.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Comparativo de Audiência: 19 Horas - Média Parcial

Média-parcial diária até o capítulo 120 de novelas das 19 Horas


Morde e Assopra: 28,69
Tititi: 28,68
Tempos Modernos: 23,24
Caras e Bocas: 30,23
Três Irmãs: 24,81
Beleza Pura: 28,00
Sete Pecados: 30,03
Pé na Jaca: 29,53
Cobras e Lagartos: 36,84
Bang Bang: 27,56
A Lua me Disse: 32,40
Começar de Novo: 32,83
Da Cor do Pecado: 41,71
Kubanakan: 36,81
O Beijo do Vampiro: 27,65
Desejos de Mulher: 32,22
As Filhas da Mãe: 27,98

domingo, 7 de agosto de 2011

Insensata e incompreendida Norma

Quando surgiu na tela, apressada, esbaforida e desarrumada, na segunda semana de Insensato Coração, Norma (Glória Pires) nem de longe dava a impressão de ser a grande protagonista da novela das nove. Foram muitos - muitos mesmo - capítulos de construção da linha narrativa da novela e que servia como pano de fundo para a formação de personalidade deteriorada da personagem até que tudo se encaixasse e a história finalmente pudesse avançar.

Bem ou mal, Gilberto Braga e Ricardo Linhares, responsáveis diretos pelo texto do folhetim, construíram gradativamente uma história sólida, cheia de meandros que permitissem não haver buracos em tudo que sua personagem fosse realizar na segunda metade da obra. De tímida, solitária, submissa e sem esperança de um futuro melhor, Norma, em pouco mais de 100 capítulos, se tornou prática, vingativa, estrategista, capaz de tudo - até de matar - para atingir seu objetivo. Começou então o jogo de xadrez.

O público acompanhou passo a passo as jogadas da personagem rumo ao seu único objetivo de vida - vingar-se de Léo (Gabriel Braga Nunes), o homem responsável por abrir uma espécie de caixa de pandora no âmago da enfermeira. Cada ação rumo ao seu objetivo fez o público vibrar e esperar ainda com maior ansiedade o desfecho desse jogo. A vingança de Norma foi como a vingança do público contra o principal vilão da trama das nove, não houve quem não gostasse e quem não justificasse a atitude da anti-heroína.

Mas então, foi aí que Norma fraquejou. Nas últimas semanas de Insensato Coração temos acompanhado Norma e Léo como casal. A personagem demorou até se entregar novamente ao vilão, resistiu o quanto pôde, mas acabou por ceder. E, a partir daí, começaram as críticas. O público torcia por uma vingança completa e não ficou satisfeito com o que se viu na tela. Uma pena.

Norma é, talvez, a personagem com maior verossimilhança dos últimos anos. A construção de sua personalidade foi quase impecável e seus atos presentes são completamente justificáveis. Norma nunca viveu, sempre sobreviveu, sem brilho, sem esperança, sem vida. Foi Léo entrar em sua vida para tudo mudar. O sentimento da personagem por ele não é ódio, não é de justiça, é a sensação de descobrir que ele foi a única pessoa capaz de fazê-la sentir-se viva. Seja enganando-a, seja sendo por ela humilhado ou seja como seu marido, seu homem.

Norma sabe que não há vida para ela sem Léo. Ela sabe que Léo foi todo seu objetivo de vida, o único motivo para que ela continuasse viva e a razão pela qual ela passou a ser enxergada. Norma não é vilã, Norma não é mocinha. Ela é tímida, triste, sem brilho, mas que encontrou a combustão para fugir disso, e ele se chama Léo. A enfermeira sem graça com um Insensato Coração que a faz viver intensamente.

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