Desde que estreou, Morde e Assopra nunca foi unanimidade. O folhetim das 7, assinado por Walcyr Carrasco e que chega ao fim nesta sexta-feira enfrentou momentos de grande turbulência ao longo de seu voo nestes 178 capítulos exibidos até o momento. Na primeira parte, o autor não conseguiu gerar interesse por parte das tramas desenvolvidas e o que se viu foi grande rejeição. Com isso, por medo do fracasso, Walcyr apostou em fórmulas que já havia experimentado em outras obras, mudou completamente a sinopse original e conseguiu colocá-la no trilho certo para a audiência.
Porém, esta decisão lhe custou muito. A começar pela crítica que foi veemente e dura contra as mudanças. A bem da verdade é que, após apresentar uma sinopse em que, ao menos a estrutura era diferente de seus últimos trabalhos, o autor sucumbiu às pressões dos números de audiência e voltou a fazer o que sabe de melhor: requentar situações.
Agora, faltando apenas a exibição do último capítulo, ao se olhar para trás, tudo que se viu em Morde e Assopra foi uma caricatura de si própria. Uma novela que chegou com a tentativa de inovar ao apresentar o tradicional (dinossauros) e o modernos (robôs) e que, ao fim, somente apresentou o mesmo de sempre.
Quem acompanha televisão com mais atenção sabe que Walcyr Carrasco é um expert em repetir-se - uns chamam isso de marca, eu prefiro chamar de preguiça - mas na atual produção ele bateu todos os recordes. Praticamente todas as cenas importantes eram "homenagens" a outras obras do próprio autor. Histórias repetidas, personagens repetidos, situações repetidas e - pasmem - até diálogos repetidos foram vistos o tempo todo.
Com isso, a trama chega ao fim sem dizer ao certo a que veio. A única trama que conseguiu repercutir foi a de Dulce (Cássia Kiss Magro) ainda assim muito mal desenvolvidas, mas que, ao que parece, com a morte da personagem, não terá um desfecho tão óbvio e preguiçoso. Porque, de resto, Morde e Assopra é apenas uma caricatura mal feita. É como se Walcyr Carrasco estivesse em uma terapia de regressão, reescrevendo suas próprias histórias. Uma pena.