sábado, 27 de fevereiro de 2010


Confira agora a 2ª parte da entrevista que Lauro César Muniz concedeu ao blog com exclusividade.

TVxTV: O Blog elegeu recentemente a atriz Paloma Duarte como a melhor de 2009 e para você qual o grande destaque do elenco de Poder Paralelo?

Lauro: Paloma Duarte é a melhor atriz de sua geração! Um monumento de sensibilidade e emoção! Tem beleza, sensualidade, inteligência, garra, uma grande profissional. Feliz a emissora de televisão que tem uma atriz deste nível! Quero trabalhar com ela o resto de minha vida. Se depender de mim ela vai envelhecer trabalhando comigo... (rsrsrs)

TVxTV: Você já trabalhou com grandes nomes da TV brasileira como Fernanda Montenegro em Zazá, mas há algum nome que você não tenha trabalhado e que gostaria muito de contar em algum trabalho?

Lauro: Eu adoraria fazer uma novela com o Fagundes. Fiz teatro e cinema com ele, nunca televisão! No teatro ele fez magistralmente uma peça de minha autoria “Sinal de Vida”. No cinema o filme do João Batista de Andrade, “A Próxima Vítima” onde eu fui roteirista. Será que ele está disposto a trabalhar comigo na Record?

TVxTV: Como funciona a pressão por números de audiência para um autor de novela? Você acompanha o Ibope de Poder Paralelo em tempo real?

Lauro: Acompanho às vezes, sem muita assiduidade. Mas quando o capítulo termina eu sempre quero saber a média do dia. Ficar de olho nos números enquanto a novela está no ar é mortificante, mas é um bom exercício de aprendizado...

TVxTV: É mito ou um autor negocia realmente os principais papéis de sua novela diretamente com os atores e atrizes? Você convidou pessoalmente alguém para participar de Poder Paralelo?

Lauro: Eu queria desde sempre o Gabriel e a Paloma na novela. E acertei em cheio em bater o pé firme para ter Miriam Freeland no papel da Lìgia e Adriana Garambone na Maura.

TVxTV: Enquanto autor, como é sua relação com os atores enquanto a novela está no ar?

Lauro: Em geral é muito boa! Adoro o casal Paloma-Gabriel (serei o padrinho do casamento deles, nada mais justo) : na vida real eles falam coisas que depois lêem nos meus capítulos... (assim me contaram...)

TVxTV: A Record recentemente produziu temporadas de Os Mutantes, de Tiago Santiago. Poder Paralelo pelo ritmo alucinante e com tantos personagens complexos, têm o perfil para muitos capítulos ainda. Você já pensou em fazer novas temporadas ou transformar em série?

Lauro: Não! Poder Paralelo termina definitivamente no dia 2 de março. Cansei de dar tantos tiros.

TVxTV: É opinião quase unânime de que, Nina é uma personagem muito sofrida, a típica mocinha que sofre do início ao fim. Ela é uma personagem difícil de se escrever se pensando na linda história de amor dela com o Pedro?


Lauro: Muito difícil. Mas é uma história que colou desde o primeiro momento. Não sou muito afeito a melodramas, mas essa história da Nina e do Pedro me pegou...

TVxTV: O grande diferencial de Poder Paralelo está, talvez, nos diálogos. Nunca se vê diálogos rasos e/ou sem importância. Como você consegue colocar apenas cenas importantes e com diálogos fortes num capítulo de quase uma hora?

Lauro: Escrevo esses diálogos com muita velocidade e sem meditar muito. Não há tempo. Acho que o diálogo é parte inerente de meu universo. Escrevo muito mais facilmente um diálogo do que essas mal traçadas linhas aqui...

TVxTV: Fernanda Lira é atriz na novela. Gravando cenas da novela, a personagem sempre faz críticas ao autor em virtude das cenas. Ela já criticou o fato do autor usar clichês e de colocar personagens para falarem sozinhos. O que você pensa de autores que utilizam-se dessas “licenças poéticas” em seus textos?

Lauro: Eu disse uma vez a um mau autor: “licença poética” é pretexto de quem não tem recursos para buscar soluções reais. Ele discordou de mim... rsrsrs

TVxTV: Atualmente você vê alguma novela fora da Record?

Lauro: Vejo trechos. Me interessei muito por Tempos Modernos por ser do Bosco Brasil um autor que admiro muito.

TVxTV: No livro, Honra ou Vendetta, Tony termina com Lígia. O público quer que ele termine com Fernanda e você já decidiu o destino do protagonista?

Lauro: No livro do Sílvio não existe a Fernanda Lira. Já decidi com quem Tony passara seus dias felizes para o resto da vida, além da última cena. Criei uma estrutura para a cena que tanto pode ser para Lígia como para Fernanda. A cena será gravada com as duas atrizes para esconder este gancho do público. Mas a minha decisão já está tomada. Ela é a que me foi ditada pela minha lógica a consciência.


TVxTV: Após muitos anos com os mesmos autores, as emissoras vêm renovando, a Record criou um concurso de autores e a Globo atualmente aposta em nomes menos consagrados em dois horários – as 6 e as 7. Você acha que a renovação vem trazendo bons nomes ou as novelas realmente passam por uma crise de criatividade?

Lauro: A renovação trouxe a grata presença do João Emanuel Carneiro. Mas outros nomes ainda não me empolgam. Estou na expectativa do trabalho do Bosco. Começou com grandes dificuldades, mas ele é um escritor de verdade. Vai encontrar o caminho... Prefiro o erro inicial do Bosco ao acerto de outros.

Amanhã o Blog publica a terceira e última parte da sensacional entrevista com Lauro César Muniz

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


Aos 72 anos completos em 2010, Lauro César Muniz é um dos principais autores de novelas do país. Construiu uma sólida carreira na Rede Globo, no período áureo da emissora em que a alta cúpula sempre optava por folhetins de qualidades sem preocupar-se com o resultado da audiência. Escreveu obras de sucesso como O Casarão, Transas e Caretas, O Salvador da Pátria e Sonho Meu, todos pela Rede Globo. Atualmente pertence ao time de autores da Rede Record, onde já está terminando sua segunda novela. Escreveu Cidadão Brasileiro, novela que, dizem, foi a responsável pela mudança de emissora, e agora está terminando Poder Paralelo, principal audiência da emissora e principal audiência fora da Globo.
Com muita simpatia, Lauro César nos concedeu uma entrevista esclarecedora, divertida e muito inteligente. Como é uma entrevista longa, nós a dividimos em 03 partes para não ficar muito longa. Confira agora a 1ª parte da entrevista com Lauro César Muniz:

TVxTV: Obrigado por aceitar a participar da entrevista:

Lauro: Seu convite é irrecusável. Você escreveu: “...considero o gênero muito interessante e uma das mais belas artes do país, sou fã de carteirinha de seu trabalho em Poder Paralelo - considero a 2ª melhor novela da história da teledramaturgia e, disparada, a melhor novela no ar atualmente.”

TVxTV: Qual o sentimento em saber que, mesmo com tantas mudanças de horário, Poder Paralelo é o programa mais visto fora da Globo, em média pelos brasileiros?

Lauro: As mudanças me machucaram muito. Nosso horário sacramentado era às 22 horas. Hoje entramos por volta de 23 horas e frequentemente terminamos depois de meia noite. Há uma queda de 15% de aparelhos ligados durante a exibição de Poder Paralelo, porque o público tem obrigações no dia seguinte, bem cedo. Ao liderar a programação da TV Record neste horário me sinto recompensado.

TVxTV: Tanto em Cidadão Brasileiro como em Poder Paralelo vemos que o foco do roteiro é para um protagonista homem. Você prefere centrar a história para homem do que para mulher?

Lauro: Cidadão Brasileiro é a história de um homem que se fez por conta própria na década de 50. Poder Paralelo é a história da vendetta, de um homem que perde a mulher e as filhas em um atentado mafioso. Os temas pediam um protagonista masculino, assim como Zazá pedia uma mulher fantástica e Chiquinha Gonzaga retratava a história real de uma grande compositora popular brasileira... Carinhoso era a história de Cecília, também uma mulher... Cada história pede um enfoque...

TVxTV: Quando e como surgiu a idéia para adaptar “Honra ou Vendetta” de Sílvio Lancellotti para a TV? Você conversa com o autor do livro para definir os rumos dos personagens?

Lauro: A primeira idéia foi fazer uma minissérie a partir do livro do Sílvio. Essa idéia é muito antiga, do início da década de 90. Nessa época falei muito com o Sílvio. Quando surgiu a oportunidade de se fazer a novela, voltamos a nos falar porque eu precisava que ele entendesse que a partir do livro eu não tinha material para uma novela, por causa da extensão. Precisaria criar muitas outras personagens. Ele entendeu e topou. Então criei o Bruno, a Fernanda, a Maura, e tantas outras personagens. Durante a novela não tive tempo de conversar com ele, mas trocamos muito e-mails muito bons! Ele gosta da novela!

TVxTV: Suas personagens não são certinhas como a maior parte das mocinhas típicas. Fernanda Lira não tem pudor, aceitou ser amante por duas vezes, apenas baseando-se em seus próprios sentimentos. Você não tem medo de haver rejeição do público com personagens assim?

Lauro: Não houve rejeição à Fernanda. Nenhuma. A Paloma Duarte é uma grande atriz e não há ninguém que não se fascine pelo trabalho dela em Poder Paralelo.

TVxTV: Antes de mudar de emissora, havia de sua parte algum preconceito quanto a qualidade de uma produção fora da TV Globo?

Lauro: Havia. Não era preconceito, mas a realidade histórica deste país. Nenhuma emissora conseguiu se igualar à TV Globo em telenovelas. Mas acreditei na TV Record e está dando certo. As novelas da Record hoje têm uma ambição temática bastante superior às novelas da Globo. Com relação à produção ainda há uma distância que a cada ano vai diminuindo. A Globo precisa exigir mais de seus autores.

TVxTV: Qual a principal diferença entre escrever uma novela para a Globo e para a Record?

Lauro: A Globo fez novelas maravilhosas quando o Boni era o diretor artístico. Não preciso citar os exemplos. Não havia formatos nem impedimentos. Todos os temas por mais arrojados que fossem eram bem recebidos. Com a saída do Boni, a emissora ficou pragmática, um olho no Ibope e outro também no Ibope e a qualidade e arrojo temático se perderam. A Record nos deu, até aqui toda liberdade de ação. Preocupa-se mais com detalhes do que com o geral e muitas novelas arrojadas e de qualidade voltaram a mostrar que é possível uma temática mais arrojada e que tangencie a realidade do país.

TVxTV: Houve de fato proposta para você trocar a Record pelo SBT ao final de Poder Paralelo? Seu novo contrato com a Record prevê quantas novelas ainda?

Lauro: Houve. O Del Rangel, diretor de telenovelas, me procurou, falando em um encontro urgente entre mim e o Sílvio Santos. Como eu estava com Poder Paralelo no ar não me parecia ético alimentar o assunto.


TVxTV: Quando você criou o serial killer Guri você já sabia qual personagem seria? Existe a chance de haver mais de um guri?

Lauro: Tinha três nomes em mente e, ao escrever as cenas, estava sempre atento para a ação desses personagens no momento do crime. O Guri não pode ser um personagem qualquer. Tem que haver uma lógica, uma explicação bem clara de por que ele age assim. Quem poderia matar a mamma Freda e por que?

TVxTV: Nós, mais novos, não tivemos a chance de assistir suas novelas mais antigas e que muitos dizem figurarem entre as melhores da história da dramaturgia. Mesmo assim, Poder Paralelo é considerada a melhor novela desta nova fase da Record, qual o sentimento em saber que você é responsável por uma produção tão magnífica?

Lauro: Considero Poder Paralelo a melhor produção da Record, mas logo será superada e felizmente! A cada novela melhores são as condições de trabalho da Record. O que a Record ainda não entendeu é que as novelas são as colunas básicas da programação de qualquer emissora aberta no Brasil. Sacrificar o horário e a estrutura de capítulos de uma novela é um tiro no pé! É matar a galinha dos ovos de ouro! São as novelas e não os reality shows, como Ídolos ou A Fazenda, que garantem a audiência da emissora junto ao grande público.

TVxTV: Sem considerar as suas novelas, qual a melhor novela que você já viu na vida?

Lauro: Beto Rockfeller. Eu jamais colocaria uma novela minha entre as que eu mais gostei. Isso é impossível. Para gostar de uma novela você tem que apreciá-la com total isenção. Não posso aplaudir aquilo que está dentro de mim e que compõe o meu universo. Se ouço uma frase que eu escrevi, a frase me soa como um eco, uma reiteração daquilo que eu penso. Como aplaudir a mim mesmo? Eu quero é ser surpreendido... e as minhas novelas só me surpreendem enquanto eu as escrevo. Nunca no veículo completo da TV.

TVxTV: Atualmente o horário nobre de novelas da Globo passa por uma série crise de audiência. Você acredita que Poder Paralelo teria chance de dar bons números na Globo?

Lauro: Acho que Poder Paralelo daria dignidade à Globo.


A 2ª parte da entrevista continua amanhã.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

*Não perca amanhã no blog 1ª parte da entrevista EXCLUSIVA com Lauro César Muniz, autor de Poder Paralelo.
Ainda esta semana estava navegando pela internet quando li algo em determinada comunidade que me chamou a atenção. Achei que fosse brincadeira e decidi verificar com meus próprios olhos ao constatar que não passava da mais pura, e bizarra, verdade.

Recentemente, na novela global Viver a Vida, a personagem Luciana (Alinne Moraes) recebeu de sua irmã um presente: um blog. Justificando que sempre gostou de escrever diários e que, nas condições de tetraplegia um diário virtual faria com que ela ajudasse outros, Luciana ficou bastante feliz com a surpresa e decidiu que atualizaria sempre o blog.

A direção da novela numa tacada inteligente, colocou de fato o blog no ar. (Clique aqui). Muito bem feito, com posts pensados e provavelmente escritos pelo próprio autor da novela, já que as palavras são a cara da personagem, o blog mostra realmente um escape para Luciana.

Porém, a bizarrice começa quando lemos os posts e decidimos clicar para ler os comentários. O público pode comentar a vontade - é assim que funciona num blog, ne? - e são vários os comentários, de todos os tipos. Algumas pessoas percebem o conteúdo do post e fazem alusões a seus próprios problemas, suas situações de vida, o que acaba por mostrar que a novela de fato traz identificação para algumas pessoas.

O mais grave e a forma negativa se dá em alguns - muitos - comentários de telespectadores que provavelmente não entendem a estrutura ficcional de uma novela e, no caso, do blog, e simplesmente sem o menor pudor mandam mensagem para a personagem. São pessoas reais que querem a todo custo conversar e manter contato com uma pessoa que não existe, nunca existiu e nunca existirá. Pessoas que postam frases como: "Sua mãe é uma heroína, Lu. Mande um beijo para a Teresa" ou "Lu, gostaria muito de poder conversar com você para te dar uma força". Bizarro.

Quando a ficção se mistura com a realidade num ponto positivo, todos os envolvidos têm provas de que o trabalho está no caminho certo. Agora, quando o público não consegue diferenciar ficção de realidade é porque há, no mínimo, um grave problema com o telespectador.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010


Alguns blogs começaram a veicular informações sobre o fim de Poder Paralelo e, por ter recebido algumas dicas por fonte segura, decidi fazer um texto falando do tema e do desfecho dos principais personagens da novela que marcou uma época na Rede Record e arrebatou uma legião de fãs.

Um dos principais pontos da novela é a vingança, ou a "vendetta" de Tony Castellamari (Gabriel Braga Nunes) para com Bruno Vilar (Marcelo Serrado). Nas idas e vindas da trama, Tony jurou vingança a Bruno por ele ter sido o responsável direto pela morte de sua esposa e de suas duas filhas. Tudo isso foi o estopim para a guerra da máfia que assistimos por quase 11 meses, mas que até aqui não resultou na morte de nenhum dos dois.

Os boatos deram conta de que Tony irá finalmente conseguir cumprir sua vendetta e matar Bruno Vilar - que também é o maior vilão da história - e isso é verdade. Bruno irá ter exatamente o mesmo fim que a esposa e as filhas de Tony tiveram no início da Trama de Poder Paralelo, ou seja, irá morrer numa explosão de carro. Provavelmente numa seqüência espetacular e imperdível, como toda grande revelação tem sido na novela.

A morte de Bruno era evidente, senão certa, já que ele é o vilão da trama e deveria pagar por tantas atrocidades ao longo da história. Mas a forma encontrada por Lauro César para dar cabo da vida de Bruno é bem interessante, afinal, a vendetta será realmente uma vingança, dando o mesmo fim.

Agora boatos dão conta de que a pressão da cúpula da Record decidiu que Tony irá terminar a novela ao lado da jornalista Lígia Brandão (Miriam Freeland) e não da atriz Fernanda Lira (Paloma Duarte). Segundo esses boatos, a decisão da Record se deu por conta do público tradicional preferir que Tony fique ao lado da mocinha típica da novela, a sofredora, submissa e incapaz de errar, Lígia. Porém, boa parte das pessoas gosta do romance entre Fernanda e Tony que têm uma química incrível e também pela personalidade forte, quase explosiva, de Fernanda. Uma enquete foi colocada no ar pelo portal R7 - que é do Grupo Record - e Tony e Lígia venceram no gosto popular.

Lauro César Muniz desmentiu essa informação. O autor falou com exclusividade ao "TVxTV" e confirmou que dois finais estão sendo escritos, um Tony fique com Fernanda e em outro fica com Lígia. O autor ainda afirmou que apenas nas vésperas do capítulo ir ao ar ele decidirá qual deverá ser o fim. Lauro César disse que não houve qualquer pressão da Record para que o personagem de Gabriel Braga Nunes fique com a jornalista e muito menos que a decisão será baseada em uma enquete. Ele classificou que seria um absurdo a emissora impor qual o fim de seu protagonista e disse que essa decisão é dele.



Um autor com o currículo de Lauro César é absolutamente confiável, por isso, somente esperando mesmo o último capítulo para saber qual será o desfecho e com quem Tony Castellamari irá passar o resto de seus dias.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Estou desde ontem tentando escrever algo sobre esse tema e quanto mais reflito menos consigo produzir. Talvez seja a complexidade, talvez seja o desânimo cada vez maior do pensamento consensual e retrógrada de alguns brasileiros ou talvez seja simplesmente porque estou com muita gripe. Enfim, consegui e espero ser claro.

Que Marcelo Dourado apresenta rastros de homofobia isso não há dúvida alguma. Ele é o típico brasileiro desinformado que age e fala apenas baseado em informações preconceituosas e antiquadas que certamente ele adquiriu ao longo de sua vida com seus familiares e amigos. Mais do que homofóbico, Dourado é simplista, é raso e é pouco inteligente - para não dizer outra palavra. Por isso - e apenas por isso - considero excessiva as críticas que estão sendo feitas a ele.

É preciso também fazer uma análise simples, metódica e inteligente. O Big Brother Brasil é um jogo e um jogo é feito por pessoas que sabem jogar e que não são necessariamente inteligentes. Dourado tem se mostrado um exímio jogador ao escolher cada palavra e se mostrar um legítimo representante de toda uma sociedade antiquada que não está pronta ainda para tratar do tema homossexualidade. Como criticar o Dourado se, ali do lado, seu pai, sua mãe ou um parente, vive falando as mesmas bobagens e você até ri?

É preciso esclarecer alguns pontos sobre tudo o que vem sendo derramado na mídia brasileira por conta do paredão de hoje a noite. A homofobia é um tema recorrente no Brasil, mas não é e nem deve ser o principal tema de todos os tempos e debatido como se fosse a solução para os problemas da humanidade. Marcelo Dourado defende um ponto de vista antigo, que muita gente aprova, de que pessoas do mesmo sexo não combinam. Isso não é ser necessariamente homofóbico. Veja: eu não acho que o divórcio seja a solução para os problemas do mundo, mas isso não faz de mim alguém com preconceito contra divorciados. É algo que eu não quero pra mim, o que é diferente.

O grande problema se deu porque os participantes deste BBB tentam passar ao mundo a idéia de que o mundo é cor-de-rosa. Que o mundo é gay e isso não é verdade, nem mentira. Existem os homossexuais, os heterossexuais, e todos devem ser respeitado. O fato de uma pessoa ser hetero e não gostar de ver relacionamentos gays é problema exatamente por quê? Em nenhum momento Dourado foi agressivo, ele não gosta, o que é um direito dele.

Dicésar disse com todas as letras ter nojo de filmes pornográficos com conteúdos héteros, isso faz dele preconceituoso também na visão dessas pessoas, não? Mas o problema é que sempre, sempre mesmo, as minorias do Brasil se sentem perseguidas com tudo e todos. Basta um comentário que não os deixam felizes e pronto, o mundo já vira preconceituoso novamente.

Não torço pelo Dourado, muito pelo contrário, não gosto de algumas atitudes dele dentro do programa. Mas fazer campanha para retirá-lo acusando-o de ser homofóbico quando homofóbico mesmo é boa parte dos gays que não conseguem se assumir como tal e viver as diferenças do mundo sem nenhuma dificuldade.

Em um país em que a corrupção reina absoluta, em que a violência extrapola o limite do aceitável, que a falta de estrutua na educação e saúde são impressionantes. Fazer campanha para retirar uma pessoa de um programa de entretenimento e levar isso a sério como se disso dependesse os rumos do país, chega a ser deprimente.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tempos Modernos "engana" o telespectador


Depois de um começo desastroso em termos de audiência, o autor de Tempos Modernos começou a realizar pequenas alterações que o telespectador menos atento não deve ter notado, mas que é fundamental para recuperar a audiência, ganhar fôlego e, o mais importante, não diminuir a impressionante qualidade do roteiro da trama.

O grande diferencial da nova novela das 7 se dava justamente pelo que o título remete, a modernidade. O texto ágil, as histórias curtas e muito bem desenvolvidas e, as sátiras interessantes, com humor ácido e citações clássicas, dão um ar diferente a novela e mostra ser possível criar uma trama nesse formato e com muita qualidade.

Porém, o público rejeitou e, segundo constatação da própria Rede Globo, a rejeição não se deve ao texto, não se deve as citações, enfim, não se deve nem um pouco a modernidade e ao ritmo impostos por Bosco Brasil, o autor. A rejeição ocorreu justamente no formato que era o que menos se esperava sofrer rejeição. Tempos Modernos começou sem lembrar, nem de longe, um folhetim. Como eu já havia dito em outro texto, a trama se aproximava muito mais de séries do que de novelas, simplesmente pelo fato de que as histórias começavam e terminavam num mesmo capítulo, sem grandes aberturas, o que também era um charme.

Aparentemente o público não gostou disso, também, pudera, são anos e anos acompanhando histórias de amor, vingança, morte, inveja, sentimentos humanos e profundos, mas seguindo certa linearidade. É difícil mudar, isso é fato e faz parte do próprio ser humano. O telespectador mostrou mais uma vez que prefere o formato mais tradicional, mesmo que com um texto diferente, rebuscado e muito inteligente, beirando o clássico, o formato deve ser respeitado.

Então, de forma leve, sem grandes alterações, Bosco Brasil decidiu fazer a vontade do telespectador, mas nem tanto assim. O formato de folhetim foi aos poucos sendo inserido na trama, como a história de Dita e Ramon, que é continuada e lembra os romances tradicionais de novela, porém com o dedo clássico que o autor criou e manteve, com referência à música, a romances da literatura. A história central também encorpou e se aproximou do folhetim. Leal e Hélia, uma história de amor que nem o tempo foi capaz de vencer, mas que sofreram e sofrerão durante toda a trama, mas lá está o classicismo, as citações, as frases profundas, as metáforas, o que torna a novela profunda.

Dessa forma Bosco Brasil "engana" o telespectador, pois o público se reaproxima de Tempos Modernos (a audiência sofreu ligeiro aumento na última semana) querendo conhecer as histórias de amor e vingança (como a história de Oto Niemmam) e, sem perceber, continua assistindo a uma trama moderna, cheia de elementos que em nada parece uma novela, com qualidade, com rebuscamento, mas ao mesmo tempo, um folhetim tradicional.

A saída encontrada pelo autor foi brilhante porque conseguiu fazer o que o público gosta de ver sem perder um centímetro da qualidade de Tempos Modernos e isso é um presente e tanto aos que preferem inovação e apostaram e acreditaram na trama das 7.

*Este texto está disponível também no site Famosidades, do MSN Entretenimentos, o melhor site com notícias dos famosos.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

As 10 Melhores Séries da Década

Só para lembrar que é uma lista pessoal e, portanto, minha exclusiva opinião. Sei que muita gente vai discordar e vai achar absurdo algumas faltas, paciência. Mesmo essas sendo as 10 séries da década que eu considero as melhores, gostaria de registrar que Damages e In Treatment também poderiam aparecer na lista. Vamos la:

10 - Cold Case



Lilly Rush e sua equipe investigam os casos antigos e arquivados pela Polícia americana. Muito mais do que simplesmente uma série policial, a trama aborda a vida pessoal dos policiais, os conflitos das personagens que aparecem em cada episódio e mostra uma história muito bem amarrada, com muito mais do que crimes, mas conflitos impressionantes e que mostram a natureza humana e todos os sentimentos que o ser humano passa em cada situação. E a trilha sonora é disparada a melhor entre as séries.

9 - Supernatural



Uma série que trata do mistério, do suspense, do sobrenatural sob um prisma nunca antes visto. Se na primeira temporada a série já chamou a atenção por construir episódios interessantes, mostrando os irmãos Winchester combatendo seres sobrenaturais que estão no imaginário popular, as outras temporadas foram mostrando uma história muito mais complexa, interessante e muito bem amarrada. A vida de Sam e Dean não poderia mesmo ser normais e, mostrar o apocalipse de um ponto de vista tão diferente é o charme da série.

8 - The Closer



A melhor série policial entre todas as franquias. A detetive Brenda dirige um grupo de policiais sérios que não se preocupam de combater os piores criminosos e mais frios assassinos. Mostrando histórias diferentes, mas evolução dos personagens e da Divisão de Brenda, a série mostra como policiais brigam por lugares melhor, as vezes até atrapalham seus colegas e as investigações. Além de tudo, tem uma veia cômica muito interessante.

7 - True Blood



Série de vampiros normalmente são trashs e sem a menor noção de profundidade. Boa parte das séries mostram uma história boboca e só sabem explorar tudo que já foi dito sobre o mundo dos vampiros. True Blood é a grande exceção, com um texto primoroso, personagens muito densos e uma história complexa que enfoca sim nos vampiros, mas mostra várias facetas desses seres que são muito interessantes. É, de longe, a melhor série sobre esse tema e tem uma fotografia que impressiona pela perfeição.

6 - Skins



Única série não americana da lista. Única série não adulta da lista. Mas merecedora tanto quanto qualquer outra nesta lista. Skins é uma série inglesa que mostra o mundo e as dificuldades dos adolescentes britânicos diante da libertinagem excessiva que existe por aqueles lados. Sem pudor, sem pedir licença e sem medo de mostrar cenas de sexo e drogas, Skins faz séries do mesmo tema como a americana The OC e a brasileira Malhação parecerem brincadeira de criança. Além de tudo, mostra realmente as inseguranças, as dúvidas, os problemas que adolescentes enfrentam, sem enfeitar, sem maquiar.

5 - 24 Horas



Jack Bauer surgiu para destronar Chuck Norris. Ninguém imaginava que um policial poderia fazer as coisas que Jack Bauer já fez até hoje ao longo das 8 temporadas. Com um formato diferente, mostrando a cada episódio uma hora infernal da vida do protagonista. Além de tudo, Jack cresceu em conflitos familiares, sempre optando por defender seu país a qualquer custo, mesmo que isso custasse sua família, sua felicidade e, algumas vezes, até a vida de seus melhores amigos. Bauer nunca titubeou em agir pelo bem dos EUA, sem se importar com o seu próprio bem.

4 - Gilmore Girls



A melhor série de humor que eu já vi na minha vida. Essa definição é simplória, uma vez que Gilmore Girls não é simplesmente uma série de humor, é muito mais uma dramédia que conta a história de Lorelai Gilmore e sua filha Rory Gilmore. Com um dos melhores textos da história da TV americana e mundial, a série conquistou legião de fãs ao redor do mundo em suas 7 temporadas e se tornou o programa mais vendido da história do canal CW. Lorelai Gilmore é, sem dúvida, a personagem mais inteligente, com melhores tiradas e mais divertida da TV. Como esquecer a chamada da Warner, com Lorelai simplesmente dizendo: "Pizza, pizza!".

3 - House



Fenômeno mundial. Responsável por desbancar Lost em vendas e entre os programas mais visto em todo o mundo. A história conta a vida de um médico completamente maluco, com métodos diferentes dos demais, esquisofrênico e sem medo de falar a verdade. Ah, e genial. Este é o doutor House. Texto sensacional, episódios apimentados, com humor ácido e sem pudor em fazer críticas sociais, profissionais e políticas, a série conquistou uma legião de fãs pelo mundo e parece que só melhora a cada ano.

2 - Dexter



Única série da TV paga americana a figurar na lista. Aliás, é a única série da TV paga americana a aparecer em listas, vencer prêmios e conseguir uma legião de fãs, sempre a cada episódio com mais gente assistindo. A história do serial-killer que, nas horas vagas, é policial beira a perfeição. Além de contar uma história completamente diferente do que já vimos, a série é complexa, lida com sentimentos profundos do ser humano e mostra a construção das personagens através de sua história de vida, o que torna tudo tão atraente e tão vivo. Além de tudo, não há pudor em mostrar mortes e sangue em excesso, esse é o ponto comum de Dexter, o sangue sempre jorra.

1 - Lost



A série mais impressionante de todos os tempos. Filmes, novelas, literatura sempre existe um produto na área para funcionar como diferencial. Lost é assim nas séries. O mundo das séries está dividido entre antes e depois de Lost. Uma história maluca, confusa, complexa e ao mesmo tempo simples como a nossa, pois mostra a vida e as confusões e complexos de cada personagem que se assemelham tanto aos nossos próprios conflitos. Lost não é simplesmente uma série de ficção científica, ou uma série de mistério. Lost é, sem nenhuma sombra de dúvida, uma série sobre relações humanas, e faz isso com maestria.

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