quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Globo acerta em especiais de Fim de Ano

Nem bem começaram os tradicionais Especiais de Fim de Ano da Rede Globo e nota-se que a emissora de novo acertou na escolha de sua programação para as Festas que comemoram o encerramento do ano de 2010. Na noite de quarta foram exibidos dois e ambos muito interessantes: Papai Noel Existe e Diversão.com marcaram a noite do telespectador brasileiro.

Papai Noel Existe foi o primeiro especial com o tema natalino da emissora. Tendo a excepcional e injustiçada na TV aberta Regina Casé no papel principal, o programa contou de forma descontraída um dia dos vendedores de "bugigangas" no Rio de Janeiro em dias que antecedem o Natal. Um programa leve, despretencioso, mas com um texto rico e bem aprofundado marcaram a atração.

Como tudo que tem a marca de Regina Casé, o programa prezou pela fuga dos clichês e mesmo falando de Natal, da pobreza e do sonho do Papai Noel, temas recorrentes neste período, conseguiu falar de tudo isso sob uma ótica um pouco diferente e, principalmente, sem apresentar nenhum tema de forma caricata ou sonhadora ao extremo.

Destaque para Regina Casé e Rodrigo Santoro que formaram um casal divertido, leve e com muita química. Rodrigo Santoro, aliás, que é um baita desfalque para a televisão brasileira, sensacional ator, cheio de elementos e que constrói personagens como poucos. A cena em que ele mostra toda sua revolta com o Natal e tenta convencer o menino que Papai Noel não existe e, chorando, fala um pouco sobre as dificuldades dos pobres neste período por ver todos fazendo compras e ele não podendo, foi muito interessante. Além disso, lembrar da música de Natal marcante em sua infância foi ótimo. Parabéns aos envolvidos no Projeto, muito bom.

Diversão & Cia foi um pouco diferente. Apresentou um grupo de publicitários que trabalham para uma grande empresa e que, cada personagem tem sua ótica de trabalho e seus problemas pessoais, além de características próprias que moldaram o episódio especial. Apesar de ter sido muito mais raso que o anterior, o programa foi leve e muito bonito de se assistir. O objetivo, evidentemente, não foi de transmitir cultura 'cult' para o público, apenas um passatempo gostoso. E atingiu o objetivo.

O texto divertido - sem nenhum nexo e com personagens completamente irreais o que deu charme ainda mais para a história - somente poderia vir de alguém com o brilhantismo de Juca de Oliveira, um monstro da TV e que apresentou seu primeiro projeto como autor para a Globo. Começou muito bem. 

O elenco não foi formado propriamente por um grupo de primeiro escalão, mas impossível não destacar as ótimas atuações do trio Márcio Gárcia, Christine Fernandes e André Gonçalves, todos muito bem e infinitamente superiores ao restante do elenco. A história foi toda amontoada, é verdade, muita informação ao mesmo tempo e até difícil de acompanhar em alguns momentos, mas tudo muito bem amarrado e por isso valeu a pena assistir.

Que os próximos continuem tão bons quanto estes. E vocês, gostaram?

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Do Sucesso ao Fiasco: essa foi A Fazenda 3

Quando começou poucas pessoas apostaram que a 3ª edição do principal Reality Show da Record conseguiria algum sucesso. Após o fracasso que foi a edição anterior, A Fazenda 3 veio com a clara missão de tentar recuperar o prestígio e a repercussão midiática do formato, caso contrário, seria a última pá de cal necessária para acabar com o projeto.

Mas bastou uma semana e aproximadamente 4 centenas de brigas - naturais ou não, isso já foi debatido e não vem mais ao caso - e o Brasil mudou o foco da discussão. A disputa eleitoral caiu para segundo momento em alguns casos e A Fazenda passou a ser o alvo de todos os principais veículos de comunicação do país. Uma repercussão jamais vista em edições anteriores e, em alguns momentos, comparada as de Reality Shows da Rede Globo.

E os dias foram passando, a direção da emissora passou a tomar cuidado com a edição, na tentativa de criar uma novelinha que agradasse o público. O roteiro? Claro, as brigas constantes de participantes tresloucados como Santa Cruz, Sérgio Malandro e Nany People. As brigas eram tantas todos os dias que chegou um momento que passou ser impossível acreditar que tudo aquilo fosse real, a menos que todos ali fossem um bando de loucos.

De qualquer forma, o programa ganhou em repercussão e, com isso, também em audiência, principalmente no Rio de Janeiro onde conseguia liderar praticamente todos os dias. Em São Paulo o desempenho foi mais modesto, mesmo assim, os resultados ficaram muito acima da 2ª e catastrófica edição do programa. Aí, o público começou a votar e eliminar todos os polêmicos da casa. Um a um eles foram saindo e tirando a graça do Reality.

Com isso, a final não poderia ser diferente. Um fiasco completo. E em todos os sentidos. Uma péssima edição fez o programa final ser arrastado, lento, cansativo e sem a menor graça. Os 3 finalistas não tinham o menor carisma e, por conta disso, pouco interessou saber quem ganhou ou quem perdeu. Para piorar, Brito Jr esteve péssimo, parece que completamente perdido em suas funções.

Em audiência, o programa que conseguiu liderar ao menos uma vez em praticamente todos os dias da semana - exceção talvez para a segunda-feira - foi um completo horror. Enquanto disputou com As Cariocas, a final do Reality perdeu por 05 pontos de diferença (21 a 16) e somente no cômputo geral é que conseguiu vencer a Globo porque ficou no ar até madrugada. Ainda assim, 17 pontos de média foi a pior audiência para a final de A Fazenda e mostra a queda contínua, preocupante, mesmo que a média final de 15 pontos seja maior que as anteriores (14 e 10 respectivamente). A linha decrescente preocupa.

As Cariocas 1x10: A Traída da Barra

Foi exibido ontem pela Rede Globo o último episódio da série que deu o que falar neste último trimestre do ano. As Cariocas. Muito antes da estreia, algumas pessoas já afirmavam categoricamente que a série tinha tudo para ser um desastre de audiência e a emissora estava dando um tiro no pé colocando um produto com este formato para competir com a principal atração da Rede Record, A Fazenda.

Mal sabiam estas pessoas que Daniel Filho não estava para brincandeira e, no auge de sua inspiração, voltava a TV como produtor de uma série bem diferente de tudo que já foi visto e, logo de cara, atrairia completamente a atenção dos telespectadores. Sem medo de errar, em 10 episódios, ele muito mais acertou do que errou, felizmente.

Em A Traída da Barra, a Globo deu uma missão à série: competir com a final de A Fazenda. E o episódio não deixou por menos. De extremo bom gosto, ele brincou com todos os clichês conhecidos em relacionamentos que tratam de traição e o fez com maestria. Foram seqüências e mais seqüências em que o óbvio abria espaço para os diálogos divertidos e muito bem elaborados. A narração, que patinou feio no episódio anterior, estava afinado com o texto e os acontecimentos, mas muito mais do que isso, voltou a ter o humor afinado que sempre gostamos.

Mais do que acompanhar a saga de Maria Tereza pela noite da Barra, desiludida com o marido, irada e com desejo de traição por pura vingança, o que chamou a atenção no episódio final da série foi as situações em que a protagonista se meteu tentando se vingar. De esposa devotada a mulher entrando num carro para uma noite a três, ou quatro, ou cinco, até mulher buscando conselhos - e também aconselhando - o trio mais maluco de prostitutas que o Rio de Janeiro já viu, tudo foi muito bem montado.

Além da deliciosa história, o público ainda foi brindado com a volta de Angélica para a dramaturgia. Afastada deste formato desde o fim da novelinha de seu programa na Globo (lembram da Fada Bela?), Angélica continua com a impressionante química diante das câmeras. É bem verdade que ela não domina completamente as técnicas de atuação e também, às vezes, exagera em algumas expressões. Mas quem precisa de técnica de atuação quando se tem um carisma como a Angélica? Além do que, ela continua com impressionante timing para o humor. Nota 10.

Nota 10 mesmo quem merece é Daniel Filho por devolver a televisão um formato tão interessante e, mais do que simplesmente apresentar uma série de qualidade, ele permitiu mostrar a todos que há novo fôlego para a TV brasileira. As séries vem se mostrando um formato interessante e As Cariocas foi prova disso. Ficará em nossa memória.

Em tempo: o episódio final de As Cariocas registrou média de 22 pontos contra 17 pontos da Rede Record

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um ano razoável para a Record

Mais um ano terminou e, óbvio, novamente o adiamento da cúpula da Record para o tal primeiro lugar consolidado da emissora. A subida vertiginosa que a Rede teve na primeira metade da década empacou e, inclusive, sofreu pequena queda nos últimos anos, aproximando-a muito mais do SBT na briga pela vice-liderança do que propriamente da Rede Globo na disputa pelo primeiro lugar.

Especificamente em 2010, a emissora de Edir Macedo conseguiu estancar a queda gradual que vinha ocorrendo desde a segunda metade de 2008 e em todo o ano de 2009. Ainda assim, não é possível afirmar que houve um balanço positivo do ano para a Record. De uma maneira geral foram poucos os programas que funcionaram e conseguiram atingir a meta e, menos ainda, os programas que conseguiram efetivamente brigar pela liderança, que é a meta da cúpula na Barra Funda.

A começar pela teledramaturgia que recuou drasticamente não apenas no quesito audiência, mas principalmente na qualidade. Uma emissora que chegou a cogitar três horários para telenovelas e que conseguiu audiência de até 25 pontos em suas obras se contentar com apenas uma novela inédita no ar com média discreta de 11 pontos de audiência não pode ter um saldo positivo. Ribeirão do Tempo não conseguiu emplacar na audiência, não caiu no gosto da crítica e, portanto, não conseguiu nenhuma repercussão. Muitas pessoas sequer sabem o nome da novela da emissora. E a minissérie? A História de Ester foi um dos maiores fiascos da história recente da teledramaturgia no Brasil. Péssimo texto, péssima direção, interpretação pior ainda e audiência, claro, horrenda.

No telejornalismo a emissora não mudou em nada. Seus programas populares conseguiram altos picos apenas em grandes tragédias que aconteceram ao longo do ano utilizando o expediente da exploração da tragédia humana, o que mostra que, nesta matéria, a emissora é muito mais 'populista' e menos profissional que a concorrente, Globo. O principal telejornal sofreu um 'up' com a presença de Ana Paula Padrão, ganhou em qualidade, mas não em audiência, ao contrário, chegou a perder algumas vezes para o SBT.

Os programas de entretenimento tiveram dois tipos: os que fizeram sucesso e os fiascos. Rodrigo Faro e o seu O Melhor do Brasil explodiram durante o ano de 2010. O quadro em que o apresentador dança fez muito sucesso em todo o país e, além de dar números impressionantes de audiência - beirando os picos de 20 pontos - alcançou vasta repercussão da mídia. Em compensação, O Programa do Gugu ainda não disse a que veio. Perdendo constantemente para Sílvio Santos, o apresentador mudou de horário e ainda não conseguiu se firmar durante as tardes, disputando a audiência ponto a ponto com Eliana.

Os Realities, de uma maneira geral, também foram discretos. O Aprendiz com novo comando foi um fiasco. Pior audiência da história do programa, críticas para todos os lados e um final mais do que discreto, mas infeliz mesmo. Ídolos, lançado para as madrugadas da emissora, sempre tentava beliscar a liderança, mas com modestos 08 pontos de audiência, o horário prejudicou muito e, por isso, repercussão nenhuma. O único que se salvou entre os realities foi A Fazenda que vem alcançando constantemente a liderança, além de ser o assunto mais falado do momento.

De uma forma geral, a Rede Record não tem muito o que comemorar em 2010. Ano discreto, sem crescimento e que conseguiu apenas estancar a queda que vinha ocorrendo e se firmar na vice-liderança. Será que 2011 será um ano melhor?

domingo, 19 de dezembro de 2010

A inovação chega a Passione

E não é que Sílvio de Abreu conseguiu inovar mesmo em meio à sua trama mais confusa? Passione mostra capítulo após capítulo que é, de longe, a novela mais fraca do autor - o que não significa que ela seja necessariamente ruim, não é - e que, infelizmente, desta vez Sílvio de Abreu não foi capaz de escrever um roteiro que atraísse a atenção do telespectador.

No capítulo deste sábado, o autor colocou no ar a cena que muita gente duvidou quando a mídia jogou a notícia no ar. A morte da protagonista da história, Diana (Carolina Dieckman). Gostem ou não, isso foi de uma coragem absurda, afinal, é muito raro a mocinha de uma novela morrer ao invés de vencer tudo e todos e "viver felizes para sempre". É bem verdade que não é a primeira vez, mas isso é muito raro e, também é verdade que Diana nunca agradou o público, ao contrário, sempre foi uma das personagens mais rejeitadas na telenovela.

Mesmo assim, a morte da personagem caiu como uma bomba diante do público que reclamou na Rede Globo durante a semana toda que antecedeu a fatídica cena. Cena esta que foi muito criticada nos veículos de comunicação, provavelmente porque os jornalistas já estão propensos a criticarem tudo que vem de Passione, uma vez que a cena foi, além de muito bem conduzida pela direção, rica em atuação de ambos os atores (Dieckman e Rodrigo Lombardi), mas acima de tudo, teve um texto cuidadoso, emocionante e rico.

Rodrigo Lombardi não está bem como Mauro, aliás, muito abaixo do bom desempenho que teve em Caminho das Índias como Raj, mas em especial nesta cena ele soube colocar para fora toda a emoção que a cena e o personagem exigiam e por isso merece os parabéns. Carolina Dieckman já não precisa mais provar nada a ninguém, é uma boa atriz e, mesmo num papel complicado, uma personagem meio vazia e sem graça, ela conseguiu dar um desempenho interessante. Nesta cena, ela esteve muito bem, conduziu com talento seus minutos finais na trama.

A morte de Diana pode não mudar os rumos da teledramaturgia no Brasil, certamente não vai. Mas representa a lembrança de que Sílvio de Abreu é um autor corajoso, ousado e que não se importa em fugir do comum e desagradar os telespectadores e crítica, desde que seja para construir uma história interessante dentro de seu folhetim. Isso pode ter sido o grande momento de Passione.

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