Esperei alguns episódios da atual edição de O Aprendiz serem exibidos a fim de publicar esta crítica. Confesso que, no início da semana, ao conversar com um leitor sobre o tema, eu ainda estava um tanto quanto receoso sobre o caminho a seguir neste texto, por isso, decidi olhar mais um pouco para a produção tentando ser menos crítico, mas não é possível.
É preciso entender que este blog sempre foi fã do formato e, desde a primeira edição, ainda sob o comando de Roberto Justus, me tornei fã de carteirinha do programa sem perder um único episódio das três primeiras edições. Se no ano passado, primeira temporada com o comando de João Dória Jr, o programa sofreu bastante pela falta de pulso, rumo e de encontrar uma nova identidade, na atual edição tudo isso está sobrando, o que poderia ser um elogio, mas não é.
Uma edição muito mais carregada, impulsiva e com cortes diferentes vem dando o tom da atual temporada. O público não vê traços do João Dória Jr. inseguro que foi visto em 2010, antes, em praticamente todas as salas de reuniões ele distribui patadas a seu bel-prazer, provocando e incitando todo tipo de polêmicos junto aos participantes.
Toda essa carga emocional, tantas polêmicas e inúmeras polêmicas poderiam ser a chave para o sucesso da atual temporada, porém, elas são as responsáveis pelo imenso fracasso registrado não apenas nos números de audiência, mas principalmente na repercussão. Tudo porque, evidente, o público não engoliu tudo isso de forma tão rápida, essa mudança brusca de postura não transmitiu verdade e todos resolveram ignorar.
Também, pudera. Um dos Realities mais inteligentes da TV aberta nacional que sempre teve um público muito mais reflexivo e detalhista se lançou de corpo e alma para uma edição perigosa, transformando os participantes em personagens típicos de folhetins, lançando mão do maniqueísmo com vilões e mocinhos, criando polêmicas inexistentes e esforçando-se para focar mais nas confusões que no trabalho propriamente dito.
João Dória não consegue transmitir a verdade que sua postura tenta mostrar. Espelhando-se num chefe duro, de pulso firme das mais mexicanas novelas, ele erra completamente ao vislumbrar frases de efeitos e tocar em problemas de relacionamento do grupo ao invés de mostrar-se o profissional qualificado para enxergar novos talentos empreendedores. Um desperdício de tempo.
Transformar O Aprendiz em novela foi um erro sem precedentes da Record que apostou num público mais popular, mas errou a mão e perdeu o telespectador mais fiel do Reality e, agora, certamente, não vai conseguir recuperá-lo.