sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O grande acerto da Globo: O Astro

Chega ao fim nesta sexta-feira a novela que inaugurou a nova faixa de horários de folhetins - um por ano - da Rede Globo, O Astro. Produção que chegou sob a justificativa de comemorar os 60 anos da Teledramaturgia no Brasil, mas que na prática, foi conduzido para barrar a produção concorrente, A Fazenda, na Rede Record e que, além de realizar plenamente seu objetivo, venceu as barreiras e fez com que a emissora vislumbrasse um novo horário para telenovelas.

Desde que estreou, a produção remake do original de Janete Clair assinada atualmente por Geraldo Carneiro e Alcides Nogueira sempre conseguiu chamar a atenção de todos - crítica e telespectador - com um texto carregado, caminhando muito mais para o melodrama do que para a realidade, os autores optaram o tempo todo pela homenagem a 6ª década do gênero com texto pesado, exagerado e sempre muito forte. Caminho também escolhido pelo diretor Mauro Mendonça Filho e que inovou ao criar cenas atemporais e cortes muito rápidos que mais lembravam séries.

O elenco de O Astro foi uma grata surpresa. Ao parar para pensar, todo o cast não foi formado por atores e atrizes consagrados pela crítica, mas que tiveram oportunidades de ouro e conseguiram se sobressair. Rodrigo Lombardi e Carolina Ferraz sempre com muita química foram um ótimo casal protagonista e praticamente todos no elenco tiveram seus momentos: Fernanda Rodrigues, Carolina Kasting, Rosamaria Murtinho, Daniel Filho, Thiago Fragoso, Alinne Moraes e tantos outros brilharam na tela.

Porém, em se tratando de elenco, três foram os grandes destaques do folhetim: Humberto Martins que fez, sem dúvida, seu melhor personagem na TV ao defender Neco de forma eficaz, dois tons acima da realidade e que deram todo o charme do personagem; Marco Ricca optou por interpretar um vilão com os pés no maniqueísmo, mas fez isso com tamanha leveza, com cuidado, quase sem expressões, um acerto e tanto que merece aplausos; e Regina Duarte, a dona de O Astro. Clô Hayalla foi, disparada, a melhor personagem da trama graças a Regina que desenhou sua personagem completamente mexicanizada, cheia de caras e bocas, gritos, afetamentos e que deu muito charme para a personagem e conquistou o público de cara.

Chega ao fim, portanto, a melhor produção de telenovelas do Brasil em 2011 ao lado de Cordel Encantado e prova que, quando aceita inovar, a Rede Globo sabe o que faz e fez muito bem em O Astro.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Classificação Indicativa: O Golpe Judiciário

Desde sempre existiu na TV brasileira o que chamamos de Classificação Indicativa. Algo válido e que deveria ser muito bem utilizado para servir de apoio para que o telespectador tenha como definir o que deve e o que não deve assistir. A classificação indicativa no país é através de faixa etária, portanto, muito clara para o público e não há qualquer dificuldade de compreensão.

Ocorre que, desde o início da última década, essa classificação ganhou ares de legislação e censura e, o pior, ninguém vem fazendo nada para modificar isso que vai crescendo, crescendo, cada vez mais e já ultrapassou a linha perigoso há muito tempo, por isso é necessário que todos os apaixonados por televisão se unam contra este tipo de postura.

A classificação indicativa deve servir exclusivamente para que o telespectador - e apenas ele - decida se o programa deve ou não ser sintonizado em sua residência. Se uma novela tem um acidente, ou mostra pessoas bebendo e a classificação indicativa para isso seja, digamos, acima de 12 anos, os pais é quem devem decidir se seu filho de 11 anos pode ou não ver o programa. O papel da TV é divulgar amplamente que o programa não é recomendado para pessoas com menos de 12 anos.

O judiciário vem dando uma espécie de Golpe de Estado contra a arte - exatamente o que o Regime Militar fazia - ao tentar ele próprio legislar sobre o conteúdo da TV. Beira o ridículo que juízes e promotores ameacem tirar programas de TV no ar por, na concepção deles, ferirem os bons costumes da família e incitarem algum tipo de preconceito ou violência. O caso do Zorra Total em que tentaram tirar do ar o quadro de Valéria e Janete no metrô é emblemático.

Não é papel da TV decidir o que cada telespectador deve assistir e também não é papel do Estado, isso é de inteira responsabilidade do próprio telespectador e este direito universal deve ser respeitado. Se a censura da arte é prejudicial aos artistas, pois o inibem a ousarem e investirem na imaginação, também é prejudicial à população, pois a impede de aprender a refletir sobre o que vê e, por conta própria, escolher sua programação. O Estado não pode tirar dos pais o direito de educar seus filhos da maneira como julgar necessário, desde que não fira os direitos das crianças e dos adolescentes.

É preciso dar um basta nesta censura disfarçada que lembra um Golpe de Estado e transforma todos - veículo e público - em meros fantoches nas mãos do Poder Judiciário que insiste em querer determinar por si só os caminhos da televisão no Brasil. Isso é perigoso e o fim certamente será dos piores se não houver uma interferência e rápido.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Record afundou Rebelde

Há não muito tempo, a Rede Record lançava com pompas seu novo produto de teledramaturgia, um remake da bem sucedida novela teen mexicana, Rebelde. A emissora prometeu grandes investimentos, uma batida mais pop e com ares muito mais brasileiros, tentando conquistar jovens, adolescentes e até crianças com um estilo de mais carga com conflitos próprios para a idade.

Pouco tempo depois, ainda que a produção não tenha a qualidade prometida, a emissora decidiu priorizar os Jogos Pan Americanos e, com isso, modificou toda sua grade de programação sem planejamento algum. Rebelde já passou por praticamente todos os horários da faixa nobre e, sem nenhuma possibilidade de fidelizar seu público, atualmente vem sofrendo na audiência quase sempre fechando em 3º ou até mesmo em 4º lugar de audiência, ultrapassando assim A Fazenda e a novela do SBT Amor e Revolução como o maior fracasso de 2011 na TV.

De fato, o folhetim não tem a qualidade desejada e, desde a estreia, nunca chegou a cair no gosto popular, mesmo que haja uma boa quantidade de fãs, em número de audiência a novela não conseguiu empolgar em nenhum momento e muito disso devido aos problemas no roteiro, no elenco e, principalmente, na direção falha e, sem dúvida, isso prejudicou.

Mesmo assim, uma emissora que não tem vergonha de dizer que tem a intenção de ser a líder de audiência não pode simplesmente colocar um de seus principais produtos nos mais diversos horários sem nenhum planejamento ou organização. É preciso que a Record entenda não poder simplesmente priorizar um evento em detrimento de sua grade de programação, ao contrário, o evento - que sempre é curto - é que deve se adaptar a grade da emissora porque a fidelização do público é pela grade e não por um único evento.

Sem essas práticas, a Record voltou a cometer erros primários, prejudicou sua programação e, quem mais sofrendo neste momento, é a novela Rebelde, tão alardeada como uma grande produção e que está afundada graças a falta de planejamento da emissora.

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