quinta-feira, 3 de maio de 2012

Cassia Kis mostra todo seu talento

As grandes dificuldades de uma boa atuação dependem de uma série de fatores que, quando não são muito bem combinadas e alinhadas da forma correta, degringolam por um caminho bastante perigoso e que pode representar resultados pouco satisfatórios. Quando um ator ou atriz compõe seu personagem ele precisa levar em conta todos estes fatores - externos e internos - para que, ao ir ao ar, essa personagem transmita verossimilhança e atinja seu objetivo fundamental.

Cássia Kis é, no momento, a maior representação desta dificuldade. A atriz já deu mostras de sua extrema competência nos mais diversos momentos da TV brasileira e, agora, encarnando a vilã pérfida Melissa de Amor Eterno Amor o público mais uma vez sente latente o talento quase inesgotável desta atriz que alcançou a maturidade profissional diante do próprio público.

A atriz compôs uma vilã extremamente rica e que, ainda que não tenha uma história que permita uma profundidade maior, tem muitas camadas. A vilã do folhetim das 18 Horas certamente foi muito enriquecida pelo brilhante trabalho de composição de Cássia que vai fundo em seu trabalho e consegue causar todo tipo de emoção ao telespectador. Não há excessos enquanto a atriz aparece em cena, a sua interpretação firme e bastante maniqueísta, exatamente como a personagem exige, é o que dá o oxigênio da trama.

Porém a prova das dificuldades na composição de uma personagem ocorre ao olhar para a mesma atriz em Morde e Assopra, seu trabalho anterior. Dulce, sua personagem, caiu nos erros da direção e tornou-se absolutamente caricata e muito longe da realidade. Por mais que os valores morais que a personagem passasse ao longo dos capítulos fosse de uma verdade inabalável, nada ali funcionava.

Dulce foi um equívoco completo e menos por culpa da atriz. Ao escrever a personagem, Walcyr Carrasco pensou no paladino da moral e, seu diretor, ao trabalhar nas características físicas pesou a mão para "enfeiar" a personagem, deixando-a como uma animação. Com tantos recursos externos equivocados, Cássia tornou Dulce uma personagem caricata e cheia de equívocos. Não houve cena em que Dulce estivesse presente em que o exagero não fosse a marca registrada.

Os caminhos de um ator ou atriz passam pelas mãos do autor e também de um diretor inspirado. Raros são os profissionais de interpretação que conseguem se destacar positivamente tendo em mãos textos fracos ou diretores equivocados. Cássia Kis mostra, em Amor Eterno Amor que, com uma personagem bem escrita e delineada, ela sabe realizar um construção das mais competentes.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Comparativo de Audiência - 18 Horas - média parcial

Média-parcial diária de novelas das 18 Horas até o capítulo 50


Amor Eterno Amor: 22,10
A Vida da Gente: 21,86
Cordel Encantado: 24,60
Araguaia: 21,38
Escrito nas Estrelas: 25,66
Cama de Gato: 24,44
Paraíso: 22,78
Negócio da China: 20,98
Ciranda de Pedra: 22,10
Desejo Proibido: 20,70
Eterna Magia: 26,02
O Profeta: 31,88
Sinhá Moça: 31,06
Alma Gêmea: 36,26
Como uma Onda: 25,16
Cabocla: 32,94
Chocolate com Pimenta: 36,32
Agora é que são Elas: 26,02
Sabor da Paixão: 25,50

Máscaras peca por não conhecer seu público

Com quase 20 capítulo exibidos, já é possível fazer uma análise mais apurada da nova novela das 22 horas da Rede Record. Tendo como marca principal a assinatura de um dos mestres da teledramaturgia no Brasil, Lauro César Muniz, Máscaras estreou cercada por polêmicas e mistérios. Nesta mais de uma dezena de capítulos exibidos, contudo, não disse a que veio.

Quando Lauro César afirmou em praticamente todas as entrevistas antes da estreia de sua obra que estava cansado da mesmice da teledramaturgia nacional e que ele iria inovar, fazer algo diferente de tudo que se viu, certamente não estava brincando. Poucas vezes na TV brasileira se viu algo tão ousado para um início de telenovela e isso é um grande mérito do autor e também de toda a equipe que assumiu os riscos, e eles não eram poucos.

Contudo, ousadia é apenas uma qualidade das muitas que são necessárias para se fazer um produto desta dimensão. Lauro César também disse que Máscaras é sua obra mais autoral e, talvez, seja este o grande problema. Ao dar de ombros para o público mediano da telenovela brasileira e apresentar um produto de tamanha complexidade, o autor ignora o receptor, pensa apenas em si - o transmissor - e aí, o caldo entorna.

Um dos conceitos mais simples de semiótica é justamente este. O transmissor se fazer entender pelo receptor, sem isso não há comunicação. Este é o mal que assola Máscaras. É exigir demais que a média do telespectador brasileiro - que trabalha 8 horas por dia, enfrenta mais 2, 3 horas de trânsito, tem conta para pagar, filhos para criar - entenda algo tão bem elaborado e que não dá qualquer sinal de se querer entender.

É impossível dizer que a novela seja ruim. Muito longe disso, a qualidade do texto é gritante - pena que a direção não acompanhe este trabalho e faça uma composição bem aquém do esperado - porém, isso não é suficiente. Em termos mais simples, seria como exigir que um aluno mediano da 5ª série do Ensino Fundamental seja obrigado a ler Machado de Assis e compreender. 

Novela não é Literatura. Televisão não é escola. Se há ruídos de comunicação, se há complexidade demais, o telespectador faz o óbvio, troca de canal. E é o que vem acontecendo e a tendência é piorar caso algo não aconteça para mudar os rumos da narrativa do folhetim. Por mais que haja um elenco esforçado, e há - com grande destaque para Paloma Duarte, de novo roubando a cena - a linguagem da novela soa como um ruído imperceptível à compreensão da maioria do público.

Lauro César Muniz vem fazendo uma ótima trama, mas não é uma ótima novela. Porque, um dos papéis da novela, é o de entreter o telespectador. Evidente que o formato é cultural, é artístico e deve enriquecer quem assiste. Mas as escolas são provas de que não se adquire cultura artística de forma obrigatória e, na televisão principalmente, se não se consegue falar para que o público entenda, ele foge e a culpa é de quem fala, não de quem ouve. A fuga do telespectador é culpa de Máscaras que fala, fala, mas ninguém entende.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Comparativo de Audiência - 21 Horas - média parcial

Média-parcial diária de novelas das 21 Horas até o capitulo 30


Avenida Brasil: 36,07
Fina Estampa: 38,07
Insensato Coração: 31,37
Passione: 31,40
Viver a Vida: 36,43
Caminho das Índias: 34,17
A Favorita: 35,30
Duas Caras: 37,30
Paraíso Tropical: 37,10
Páginas da Vida: 48,63
Belíssima: 47,27
América: 45,43
Senhora do Destino: 46,50
Celebridade: 42,70
Mulheres Apaixonadas: 40,10
Esperança: 39,13

Os Exageros do Fantástico

A briga pela audiência na TV aberta brasileira praticamente inexiste. São raros os momentos em que a Rede Globo tem sua liderança ameaçada e, por praticamente todos os horários ao longo do dia, reina absoluta com larga vantagem sobre a concorrência. A média-dia mostra que os números da líder são praticamente iguais à soma de todas as outras emissoras, uma vantagem e tanto.

Contudo, o domingo é bastante diferente. A briga é muito mais próxima e quase acirrada. É bem verdade que a Rede Globo também termina líder em praticamente todos os horários, mas vê a concorrência bem mais de perto. Com os números em queda há alguns anos, um de seus programas dominicais, o Fantástico, vem tentando se reinventar a fim de sobreviver na grade, tarefa que não é fácil e, por isso mesmo, comete alguns deslizes.

Um deles foi cometido na edição do último domingo (29/04). É impensável acreditar que um programa do quilate do Show da Vida e que mantém o padrão Globo de Qualidade possa ter ultrapassado a linha do jornalismo investigativo e invadido a exploração da miséria humana, mas foi o que aconteceu. Em diversas reportagens, diga-se.

A cobertura sobre o acidente envolvendo o cantor Pedro, filho do sertanejo Leonardo, foi das coisas mais insensíveis já mostradas pela emissora em toda sua história. Não se fazia necessário um tempo tão grande num assunto assim e nem entrevistas apelativas que levavam as pessoas às lágrimas. Tudo por audiência e de extremo mau gosto.

Tal qual a entrevista com o menino Sean. É bem verdade que esta não foi uma reportagem produzida pelo programa, mas comprada da NBC, emissora americana que entrevistou o garoto. Ainda assim, foi levantar uma polêmica desnecessária e uma tentativa de criar rixas entre os que apoiam a avó e os que apoiam o pai de Sean. Em nenhum momento, nem a NBC ao produzir a entrevista e nem o Fantástico ao levá-la ao ar, pensaram no bem estar de Sean.

Você percebe que a TV brasileira passa por um momento delicado quando um dos principais e mais influentes jornalísticos do país caminha pelo exagero e pelo sensacionalismo. A esperança de todos é que não tenha se transformado em regra, antes, seja apenas um escorregão e que tudo volte ao normal já na próxima semana porque desacreditar do Fantástico não seria das melhores coisas para a TV.

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