sexta-feira, 23 de julho de 2010

Turma da Mônica prova que criança ainda é criança

A Globo estreou na última semana a excelente animação Turma da Mônica, numa parceria com o criador do grupo, Maurício de Sousa, a emissora tentou resgatar a tradição de desenhos infantis inocentes e que tenham conteúdo cultural para as crianças.

A escolha foi perfeita, afinal, ninguém melhor que a Turma da Mônica para representar isso no cenário brasileiro. Os gibis da turma são lendários e já estão chegando na terceira geração de fãs e leitores. Minha mãe lia as histórias criadas por Maurício de Sousa, eu li durante toda a infância e adolescência as aventuras de Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e companhia e agora, já tenho um sobrinho que também passa por esta fase.

Quem conhece - e quem não conhece? - as histórias sabe que não são simples "historinhas" para crianças. Sem conteúdo, vazias e com o objetivo de distrair. Ao contrário, os gibis normalmente apresentam histórias aprofundadas, mostrando a realidade no cotidiano infantil e propondo - sim propondo - discussões interessante entre as próprias crianças. Maurício de Sousa sempre soube dialogar com as crianças através do mundo da Turma da Mônica e fez com que gerações entendessem muito de cultura e aprendessem a gostar de leitura.

Agora, este mundo está sendo transferido para a TV. E, ao menos no primeiro episódio, com um louvável sucesso. A jovialidade, marca das histórias, foi mantida, mas a linguagem teve de ser modificada, afinal o veículo era outro. Mesmo numa linguagem diferente, o que se viu na estreia - no último sábado - foi uma história densa, interessante e que a todo mundo chamava a atenção do telespectador, sempre com as mesmas tiradas interessantes.

Ao fim do primeiro episódio, o que se viu na repercussão da internet foi que o público aprovou a ideia. A audiência não nega, afinal Turma da Mônica estreou numa manhã de sábado com incríveis 10 pontos de média e picos de 12, muito bom para o horário em que ninguém consegue sequer se aproximar dos dois dígitos. Isso mostra que, num tempo em que todo produto para as crianças ou é violento ou de cunho sexual, as crianças ainda gostam de produtos infantis, com inocência e informação importante.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ribeirão do Tempo cheira a mofo

A princípio, quando a novela Ribeirão do Tempo sofreu grave queda de seus índices com o fim de Bela, a Feia, muitos especularam que era uma queda natural, fuga de telespectadores que acontecem em todas as novelas, e isso é verdade. Porém, o problema da principal da trama da emissora é outro.

Já se passaram muitos e muitos capítulos e Ribeirão do Tempo segue dando audiência bem abaixo do registrado, cerca de 30% abaixo da meta estabelecida pela cúpula da Record. Números que são preocupantes, já que no horário, praticamente todas as novelas da emissora conseguiram índices muito bons, enquanto a atual na maioria das vezes sequer consegue registrar dois dígitos.

Já com a história consolidada, é possível notar os motivos que afugentam o público que já estava acostumado a assistir telenovelas na emissora. Ribeirão do Tempo aposta em elementos que transformam qualquer folhetim em um produto desinteressante para o telespectador e, consequentemente sem apelo algum em busca da audiência mais equilibrada.

A obra aposta basicamente num mesmo ingrediente que a nova novela das 7 da Globo, Tititi, uma história antiga, moldada e construída numa narrativa que era muito utilizada na década de 80 em que as novelas faziam muito sucesso. A diferença fundamental entre as duas, no entanto, é que a trama global conseguiu utilizar estes elementos antigos e dar fôlego, ou seja, criar um visual atual e moderno, assim, o telespectador mal percebe que está envolvo a um tipo de dramaturgia antigo. Já Ribeirão colocou todas as suas garras num formato de mais de 20 anos e que não interessa mais a praticamente ninguém, principalmente pela falta de inovação, de ousadia e de modernidade.

Não serão tiros que salvarão a novela da Record. Não será adrenalina nem violência. Ribeirão do Tempo precisa de uma guinada em seu formato. É preciso que Marcílio Moraes perceba que seu público não quer uma história mofada e sem nenhuma identificação com os dias atuais, com ou sem apelo de violência, é preciso que as cenas sejam pensadas pela cabeça de um telespectador que vive no século 21 e não admite mais uma história modorrenta como a de Ribeirão do Tempo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O destaque em Ti ti ti é o texto

Foram meses de expectativa. Desde que a Rede Globo anunciou que faria o remake de um dos maiores sucessos da década de 80 não se falou em outra coisa. A geração que viveu a época falava com muito amor e carinho do folhetim e a nova geração na expectativa para conhecer um trama antiga e cheia de elementos de um gênio da teledramaturgia, Cassiano Gabus Mendes. Finalmente nesta segunda-feira estreou a nova novela das 7, Ti ti ti.

Com tamanha expectativa era difícil prever o que poderia acontecer. Mas já nos primeiros minutos o que se pôde notar é que o humor mesclado a inocência está de volta para o horário das 7. Maria Adelaide Amaral, que assina o remake, soube manter a estrutura narrativa da obra, porém, deu com brilhantismo um ar jovial a novela, conseguindo utilizar um tema sem tanto apelo de forma eficaz para atrair a audiência.

Uma estreia forte, é assim que pode-se classificar o primeiro capítulo de Ti ti ti. Um elenco não estelar, mas repleto de nomes consagrados da televisão brasileira poderia dar o tom desta estreia, mas não foi o que houve. Se fosse possível apontar o maior destaque da nova aposta da Globo, sem dúvida foram os diálogos. Texto primoroso, diálogos no tom correto, sem soar falso, exagerado ou clichê, a autora conseguiu criar um clima de ficção mesclada a realidade, o que torna tudo muito mais charmoso.

Outro ponto alto desta agradável estreia foi uma surpresa, ao menos para mim. Após exagerar e errar a mão em Caras e Bocas, o diretor Jorginho Fernando acertou em cheio na direção e edição deste capítulo. Os cortes, os ângulos filmados, e até os efeitos especiais, tudo foi cuidadosamente preparado para dar o clima que o tema principal da novela - a moda e a briga entre dois estilistas - não diminuísse nem um pouco. Uma direção que saltou aos olhos pela excelência.

No elenco alguns destaques. Murilo Benício que se livrou sem nenhuma dificuldade de seu mais recente personagem o tenente Wilson de Força-Tarefa, e compôs com invejável categoria seu prostagonista. Sem exagerar no tom, Murilo faz com que o público capte rapidamente boa parte da personalidade de Ariclenes. Outro destaque positivo desta estreia foi a atriz Fernanda Souza, novamente sabendo compor uma personagem e se destacando sem exageros. A dona do episódio, contudo, foi surpreendentemente Cláudia Raia. Sua personagem, Jaqueline Maldonado, é muito boa e o texto ajuda, mas Cláudia fez a lição de casa e nos apresentou seqüências engraçadas, entonações muito bem colocadas, tudo se encaixava.

Em contrapartida, nesta estreia, é possível fazer duas observações negativas sobre o elenco. Pode ser impressão, mas aparentemente Isís Valverde continua com sérias dificuldades em libertar-se de seu principal personagem na TV, a Raqueli, e não deu boas expectativas de futuro. E o que mais chamou a atenção foi Alexandre Borges com seu Jaques Leclair. Um personagem difícil, complexo e que certamente exigirá muito do ator, porém, notou-se que ele exagerou, subiu um ou dois tons além do necessário e tornou o protagonista em alguns momentos, colorido e chato demais.

Tudo isso, é evidente impressão de primeiro capítulo que certamente irá modificar-se, fortalecer-se, conforme a trama for acontecendo. De qualquer forma, Maria Adelaide Amaral mostrou que veio e veio com força de volta para as telenovelas. O público e Ti ti ti agradecem.

domingo, 18 de julho de 2010

Record comete um grave erro de estratégia

O crescimento do SBT na última semana se deve exclusivamente a um grave erro estratégico da Rede Record. É evidente que a mexida na grade da emissora de Sílvio Santos também serve como parâmetro para a gradual melhora, porém não se pode dizer que isto foi o diferencial, ao contrário, o ponto culminante do crescimento do SBT é mais uma vez, os erros da concorrência.

A Linha de Shows do SBT que passou a entrar no ar as 21h15, disputando audiência com as principais atrações das duas concorrentes, a novela das 9 na Globo e CSI na Record, parecia agonizar para a morte, mas ao contrário, deu uma grande guinada e conseguiu melhorar os números que beiravam o fiasco com as últimas séries. O crescimento natural provavelmente se deveu porque a emissora consegue um público diferenciado que procura na TV alternativa para a dramaturgia no horário.

Porém, o crescimento na última semana foi acentuado. Toda a linha de shows conseguiu resultados surpreendentes com médias beirando os dois dígitos e momentos de vice-liderança. Este é o ponto crucial da discussão. Os programas são os mesmos, o horário é o mesmo já há algum tempo, mas então por que houve crescimento? Seria o público redescobrindo a programação da emissora? Certamente que não. O ponto está num grave erro estratégico da Rede Record.

Após conseguir números impressionantes de média e pico com a série americana CSI, sem nenhum motivo aparente, a emissora decidiu parar a exibição de episódios inéditos após terminar a 4ª temporada da série. Com o fim da temporada, sem nenhum anúncio ou explicação para os fãs, a Record simplesmente retomou a exibição da 1ª temporada, ainda bem fresca na memória do telespectador que acompanhava fielmente cada episódio.

Este erro pode custar caro, pois todos sabem que televisão é costume e, se a Record demorar muito para perceber a rejeição do público nesta reprise, certamente será tarde demais, pois tudo caminha para que em pouco tempo a Linha de Shows do SBT consiga a vice-liderança com relativa tranquilidade, além do fato das reprises irritarem o telespectador, é preciso observar que praticamente todos os programas do SBT no horário são muito bons e chamam a atenção de quem vê.

É claro que a emissora de Sílvio Santos está longe de ter a força e qualquer condição para retomar a vice-liderança na média geral, porém, retomar a vice-liderança no horário é algo valioso e seria uma perda grande para a Record que sofreu em 2009 com o 3º lugar no horário.

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