sábado, 7 de agosto de 2010

Passione e a Cena Antológica

Poucas novelas na vida da gente contam com cenas antológicas. Na verdade, uma boa novela está cheia de grandes cenas, seqüências geniais e diálogos maravilhosos. Mas são poucas as cenas antológicas da história da TV. Nesta última década, os folhetins não contribuíram muito para a produção de sequências assim. Apenas Celebridade, Belíssima e A Favorita foram capazes de escrever seus nomes na história da teledramaturgia com a palavra "antológica" gravada em alguma cena.

Não são mais apenas essas tramas. No último ano da atual década, mais uma novela foi capaz de produzir uma das cenas mais geniais da história recente da teledramaturgia. Passione. E num capítulo de sábado, o que torna tudo ainda mais charmoso. Alguns vão dizer que é exagero e outros vão procurar defeito, porém, nada disso é verdade. O texto sublime e a seqüência inacreditável que Sílvio de Abreu escreveu e que Denise Saraseni dirigiu é para entrar para a história da TV. Fernanda Montenegro nesta cena mostrou o porquê é a atriz mais completa do Brasil e deu um banho de interpretação. 

Quem teve a oportunidade de ver a cena em que Bete Gouveia briga aos tapas com seu filho Saulo sabe do que estou falando. Infelizmente a cena ainda não está disponível no Youtube e, no site da Globo é impossível fazer captura de vídeo, porém envio o link para que todos possam (re) ver este espetáculo de cena.


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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Deus existe: Na Forma da Lei acabou

Chegou ao fim na última terça-feira a série Na Forma da Lei que surgiu no cenário nacional como mais um produto interessange, com uma excelente premissa e que, em tempos onde virou febre assistir a teleseriados, tinha tudo para dar certo, porém o que se viu foi completamente diferente, para desespero dos fãs ds formato americano de se fazer televisão.

Em nenhum momento Na Forma da Lei foi uma série. Na história da TV, ao relembrar o ano de 2010, numa classificação rígida, seria difícil colocar o produto na galeria de séries do ano. Apesar de ir ao ar apenas uma vez na semana essa era a única semelhança com o fomrato de séries. Linguajar, direção, texto, tudo ali remetia para as telenovelas e, por pior que isso pode parecer, para as telenovelas de pior qualidade.

É difícil imaginar que uma emissora do porte da Rede Globo tenha autorizado a produção de algo tão estapafúrdio, a única forma de se acreditar nisso é pensar que a emissora foi tão enganada quanto nós, telespectadores, iludidos com uma boa premissa nos vimos inundados num mundo de insanidades de um roteiristas que atirou para todos os lados e sempre de olhos fechados, produzindo o pior resultado possível para todos.
Pode parecer uma crítica dura, mas ela é apenas embasada na realidade que se viu diante das câmeras. Nada funcionou em nenhum momento ali. Um dos piores roteiros da história recente da TV brasileira com histórias amalucadas e que não fizam o menor sentido dentro do contexto brasileiro e, pior ainda, do contexto da própria série deram o tom em todos os 08 episódios da produção que não se preocupou em apresentar ao telespectador uma linguagem rala com diálogos superficiais e quase nenhum elemento implícito, como é de costume no formato.

O equívoco foi gigantesco em aprovar uma produção deste porte. Tanto é verdade que a audiência reclamou. A antecessora, Força-Tarefa que enfrentou inúmeros problemas, inclusive a reta final de Bela, a Feia, fechou a temporada com uma média de 17 pontos e teve seu episódio final marcando média de 21. Já Na Forma da Lei começou bem com 18 pontos, mas viu seus números caindo a cada semana e fechando com média de apenas 16 pontos, para piorar, o episódio final registrou apenas 17, ou seja, 04 pontos a menos que a média do episódio final da antecessora.
Na Forma da Lei deve ser esquecida. Uma produção equivocada que não deve ser lembrada em nenhum momento da história da emissora. Porque o último que saiu, certamente precisou apenas baixar a porta, porque a luz já estava cortada. E que venha A Cura, uma produção digna.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

As novelas e a Ditadura Judicial no Brasil

Muito se fala sobre a impressionante queda de audiência das novelas nos últimos anos. Ao olhar para trás, não muito distante e notar que uma novela das 8 da Rede Globo fechava com média de 50 pontos, como foi o caso de Senhora do Destino e atualmente no mesmo horário, Passione sofre para manter 32 de média, ou seja, 18 pontos a menos, a enxurrada de críticas recai sobre a situação da teledramaturgia brasileira. O mesmo exemplo cabe para os outros horários da emissora e também para as novelas da concorrência, tanto SBT quanto Record não conseguem resultados satisfatórios com seus folhetins.

De fato, boa parte das tramas nos últimos anos passaram por problemas de superficialidade, de temas repetitivos e de histórias sem pé nem cabeça. Porém, este não é o principal problema da audiência nas telenovelas brasileiras. O problema é externo e atende pelo nome de Ministério da Justiça. O Ministério perdeu completamente o senso de democracia que rege o país e decidiu criar uma espécie de Ditadura Judicial sobre a televisão brasileira, criando classificação etária sem pé nem cabeça e reclassificando tramas a seu bel prazer, num claro ato de desrespeito aos direitos de livre expressão que a cultura necessita para se tornar ampla e autêntica.

A bizarrice é tamanha que o Ministério reclassificou uma das tramas mais leves da década, Escrito nas Estrelas, por, segundo os 'nobres' juízes, apresentar cenas "fortes", de "mortes", "brigas", "separações" e "adultério". Provavelmente quem disse isso a estas pessoas, vê a novela duas vezes no mês e conclui tamanha imbecilidade.

A novela das 8 (que já começa as 9 por conta disso) vive sofrendo ameaças de reclassificação, o que obrigaria a emissora a jogá-la para as 10 da noite tornando inviável. É impossível criar situações de vilania, ou mesmo de relacionamento humano aprofundado sem mostrar os problemas, os conflitos do cotidiano, afinal, o que é uma novela senão seus conflitos? Já é tempo do Ministério da Justiça arrumar trabalho e fazer cumprir leis importantes e que são descumpridas no país ao invés de ficar cuidando de um problema que não cabe a ele.

O país é uma democracia e cabe exclusivamente ao telespectador decidir o que é ou o que não é viável para ele assistir. Para isto existe o controle remoto, não precisamos do controle do governo censurando a cultura nacional baseado sabe-se lá em que e tomando decisões estapafúrdias como reclassificar uma novela para sua exibição após o encerramento, como ocorreu com Tempos Modernos.

Mas também, num país que preze pela democracia todo e qualquer direito 'roubado' deve ser brigado com fúria, se necessário for, para ser recuperado. É tempo das emissoras darem 'uma banana' para esta classificação etária e, com responsabilidade, desafiar a Ditadura Judicial, apresentando produtos culturais de qualidade, aprofundados e sem medo da tal 'Justiça'. Nos últimos anos ninguém o fez, basta notar que a Rede Record somente coloca cenas fortes de suas novelas após as 10 e meia da noite. O único autor capaz de peitar o Ministério atende pelo nome de João Emanuel Carneiro que, semanas após, sua novela A Favorita sofrer ameaça de reclassificação, deu de ombros e escreveu a magistral cena em que Flora (Patrícia Pilar) leva Gonçalo (Mauro Mendonça) a morte. Aquilo é fazer arte com qualidade.

Democracia preza pela responsabilidade e equilíbrio e tudo que vem faltando ao poder judiciário no Brasil neste caso é isso. Equilíbrio nas decisões. A impressão que se tem, é que os Juízes querem decidir o que eu e você devemos assistir. E isso, obviamente, faz com que as emissoras produzam novelas fracas e o público se afasta, com isso a audiência cai consideravalmente. Pode isso?

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