Comemora-se neste sábado, 07, o Dia do Jornalista. A princípio, é importante e fundamental que profissionais de todas as áreas tenham seu trabalho reconhecido através de uma data, ainda que seja apenas simbólica, em homenagem ao esforço. Nenhuma profissão é aquém da outra e o jornalismo está embutido nesta máxima que deveria fazer parte da mentalidade humana.
Porém, numa data como hoje, cabe a pergunta: comemorar o que? Especificamente o jornalismo de crítica televisiva - que é o deste espaço - não tem muito, aliás, quase nada para se comemorar. A começar pela terrível descoberta de que não existem muitos críticos de TV, de fato. O que se vê atualmente é um amontoado de pessoas que gostam de televisão e, apenas por isso, sentem-se no direito de escrever sobre o assunto, dando a entender que são profissionais de crítica.
A internet é terra de ninguém e produz "jornalistas" todos os dias. Infelizmente a população brasileira, mesmo a considerada mais elitista, com acesso contínuo a rede mundial de computadores, não tem qualquer percepção e empresta credibilidade a quem não tem. E são dois os tipos de novos "jornalistas" que temos acompanhado nascer diariamente: os que querem apenas reconhecimento e fazem qualquer coisa para isso e os que querem apenas mostrar sua opinião.
O segundo é bem menos nocivo, mas também o é. Opinião é um direito de todos, mas precisa ficar claro que é apenas isto: opinião. Análise e crítica estão longe de ser opinião pessoal de quem escreve o texto e todos deveriam saber. Como a maioria não sabe, compra uma mera opinião, sem nenhum conhecimento técnico do assunto, como verdade absoluta e transforma um mito numa realidade.
Mas o primeiro tipo é o pior deles. Pessoas mal intencionadas que usam a internet para serem reconhecidas e ganhar dinheiro através do "jornalismo". Pessoas que nunca sentaram numa carteira de faculdade - a maioria nem tem idade para isso ainda - e que se consideram os grandes gênios do jornalismo virtuais, mas que roubam críticas, furtam notícias e se utilizam de boatos para vender seus sites e blogs. Bom jornalismo tem fontes próprias e, quando não tem, cita o colega que trabalha com afinco em busca da própria informação.
Mas é impossível que estes dois tipos de "jornalistas" entendam isso. Primeiro porque as más práticas, como em toda profissão, dão resultados mais imediatos. E segundo, mas não menos importante, porque são apenas adolescentes inexperientes e que insistem em pensar que entendem de TV. A internet acaba escondendo sob a capa da virtualidade o que ninguém pode ver: a imaturidade, a falta de profissionalismo e a empolgação pela idade.
O jornalismo virtual voltado para a análise de TV passa por seu pior momento desde que a internet se popularizou. Poucos são os sites de notícias realmente confiáveis e poucos sabem fazer uma análise equilibrada do que se passa na TV. Neste Dia do Jornalista não há o que comemorar, há, contudo, a esperança de que estes adolescentes que atrapalham a prática do bom jornalismo, ao menos entendam a necessidade de cursar uma faculdade, quem sabe assim se transformem em profissionais de fato. Coisa que não o são, nem eles, nem seus textos, nem seus sites.