terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Corações Feridos peca pela ingenuidade

Estrou na última segunda-feira, 16, a nova produção de teledramaturgia do SBT. Nova entre aspas, afinal, Corações Feridos já está totalmente gravada há mais de um ano. Com a assinatura de Íris Abravanel, a adaptação de uma trama mexicana reinaugura a faixa das 20h30 para as telenovelas da Casa nesta nova grade que se iniciou na segunda-feira.

O que se viu no primeiro capítulo não foi nada promissor. Se fosse necessário definir esta estreia em uma única palavra, a ideal é ingenuidade. E aqui não há referências ao sentido mais puro e inocente da palavra, mas sim, a falta de maturidade para se conduzir uma produção deste porte numa das maiores emissoras do país. Ao terminar o primeiro capítulo de Corações Feridos, a impressão a que se teve é que faltou a seus produtores coragem para mergulhar de cabeça no projeto.

Íris Abravanel avançou muito como novelista desde seu primeiro trabalho até agora. Ainda assim falta um longo e árduo caminho se ela quiser ser respeitada no país por esta profissão. Logo nas primeiras cenas do folhetim ficou clara a falta de traquejo da autora. Se ela melhorou muito ao criar diálogos um tanto quanto mais reais para seus personagens, as situações apresentadas continuam muito abaixo do aceitável para ir ao ar numa novela. E ainda houve alguns pequenos deslizes na qualidade dos diálogos, mas nada que chegou a incomodar. Sobre as situações, o claro exemplo de falta de prática se deu na cena trágica com a personagem do Paulo Zulo. Toda a situação foi mal construída e os diálogos abaixo da crítica.

O ponto de regularidade da trama, por mais surpreendente que possa parecer, foi o elenco. Grande parte conseguiu passar de forma discreta, sem se destacar negativamente e isso já um avanço para o SBT. Destaque positivo mesmo, apenas 03, Antônio Abujamra que, como sempre, sabe compôr um personagem mesmo diante de um texto sofrível, Lívia Andrade surpreendentemente bem neste primeiro capítulo ao defender sua personagem caipira e Jacqueline Dalabona que mostrou-se segura num papel que caminha entre o drama e a comédia. Em contra-partida, Paulo Zulu e Flávio e Tolezani deram uma aula de como não se interpreta uma personagem. A vilã de Cynthia Fallabella ainda não teve muito destaque, mas nas cenas em que apareceu, demonstrou estar bastante engessada e mexicanizada.

Porém, entre todos os destaques, é preciso lembrar da direção. Bem abaixo da trama anterior - Amor e Revolução - a direção pecou em todas as escolhas neste primeiro. Da trilha sonora ao posicionamento das câmeras passando pela marcação de local, nada funcionou para os diretores. Em muitas cenas ficou clara a falta de preparo dos diretores que acabou atrapalhando ainda mais esta estreia, pois nem conseguiu o melhor posicionamento das câmeras, nem conseguiu extrair o máximo de potencial do elenco. Pior que tudo isso foi a edição, completamente errônea, cheia de cortes secos, exagerados e sem necessidade.

A bem da verdade é que, pelo texto e pelo elenco, há potencial de melhora para Corações Feridos. Porém, é improvável que aconteça qualquer crescimento, pois ninguém, nem elenco nem autora, poderão enxergar os problemas diante da TV e tentar melhorar, já que a novela está integralmente gravada e este, talvez seja o principal problema desta novela.

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