terça-feira, 18 de junho de 2013

Produção independente pode salvar a TV aberta nacional

Muito se especulou - e depois se confirmou - que a Rede Record passará, paulatinamente, a terceirizar boa parte de sua programação. É possível que programas de variedades, séries, minisséries e - talvez - até novelas sejam produzidos via produção independente. Nesta semana a especulação ganhou outra emissora: o SBT. Ainda é cedo para afirmar se a rede de Sílvio Santos também pensa em seguir este modelo, o que pode-se dizer é que este novo formato pode ser a tábua de salvação da TV aberta e representar uma ruptura importante.

Num país em que mais de 60% da publicidade com TV fica na líder de audiência - e com méritos, é preciso salientar - a concorrência precisa ser criativa se quiser apresentar para o público programas inteligentes, instigantes, que consigam atrair audiência e alcançar bons resultados comerciais - pois é exatamente disso que as Redes de televisão sobrevivem e não é possível esquecer que sem dinheiro não se produz muita coisa de qualidade.

A nova Lei da TV paga contribuiu sobremaneira para movimentar o mercado e criar novos profissionais nas mais diversas áreas. Mas mais do que isso, serviu para dar prática a uma vertente de profissionais que não a tinham: as produtoras. Pouco ou quase nada se via de produção independente na TV brasileira e, por isso, os profissionais ficavam amarrados a uma só emissora, engessados em sua criatividade e passando anos fora do ar. Agora, ao menos na TV paga, o movimento caminha para o modelo que os EUA adota com qualidade há muitas décadas. É evidente que o Brasil tem sua própria realidade e precisa adequar-se a ela, mas o modelo é bastante semelhante.

Agora, a TV aberta tem a chance de também dar este salto. Enquanto o mercado publicitário mantém seus olhos exclusivamente na Rede Globo por conta de tudo que ela representa, a concorrência tem a chance de ver seus custos reduzidos através da terceirização. Parece que, num cálculo simplório, quem vai quebrar são as produtoras, mas isso está longe de ser verdade. A lei de incentivo cultural da ANCINE não permite que produções de emissoras de TV sejam beneficiadas com investimentos financeiros, mas garante isso a produtoras independentes.

A matemática é simples: as emissoras de TV dizimam seus custos e pagam apenas pela aquisição dos programa já prontos. As produtoras terão um custo muito menor que as emissoras de TV, pois serão beneficiadas com a lei de incentivo da ANCINE. Com custos reduzidos, pode-se investir em novas áreas, em maior gama de produtos e ter resultados de audiência melhores, atraindo a atenção do mercado publicitário.

Embora as experiências de produções independentes ainda sejam traumáticas, o maior exemplo disso é o fiasco chamado Metamorphoses, levado ao ar na Rede Record, mas produzida de forma independente pela Casablanca e que teve uma audiência pífia, mas é preciso investir até que todos entendam o novo momento e as necessidades do telespectador.

Difícil prever o que pode acontecer, mas é possível acreditar que, feito um trabalho profissional e se as emissoras de TV aberta perceberem que estão diante de um importante momento e que pode significar uma ruptura fundamental para sua sobrevivência, um novo desenho poderá ser feito da televisão aberta no Brasil nos próximos 20 anos. É esperar para ver.

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