sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A Difícil Missão de ser João Emanuel Carneiro

Um autor consagrado. Um dos mais jovens novelistas da TV brasileira, o mais jovem do principal horário das telenovelas do país, João Emanuel Carneiro não se cansa de acumular prêmios, críticas positivas e, cada dia mais, se consolida como o mais importante autor de telenovelas do Brasil no atual milênio. Dono das duas principais audiências do horário das 19 Horas - no atual modelo de contagem de audiência - Da Cor do Pecado e Cobras e Lagartos - responsável pelo último trabalho do horário das 21 Horas a atingir a meta de audiência em SP - principal Praça de medição - com A Favorita e, de maneira incrível, autor com maior prestígio entre a crítica que se derramou de elogios em todos os seus trabalhos. Mesmo assim, não é fácil ser João Emanuel Carneiro.

O mais criativo novelista do país criou um vício nos telespectadores. Fosse só nos telespectadores seria fácil, uma vez que o público interage com a novela de uma forma diferente. Se irrita com os rumos, torce pela vilã, sofre com a mocinha, se indigna com algumas situações, mas quando é conquistado mostra-se fiel. O problema é quando um autor cria um vício junto à crítica especializada, e foi exatamente isso que JEC fez.

Desde seu primeiro trabalho todos estão acostumado com suas obras sem barrigas, bem delineadas, com diálogos cortantes, deliciosos e inteligentes, além de uma linha de ação ágil, sem tempo para o tradicional lenga lenga com que nos acostumamos. Avenida Brasil - atual trabalho do autor - não é diferente e vai mais longe. Com diversos momentos frenéticos nestes 130 capítulos exibidos, o folhetim se tornou, sem dúvida, um dos mais alucinantes de que temos notícias. Isso é excelente, pois mostra que é possível construir uma trama de qualidade sem barriga, mas vicia e produz gente chata.

É o que se tem visto no decorrer desta semana. Avenida Brasil passa por uma semana de transição. Após um ritmo muito ágil na semana anterior, toda focada nas descobertas de Jorginho, o momento é de preparar o terreno para mais uma virada e, por isso, é necessário o destaque para os núcleos paralelos a fim de que eles não sejam preteridos pelo público. Ocorre que a crítica se envolveu tanto com o núcleo central que perdeu o foco e a imparcialidade na hora de julgar um capítulo.

Como Nina e Carminha apareceram pouco nesta semana - mas sempre de forma importante, é preciso dizer - os críticos começaram a reclamar. Para eles a novela transformou-se em sinônimo de duas personagens e ignora-se os fatos de que os núcleos paralelos também precisam de espaço. A construção narrativa de Avenida Brasil permite com que muitos personagens ganhem destaque e brilhem e é preciso compreender a importância de personagens coadjuvantes para a saúde de um folhetim.

Não é fácil ser João Emanuel Carneiro. Não é fácil acostumar a crítica com os ritmos alucinantes de sua novela e, depois, quando se prepara o terreno para nova virada, ter que suportar pessoas que - em tese - entendem do assunto, parecendo velhos emburrados porque foram contrariados. Não é fácil ser um autor com tamanho prestígio que, basta um capítulo sem ritmo intenso, que os críticos já reclamam com frases prontas e estapafúrdias. De fato, não deve ser fácil ser responsável pelo maior sucesso dos últimos anos. Não deve ser fácil ser JEC.

PS: por conta de problemas de ordem pessoal, o blog ficou sem atualização por um pequeno período, mas tudo volta ao normal a partir de hoje, porém, como os comparativos ficaram muito atrasados, eles recomeçarão na próxima semana com os capítulos de segunda-feira, ignorando os que ficaram para trás

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