quinta-feira, 17 de março de 2011

SBT lançará novela às 19h10. Chiquititas é favorita

O SBT prometeu uma Bomba para o próximo dia 21. No anúncio do Programa do Ratinho veio a divulgação de Maratona Harry Potter no Cinema em casa durante toda a semana, o que deixou boa parte da audiência frustrada - não que o bruxinho seja ruim, mas não parecia a bomba que todos esperavam, principalmente para barrar a estréia de Rebelde BR na Record.

Ocorre que esta NÃO é a Bomba prometida. Fontes garantem que a grade noturna da emissora será toda alterada a partir desta data. O filme do Cinema em Casa termina às 19h10 e entregará para uma novela, exatamente, uma produção dramatúrgica que irá combater de frente com Rebelde e tentar frear o possível crescimento da emissora concorrente no horário.

Ainda segundo fontes, 05 novelas disputam a vaga no horário. Há preferências distintas entre os diretores do SBT e há um estudo mantido em sigilo para verificar qual o tipo de público assiste TV neste horário. Setores da emissora querem resgatar as crianças para assistir as novelas neste horário, por isso, tentam colocar no ar a trama mexicana Carinha de Anjo, que já foi favorita desta disputa, mas vem perdendo peso nos últimos dias.

Há quem queira uma novela adulta, já que Rebelde e Morde e Assopra não devem conquistar este público. Esse grupo defende a volta de A Usurpadora que, sempre que foi ao ar, deu o resultado necessário para o SBT. Porém, Daniela Beiruty que vai dar a palavra final, não aprova a idéia porque acha que seria regredir colocando outra reprise de Paola e Paulina.

Na última semana uma sugestão pessoal de Murilo Fraga vem crescendo nos bastidores e agradou bastante tanto Daniela quanto o próprio Sílvio Santos. Trata-se do retorno, desde a primeira temporada, de Chiquititas, a mais forte concorrente e a provável novela que deve ocupar o horário das 19h10 na grade.

Ainda há a possibilidade muito pequena de novelas como O Diário de Daniela e Rebelde serem exibidas. A primeira barra na rejeição geral da diretoria e a segunda vai contra o parecer do jurídico do SBT que já afirmou que a novela pode sair do ar a qualquer momento por ordem judicial. A decisão sai nos próximos dias.

A intenção do SBT com isso não é vencer a Record, mas frear o crescimento da rival e tentar conseguir média de 5 a 7 pontos no horário e, assim, alavancar a grade noturna da emissora para que Amor e Revolução já receba audiência de dois dígitos. A estratégia parece boa. Mas, se tudo isso vai se concretizar ou é só mais um burburinho da emissora de Sílvio Santos, só o tempo dirá.

Tititi sai de cena e escreve seu nome na história da teledramaturgia

Ainda restam dois capítulos para o fim de Tititi e, justamente por isso, é o melhor momento para escrever a crítica da novela, pois o último capítulo não pode assombrar a história e influenciar no texto, como acaba acontecendo muitas vezes, principalmente quando não conseguimos isenção suficiente e nos envolvemos demais com a história.

Desde que a Rede Globo anunciou a trama para o horário nobre e explicou que seria um remake de duas outras novelas exibidas na década de 80, Tititi e Plumas e Paetês, ambas assinadas por Cassiano Gabus Mendes e que teria como autora Maria Adelaide Amaral, o público ficou tranquilo, afinal, ela é responsável por grandes sucessos - o remake de Anjo Mau, além das excepcionais séries A Muralha, Os Maias e A Casa das Sete Mulheres.

Desde o primeiro capítulo Tititi foi ao ar para mostrar que é possível criar, renovar e dar fôlego para o formato de folhetim que, para muitos, está desgastado. Inovação, aliás, é a palavra-mestre que define o texto desta obra. Desde a primeira cena se percebeu, além da incrível qualidade textual, a preocupação em percorrer caminhos nunca, ou pouco explorado por outros autores.

Maria Adelaide Amaral e sua equipe fizeram desta novela um marco para a TV. Em pouco mais de 200 capítulos, a trama fez referências a mais de 30 novelas - referências diretas, diga-se, e ainda a filmes, seriados, músicas e histórias marcantes de celebridades - essas, algumas vezes indiretas. É fato comum ver esse tipo de mecanismo em seriados americanos, mas no Brasil, é muito raro, muito mesmo. E o mecanismo deu tanto fôlego para a trama como poucas vezes se viu. Tititi 2010 chega ao fim como uma nova novela e não um remake, bom sinal.

Texto a parte, Tititi também priorizou a agilidade das histórias. Nenhuma delas demorava muito para acontecer, outra novidade no segmento, e não faltou criatividade para contar muitas histórias e impedir que a trama ficasse monótona. Maria Adelaide teve coragem ao separar todos os casais do folhetim e construir novos casos de amor, mesmo quando o telespectador se posicionava claramente contra. Ela mostrou ter a história nas mãos e saber o caminho que estava percorrendo.

Mas Tititi foi além da história, ela contou com a qualidade na escolha do elenco. Seriam necessárias muitas linhas para elogiar nomes que se consagraram nesta novela, mas há destaques impossíveis de não se falar. Murilo Benício que, já vinha mostrando maturidade profissional em Força-Tarefa voltou ao humor e mostrou que continua afiado neste tipo de trabalho. Cláudia Raia foi o grande destaque da novela, num trabalho memorável que a coloca no topo de interpretação feminina durante todo o período em que esteve no ar. Regina Braga mostrou que continua com um talento assombroso e merece mais chances nas telenovelas. Isís Valverde, responsável por ser a mocinha típica da trama, após um começo tímido, conseguiu dominar totalmente o papel e ganhar destaque, assim como Guilhermina Guinle que foi uma grande vilã. E Alexandre Borges? Muitas críticas soaram a seu trabalho, composição caricata e quase infantil de Jaques Leclair. Concordo, porém, é preciso fazer uma ressalva. Borges já tem nome e fama, um longo currículo de bons trabalhos, mas nunca havia entrado neste tipo de personagem e, poderia levá-lo no piloto automático, mas, ao contrário, decidiu arriscar, fugir do comum e tentar criar algo novo. Por sua coragem o ator merece aplausos, mesmo que o personagem tenha ficado dois tons acima, é raro um profissional de TV com a bagagem dele que ainda se arrisca na composição de personagens.

Tititi poderia ser uma novela perfeita, mas não foi. Um dos pontos baixos da trama foi a direção, sempre exagerada de Jorge Fernando. Se, no começo, tudo era novidade e soava de forma interessante, conforme o tempo foi passando, as passagens de tempo, os cortes de cena e mesmo o excesso de cor das cenas, dava um ar infantil demais para o folhetim, um ponto baixo.

Nesta sexta-feira sai de cena aquela que foi, certamente, a melhor novela das 7 dos últimos 10 anos. Maria Adelaide e sua equipe, juntamente com um elenco afiado, mostraram que o horário não está perdido, como muitos pensavam. É possível fazer uma trama com fôlego, inovação, e priorizar a qualidade. Tititi provou isso.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Hebe Camargo: um prato cheio para a Rede TV!

O programa de Hebe Camargo estreou na última noite em sua nova casa, a Rede TV! e, mesmo com apenas um programa, é possível fazer uma análise, ainda que um tanto quanto superficial, mas alguns pontos já ficaram bastante claros e pode-se analisar, principalmente pelo fato de muitos dizerem na época da mudança, que Hebe era a "cara do SBT".

A princípio, o que se viu foi uma direção preocupada tentando a todo custo utilizar todas as características da apresentadora, sem contudo, perder a identidade que a emissora conquistou ao longo de mais de 10 anos de programação popular, recheada de situações bizarras e, em alguns momentos, de gosto discutível. O cenário foi um clássico exemplo disso, saiu o bom gosto com que nos acostumamos e apareceu o exagero. A tentativa de mostrar o glamour da apresentadora estava presente no cenário, contudo, com a cafonice que faz parte do gente da Rede TV!

O programa de estréia conseguiu uma vantagem em comparação aos últimos anos de Hebe Camargo na sua antiga casa. Dinamismo foi a palavra. Ao invés de longas entrevistas com temas variados no sofá e, às vezes, um pequeno musical, houve diversas facetas de entrevistas e não apenas no estúdio. Num só programa pudemos ver Hebe desfilando com seu sofá pelo Carnaval e até em Brasília, numa visita descontraída à presidente Dilma Roussef. Esta criatividade e ousadia era um ingrediente interessante que poderia ter sido abordado no SBT.

Porém, numa emissora pequena e que nunca privou pelo bom gosto, Hebe se sentiu muito mais livre e ela, que já vinha exagerando nos últimos anos, ultrapassou - e muito - a tênue linha da liberdade e descontração pulando para o lado da vulgaridade e libertinagem. Perguntas de um mau gosto extremo, deixando em muitos momentos seus convidados e entrevistados constrangidos - nem a presidente da república escapou de momentos de saia justa diante de Hebe - marcaram o tom do programa inicial.

Hebe é e sempre foi carismática, feliz e ousada como entrevistadora. Porém, sempre deu mostras de, por ser quem é, achar que não deve respeito e reverência a seus convidados, isso faz dela uma profissional que peca e que, em alguns momentos, deixa seu público com vergonha alheia, e, agora na Rede TV!, a impressão que deu, é que esses momentos se tornarão rotina.

O programa da Hebe, de qualquer forma, passou a impressão de que terá momentos interessantes e criativos, porém, às vezes, não produzindo o máximo de sua capacidade porque a apresentadora mais atrapalha o andamento do que ajuda, pensando sempre em si, ao invés do entrevistado e do público. Para os que gostam da cafonice da Rede TV! aliada ao exagero de Hebe Camargo, é um prato cheio.

terça-feira, 15 de março de 2011

Glória Pires tenta salvar Insensato Coração

Todos sabem minha opinião sobre Insensato Coração. Acredito que não seja necessário ficar repetindo a todo momento, pois já deixei minha posição clara sobre os inúmeros problemas da novela assinada por Gilberto Braga e Ricardo Linhares. E, mesmo depois dos textos que já escrevi aqui, não houve melhora alguma no folhetim que segue com todas as falhas que presenciamos desde o primeiro capítulo - e até algumas outras.

Ainda assim, é preciso reconhecer que a equipe de criação tem méritos no trabalho de composição de Norma, personagem interpretado por Glória Pires. A personagem já recebeu tamanha expectativa por parte do público, mesmo antes da estréia da novela, por se tratar de mais uma vilã na carreira da atriz e, novamente, sob os cuidados de Gilberto Braga, que seria insuportável vê-la neste processo através de outra profissional.

Desde que surgiu na trama, na segunda semana, Glória vem fazendo um trabalho primoroso que, aliado ao excelente texto e história sólida criada por Braga e Linhares, permite a expectativa de termos, de fato, uma das principais vilãs da história recente da teledramaturgia.

É bem verdade que Norma ainda não aconteceu. Até o momento, a personagem vem recebendo características, não apenas emocionais, mas físicas também, para compôr a vilã. Tudo que passou nas mãos de Leo (Gabriel Braga Nunes) ajudou na composição, embora lenta, mas, é uma das poucas vezes em que um autor se preocupa em mostrar a história de vida de uma pessoa comum que, a partir de tamanho sofrimento, terá sua personalidade moldada às lágrimas e perderá completamente o senso de justiça e ética.

Norma se torna vilã já nos próximos capítulos. E Glória Pires, apenas pelo currículo, deixa claro que seria capaz de assumir um papel tão complexo. Até o momento a atriz deu show e vem conseguindo compôr a personagem exatamente como deve ser. Norma não é falante, não tem muitos diálogos, tem histórias, sofrimentos que são mostrados ao telespectador através da expressão facial, do olhar, dos gestos comedidos. Glória Pires tem o único papel, ao lado de Gabriel Braga Nunes, que realmente interessa em Insensato Coração e, a partir de agora, ela pode salvar a novela da perdição.

Veja o vídeo em que Norma é condenada:

domingo, 13 de março de 2011

E o Tempo Passou em O Rei do Gado

A primeira fase de O Rei do Gado é, indiscutivelmente, um dos momentos mais bonitos da teledramaturgia nacional.  O brilhante texto de Benedito Ruy Barbosa, aliada à direção de Luiz Fernando Carvalho, a fotografia de Walter Carvalho e o elenco impecável, criaram cenas inesquecíveis que ficarão para sempre no imaginário de quem assistiu. Mas essa primeira frase acabou e é aí que a novela realmente começa.

Assistindo a reprise pelo Canal Viva, vemos uma imensa diferença entre as fases. Não em termos técnicos ou de interpretação, mas em termos de texto. Que o ritmo narrativo de Benedito Ruy Barbosa é lento, todos sabemos. O estilo do autor é esse, tem muitos admiradores e deve ser respeitado, mas o grande problema de O Rei do Gado, é que a trama fica girando sem sair do lugar. 

O romance entre Bruno Mezenga (Antônio Fagundes) e a bóia-fria Luana (Patrícia Pillar), apesar de interessante, não segura a novela. Até porque não existem grandes empecilhos para o amor dos protagonistas. Tudo fica muito filosófico e abstrato. Os conflitos dos filhos de Mezenga, Marcos (Fábio Assunção) e Lia (Lavínia Vlasak) também não chamam atenção, já que os personagens não tem, pelo menos em um primeiro momento, empatia com o público.

A grande promessa de trama é a misteriosa Marieta (Glória Pires) que chega na fazenda do tio de Bruno, o solitário Jeremias Berdinazzi (Raul Cortez), dizendo ser sua sobrinha desaparecida e portanto, herdeira. Mais tarde, vamos descobrir que a herdeira é Luana e que Marieta, na verdade Rafaela, é uma impostora. Infelizmente, essa é uma trama que não vinga. Mesmo com o show de interpretação de Raul Cortez, Benedito Ruy Barbosa não conseguiu contar esse entrecho de forma envolvente, jogando fora o principal trunfo da novela.

Nesse jogo de histórias que não decolam, a única que realmente começa a criar interesse, é a de Léa (Silvia Pfeifer), mulher de Bruno. Cansada de ser ignorada pelo marido, Léa se envolve com o cafajeste Ralph (Oscar Magrini), abandona o rei do gado e se casa com o amante, buscando a felicidade. O problema é que Ralph só está interessado nos bois de Léa, e quando ela sai do casamento com quase nada, o “amor” do rapaz desaparece. Léa passa a conviver com a violência de Ralph que chega a agredi-la e com suas amantes, Suzane (Leila Lopes) e Marita (Luciana Vendramini).

A trama de Léa se torna tão importante, que é a partir dela que, da metade pra frente, O Rei do Gado passa a girar. O assassinato de Ralph se torna o centro da novela. Bruno, Léa, Marcos, Marita, Suzane e seu marido, Orestes (Luiz Parreiras) são suspeitos. Daí pra frente, a novela se torna uma grande história policial, conseguindo ótima audiência e todos, emissora e público, terminam felizes para sempre.

Do jeito que eu coloco a coisa, pode parecer que acho O Rei do Gado uma novela ruim. Não acho. É uma história até interessante, mas que poderia ser infinitamente melhor. Rafaela, que deveria ser uma grande vilã, movimentando as tramas, acaba relegada à fazenda, sem muito acrescentar à novela. Seria interessante um embate com Luana, tanto pela herança como pelo próprio amor de Bruno. Enfim, coisas que poderiam ter sido e não aconteceram.

O Rei do Gado é um novelão com cara de clássico, tem seus atrativos e acertos, mas já começava a mostrar características do que se transformaria a Teledramaturgia nas décadas seguintes: um emaranhado de ótimas histórias que não são contadas.

Por Walter de Azevedo

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