sábado, 12 de maio de 2012

Exclusivo: Record não tem nenhum projeto sólido para Rodrigo Faro

A notícia que caiu como uma bomba nos bastidores da TV brasileira nos últimos é ainda mais estranha do que pode parecer e mostra apenas o quanto a cúpula da Rede Record parece viver seu momento mais confuso dos últimos tempos. Segundo especulou-se, a emissora vem mantendo conversas para dar ao apresentador Rodrigo Faro um programa diário que, ou iria disputar audiência com  Fátima Bernardes no período da manhã ou iria se colocado no horário nobre.

A notícia não está equivocada e isso vem sendo tratado realmente. O que ninguém comentou é que a Rede Record, satisfeita com os números de audiência do apresentador a frente de O Melhor do Brasil, quer melhorar sua audiência diária que enfrenta uma crise sem precedentes através de Faro. O objetivo é explorar ao máximo o talento que o moço mostrou nos últimos anos e tentar atrair mais audiência.

O grande problema é que os chefes da emissora pensaram no assunto, pensam nos horários carentes e até conversaram com Rodrigo Faro que, como um bom artista, gostou do desafio, mas esqueceram de pensar no conteúdo que irá ao ar. Não há qualquer projeto sólido para ele apresentar diariamente na Record, apenas sabe-se que todos querem colocá-lo em algum horário.

A ideia é levar o programa no ar no máximo a partir de agosto, mas com tão pouco tempo parece inviável imaginar que seja possível produzir um programa que vá exigir tantos resultados. Tudo feito às pressas e tentando desesperadamente sugar a imagem do apresentador. O desespero da emissora é tanto que, cogita-se iniciar a pré-produção de dois formatos, um para as manhãs e um para a noite e, o que se sair melhor, seria aprovado. Ou seja, estratégia nenhuma.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Fora de Controle mostra-se uma grande decepção

Anunciada com pompas pela Rede Record, a nova série da emissora, com assinatura do controverso autor Marcílio Moraes, Fora de Controle fez sua estreia na noite da última terça-feira na tela da emissora. Após muito se falar sobre a inovação que o produto traria, sobre a tal nova linguagem e novo conceito, a Record já começou se equivocando com o horário. Prometida para entrar no ar às 23h15 o produto começou com mais de 30 minutos de atraso, apenas mais uma prova do desrespeito que a emissora vem colecionando ao longo dos últimos anos.

Tirando a constante falta de respeito que a emissora apresenta para o seu próprio público, a aguardada estreia da nova série acabou sendo uma grande decepção. Muito aquém do que foi prometido, o show não conseguiu, nem de longe, mostrar uma história atraente ou personagens fortes o suficiente para atrair a audiência e instigar o telespectador.

O maior problema apresentado nesta estreia, sem nenhuma dúvida, foi o texto. Muito longe da realidade do estilo policial, o autor tentou apresentar uma linguagem diferente, mas acabou não conseguindo sair da superficialidade, o que matou qualquer traço de verossimilhança durante cada uma das situações apresentadas, fazendo com que boa parte das cenas tivesse problemas de ruídos de comunicação por conta de um texto pobre. A impressão que se tinha era de se estar assistindo um roteiro feito às pressas e sem acabamento, filmado após o primeiro tratamento.

A ânsia dos autores de TV em inovar começa a se tornar um problema. Marcílio Moraes é extremamente competente e já mostrou seu valor em trabalhos anteriores, inclusive no estilo policial, mas errou completamente a mão no roteiro de Fora de Controle, justamente por tentar modificar uma linguagem quase universal para este estilo e, com isso, apresentar algo pior. Para se inovar, é preciso crescer, andar para trás não resolve. Pior do que isso, é o roteiro de uma série policial não conseguir surpreender, ao contrário, indicar o caminho óbvio para o culpado. Foi o que aconteceu. Nos primeiros minutos já era evidente que o assassino da adolescente era seu padrasto que tinha um caso com ela. Erro crasso de roteiro permitir que o telespectador desvende o mistério nos primeiros minutos.

O elenco também apresentou problemas. Milhem Cortaz, competente ator e com bagagem suficiente para suportar o peso de protagonizar um produto assim, não mostrou a mesma profundidade de trabalhos anteriores. As primeiras aparições do ator na pele do delegado Jorge Medeiros foram constrangedoras e dignas de um ator iniciante. Aos poucos, contudo, Milhem foi dominando o personagem e, ao fim do episódio, estava bem mais equilibrado no papel, sem comprometer, contudo, sem apresentar um grande trabalho de composição. Cláudio Gabriel não disse a que veio com seu personagem Gaspar Brandão caricato, uma espécie de puxa-saco do delegado. Quem se salvou foi Rafaela Mandelli que, aparentemente, soube compôr de forma correta a policial Clarice Queiroz.

Em meio a um roteiro fraco e atuações medíocres, o que chamou a atenção em Fora de Controle foi a direção. Com bastante qualidade técnica, o show apresentou uma imagem quase impecável. Fotografia digna de cinema e escolha bastante feliz nos takes e no posicionamento das câmeras. Por mais que parecesse impossível arrancar uma boa direção das cenas com situações tão óbvias, Daniel Rezende - diretor geral do show - mostrou-se ousado e conseguiu ótimas imagens graças a um posicionamento diferente das câmeras, que deu outra perspectiva ao telespectador. Único ponto alto da estreia.

Fora de Controle não foi o que dela se vendeu, mostrou-se apenas mais um produto mediano e com texto que não consegue ultrapassar o limite do óbvio e da superficialidade. Uma série policial depende quase que exclusivamente de um bom trabalho de roteiro. Sem ele, não há o que se assistir e, ao término desta estreia, a impressão que se teve foi justamente essa: não há o que assistir ali.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Comparativo de Audiência - Record - média parcial

Média-parcial diária de novelas da Record até o capítulo 20


Máscaras: 8,30
Vidas em Jogo: 10,55
Ribeirão do Tempo: 10,15

A Teledramaturgia em estado de graça

O Brasil é, sem sombra de dúvidas, o país das telenovelas. A Rede Globo, principal emissora do país, desenvolveu uma capacidade apurada na produção dos folhetins e se transformou na maior produtora do Planeta, em termos de qualidade. Mas é preciso reconhecer que, por conta da audiência, a emissora foi muito mais pragmática do que criativa nas escolhas de suas obras nos últimos 10, 15 anos.

Com a crescente concorrência por audiência, já que as emissoras menores do Brasil passaram a investir mais em qualidade de sua grade de programação, a Globo sentiu que não podia errar e, por conta disso, começou a inovar cada vez menos e deixar toda sua programação estática, transformando as novelas em obras de grande qualidade, mas sem nenhuma ousadia.

Nos últimos anos, a direção geral tem tentado retomar o que historicamente faz parte do DNA da programação de telenovelas da casa, a criatividade. Escolhas como Bang Bang e Tempos Modernos, formatos completamente diferentes do que se via nas telenovelas da época, foram feitas, mas o fracasso na audiência causou temeridade e adiou novos investimentos em obras menos pé no chão e muito mais criativas.

O sucesso de Cordel Encantado, entretanto, permitiu que os poderosos da emissora voltassem a sonhar com um tempo em que a criatividade era latente nas telenovelas. O tom farsesco ganhava espaço no folhetim e as histórias de amor, drama e vilanias eram sempre cercadas por um pano de fundo que pouco tinha a ver com o cotidiano - e isso era fascinante.

Cheias de Charme, atual novela das 19 Horas, não poderia estar no ar num momento e horário mais emblemáticos. A trama que lança criatividade em praticamente todas as cenas e que mostra bastante ousadia na construção de sua linha narrativa - ainda que com um pé na realidade - é mais uma prova de que a Globo voltou a aprovar e investir em obras que não seja tão voltadas para o cotidiano. As histórias são as mesmas, óbvio, pois é disso que o povo gosta: amor, ódio, vingança, briga, vilões e mocinhos, mas o pano de fundo, este sim, pode mudar.

E o horário das 19 Horas fazendo sucesso com uma trama cuja personagem mais carismática é absolutamente farsesca, como Chayene (Cláudia Abreu) é, de fato, emblemático. Porque este é o horário em que uma das mais criativas e ousadas obras da teledramaturgia nacional foi ao ar. Mais do que isso, também porque esta obra, para felicidade dos brasileiros, voltou a ser exibida nesta segunda-feira pelo canal Viva.

O retorno de Que Rei Sou Eu para as telas da TV neste momento não poderia ser melhor e mais acertada. A obra de Cassiano Gabus Mendes é um divisor de águas na história das telenovelas e mostra uma ousadia impressionante ao se criar uma história e o modo de como contá-la. Verdade seja dita, a trama era muito mais do que simplesmente inovadora na linguagem ou no pano de fundo, ela era crítica, autêntica, audaciosa e tinha profunda crítica social da estrutura que o Brasil passava.

Mas ter uma novela como Que Rei Sou Eu para que a geração atual de telespectadores veja como é possível se deliciar com uma obra, sem que ela seja óbvia, sem que os locais e as situações sejam próximas de nossas realidades, mas as personagens, essas sim, sejam meras alegorias de nós mesmos, é indispensável nesse momento de reconstrução criativa que as telenovelas brasileiras passam.

Que Rei Sou Eu foi a precursora de obras como Cordel Encantado e Cheias de Charme. Ela é a prova de que é possível fazer um estrondoso sucesso sendo ousado e criativo. Quem não assistiu esta novela, precisa fazer um esforço para acompanhar, pois é das obras mais importantes de que o Brasil teve notícias.

domingo, 6 de maio de 2012

Adriana Esteves muda as vilãs de JEC

Desde que estreou como autor titular de telenovelas, João Emanuel Carneiro, primou por apresentar obras sempre diferentes e ousadas. Porém, uma de suas principais - senão a principal - marcas são as vilãs inesquecíveis e fortes. Desde que entrou no ar, Bárbara (Giovana Antonelli) já deu mostras que seria um dos pilares da excelente Da Cor do Pecado, trama que apresentou o autor ao país. E não deu outra.

O mesmo aconteceu na trama seguinte, Cobras e Lagartos, em que, boa parte do fio condutor da história era levada pela divertida vilã Leona (Carolina Dieckmann). Mesmo com o viés de humor, a personagem mostrava a mesma força da vilã anterior. Feito que se repetiria na estreia do autor no principal horário, 21 horas, com A Favorita. Flora (Patrícia Pilar) entrou para a História da teledramaturgia como uma das maiores vilãs de todos os tempos, muio disso com contribuição do espetacular texto do autor.

As três tinham em comum: a força, a essência da maldade e a capacidade de se reinventar. Porém, uma marca mais profunda, mas também emblemática, era o minimalismo. Tanto Giovana Antonelli, quanto Carolina Dieckmann e Patrícia Pilar construíram personagens fortes, mas implícitas. Para fugir do maniqueísmo as atrizes interpretavam de corpo e alma, mas poderiam fazer as maiores atrocidades sem sequer levantar a sobrancelha, e Flora foi quase como um desenho clássico disso, um trabalho primoroso de Patrícia Pilar.

Agora, João Emanuel Carneiro está novamente no ar com Avenida Brasil. Novamente apresenta uma vilã que choca o país por sua força e capacidade destrutiva. Carminha é tão má ou pior que as vilãs anteriores que o autor brindou o público, mas ela tem uma diferença e - esta - não se deve a João Emanuel, mas a intérprete que foi muito corajosa.

Adriana Esteves tinha a receita pronta das vilãs do autor. Bastava olhar para trás e ver o que as outras três atrizes fizeram e tentar fazer igual, pois deu certo. Mas, fugindo da zona de conforto, ela quis ir além e conseguiu. Carminha no aspecto conceitual é idêntica a Flora, Bárbara e Leona, mas na empostação presencial é completamente diferente. Adriana criou um jeito muito diferente para a vilã, com caras e bocas muito divertidas e uma entonação de voz que é quase impossível de não se apaixonar. 

Tornar Carminha uma mulher exagerada, quase uma vilã mexicana, subindo o tom da atuação, com um texto que já é rasgado de tão forte, era um risco absurdo. Mas a competência de Adriana Esteves permitiu com que a personagem passasse muito longe da caricatura ou do clichê e conquistasse o telespectador logo de cara. Hoje, parece impossível imaginar uma Carminha minimalista, como foi a Flora por exemplo. O que faz com que o telespectador ame a vilã é justamente seu jeito único. Mas, uma marca registrada das vilãs de João Emanuel Carneiro é a de que o público ama odiar suas vilãs.

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