sábado, 15 de janeiro de 2011

Passione frustra. Só Clara se salva.

Foram praticamente nove meses aparecendo em nossa TV de segunda a sábado. Um total de 209 capítulos inéditos - e uma reprise que ainda vai ao ar daqui poucas horas - e Passione sai de cena com algumas frustrações. A menor delas foi não ter conseguido recuperar a audiência do horário e se tornar a pior audiência da história da Globo em ponto no Ibope. (Passione terminou com 35 contra 36 de Viver a Vida).

Outras frustrações são muito mais importantes, contudo. Talvez a maior delas seja a de saber que Sílvio de Abreu criou, provavelmente, o melhor roteiro que uma telenovela já viu, apresentou para o público os melhores 60 primeiros capítulos da história da teledramaturgia brasileira, num ritmo alucinado, cheia de acontecimentos em todos os núcleos e que, daí em diante, se perdeu completamente e não mais se encontrou. Roteiro completamente desperdiçado e mal trabalhado.

Pensar em Passione e não pensar em frustrações seria impossível. Afinal, quem ali não frustrou? Mais um personagem típico de Tony Ramos e que, desta vez, simplesmente não convenceu. Uma heroína sem graça, com poucos brilhos e quase nenhuma chance para mostrar o incrível talento de sua intérprete Fernanda Montenegro, esta foi Bete Gouveia. E o que dizer do vilão? Se Fred tinha ótimas frases, não conseguia fazer nada funcionar, típico vilão bocó e com interpretação canastrona de Reinaldo Giannechinni.

O último capítulo da trama foi um amontoado de cenas sem graça e que não chamaram a atenção. Os desfechos, praticamente todos óbvios demais, não tinham como agradar. Além do que, para uma novela com um início e uma última semana alucinada, o último capítulo foi tão monótono e cansativo que, em alguns momentos, deu muito sono.

Mas nem tudo foi perdido. Uma personagem salvou a trama de Sílvio de Abreu. E ela atende pelo nome de Clara Medeiros. Não pela personagem em si e muito menos pelo desfecho meio sem pé nem cabeça e incoerente com toda a história. Saber que Clara foi abusada por Saulo quando criança, e saber no último capítulo, ajudam em que? Saber que ela virou amante e comparsa dele ajuda em que? Cadê a pista que Sílvio de Abreu jurou estar no primeiro capítulo?

Com ou sem coerência, a verdade é que Mariana Ximenez roubou a cena no último capítulo. E olha que a moça apareceu apenas nas últimas cenas. A forma como ela matou o Saulo foi cheia de significados, crueldade e com uma interpretação riquíssima da atriz. O olhar dela, certamente emprestado de Patrícia Pilar quando viveu Flora, foi magnífico. Mariana cresceu muito como atriz interpretando uma vilã. E tem coisa melhor que uma vilã como a Clara terminar por cima? Todos achando que ela morreu, seu inimigo cumprindo pena por um crime que ela cometeu e ela linda morando fora do país e armando o próximo golpe. Que venha Insensato Coração.

PS: Desculpem a falta de foto, por problemas técnicos da minha internet não estou conseguindo carregar.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

BBB 11: Começou o show de Futilidades

Estreou na última terça a 11ª edição do maior Relity Show do Brasil, o Big Brother Brasil. Com o desafio de estancar a queda de audiência de edição após edição, a direção do Programa passou os últimos três meses na mídia prometendo uma evolução tanto com o elenco quanto nas provas e na metodologia do cotidiano do Reality.

O que se viu nos dois primeiros dias, para se falar a verdade, foi um Pedro Bial mais inspirado do que nunca e dando provas que a bagagem de 10 edições inteiras a frente deste formato o deu cacife suficiente para ser considerado o melhor apresentador de Reality do país. Bial consegue a proeza de entrevistar ilustres desconhecidos num primeiro momento com muita naturalidade como se fosse amigo pessoal deles. Perguntas que, em alguns locais, poderiam ser taxadas de indiscretas e até de mau gosto, na boca do apresentador do BBB ficam divertidas e interessantes.

É difícil falar sobre o elenco escolhido. Em primeiro momento, ele pareceu bastante interessante, apesar de não empolgar na primeira passada de olho como a turma do BBB10 empolgou instantaneamente. Porém, dá para notar que alguns participantes entraram mais com o objetivo de causar e chamar a atenção sobre si do que propriamente para vencer a edição, que de fato é muito mais difícil do que aparecer. Os grandes destaques destes dois primeiros dias do Reality foram Michelle e Paula, cada uma dentro de sua realidade.

De agora em diante serão 03 meses com a mídia enchendo seu público com informação sobre o Big Brother Brasil 11. Informações em sua maioria sem a menor relevância, futilidade pura. A bem da verdade é que a melhor definição para um programa como este é essa: pura futilidade. Mas e daí? somos fúteis e adoramos o BBB. Quem não é, paciência, troque de canal. Nós somos.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Novela Boa na Globo = audiência avassaladora

Quando foi anunciada a sinopse da novela que substituiria a péssima Viver a Vida no horário nobre da Rede Globo eu já me empolguei e fiz aposta alta. Para mim, o mestre da teledramaturgia brasileira seria o responsável por recuperar os números de audiência perdidos nos últimos anos. Sílvio de Abreu tinha em suas mãos uma grande sinopse e, por conta disso, eu apostei que Passione poderia atingir números significativos e fechar com média alta.

Conforme o tempo foi passando isso foi se confirmando um palpite equivocado. Mesmo que a novela realmente tenha começado de forma brilhante, os baixos números obtidos por Viver a Vida atrapalharam bastante a atual telenovela no começo, porém, após excepcionais 50 capítulos, Sílvio de Abreu perdeu a mão e Passione virou uma espécie de samba do criolo doido. Mesmo que a qualidade do texto tenha sido mantida, principalmente com diálogos milhões de vezes melhores que das duas novelas anteriores, a trama já não mais chamava a atenção como antes.

Porém, nas duas últimas semanas o autor recuperou a mão e transformou a trama num thriller de fato. O ritmo de Passione se tornou tão intenso, tão cheio de acontecimentos, tão alucinante que, em alguns momentos, as últimas semanas da novela lembraram bastante o ritmo inserido em A Próxima Vítima. É bem verdade que a média da novela já está comprometida - só um milagre faz com que Passione ultrapasse Viver a Vida na média geral - porém, nesse último mês em exibição, a trama cresceu vertiginosamente com números expressivos, bem acima dos obtidos pela antecessora.

E mais do que isso, Passione conseguiu algo impressionante. Nesta segunda-feira, em que foi exibida a épica cena em que Clara é desmascarada por Totó e sua família - numa atuação impecável de todos, mas com destaque absoluto para Mariana Ximenes, a dona da novela - Passione atingiu média de 53 pontos com picos de 57, segundo a prévia.

Em números de audiência, Passione teve a maior audiência na última segunda-feira de exibição desde Páginas da Vida, números que impressionam. E impressionam mais ainda em números de telespectadores, a trama de Sílvio de Abreu em sua última segunda-feira foi vista na Grande SP por 3.180 milhões de pessoas. Veja a diferença, seguindo a média das outras novelas:

Viver a Vida: 2.340 milhões
Caminho das Índias: 2.940 milhões
A Favorita: 2.940 milhões
Duas Caras: 2.880 milhões
Paraíso Tropical: 3 milhões
Páginas da Vida: 2.640 milhões
Belíssima: 2.736 milhões
América: 2.928 milhões
Senhora do Destino:  2.880 milhões
Celebridade: 2.451 milhões
Mulheres Apaixonadas: 2.365 milhões
Esperança: 1.892 milhões
O Clone: 2.580 milhões
Porto dos Milagres: 2.310 milhões
Laços de Família: 2.436 milhões
Terra Nostra: 1.932 milhões
Suave Veneno: 1.848 milhões
Torre de Babel: 2.200 milhões
Por Amor: 2.240 milhões
A Indomada: 2.240 milhões
O Rei do Gado: 1.800 milhões
O Fim do Mundo: 2 milhões
Explode Coração: 2.200 milhões
A Próxima Vítima: 2.360 milhões

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A Cara do Brasil no Horário Nobre

Não, eu não vou comentar Vale Tudo. Toda vez que falamos sobre o retrato do Brasil na teledramaturgia, imediatamente nos remetemos à trama escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres. Acontece que, dois anos antes, o horário nobre plantou a semente do que foi discutido com tanta propriedade em 1988, com as histórias de Raquel (Regina Duarte), Fátima (Glória Pires) e Odete Roitman (Beatriz Segall). Em 1986, Lauro César Muniz, um dos maiores autores brasileiros, escreveu o sucesso Roda de Fogo.

Em meados dos anos 80, a Rede Globo fundou a Casa de Criação Janete Clair, com o objetivo de produzir sinopses a serem realizadas pela emissora. Infelizmente, essa foi uma iniciativa que não deu muitos resultados. Um dos únicos foi Roda de Fogo, novela que acabaria sendo escrita por Lauro César Muniz com a colaboração de Marcílio Moraes e direção geral de Dênis Carvalho.

Roda de Fogo apresentava um retrato da elite dominante brasileira, denunciando os crimes dos colarinhos brancos e tocando em temas ainda difíceis, como a tortura na época da repressão. Na novela, Renato Villar (Tarcísio Meira), presidente de um forte grupo empresarial, havia remetido dólares ilegalmente para o exterior. Um dos sócios do grupo, Celso Rezende (Paulo José), ao descobrir que estava sendo traído, envia documentos comprometedores ao juiz Marcos Labanca (Paulo Goulart), denunciando Renato e seus cúmplices. Renato manda matar Celso e faz chantagem com o juiz que, acuado, abandona o Brasil. Antes de partir, deixa os documentos nas mãos de sua ex-aluna, a incorruptível juíza Lúcia Brandão (Bruna Lombardi). Renato se envolve com Lúcia, tentando assim colocar as mãos nos documentos. Enquanto essa trama ocorre, o público conhece Pedro (Felipe Camargo), filho bastardo de Renato, que ele tivera com Maura Garcez (Eva Wilma), uma ex-guerrilheira política. Devido a traumas causados pela tortura, Maura foi obrigada a fazer um complicado tratamento psiquiátrico na Itália, abandonando o filho nas mãos da avó, Joana (Yara Cortes).

O relacionamento entre Pedro e Renato é problemático, já que o empresário não permite que Maura volte para o Brasil. Nesse panorama, pode-se perceber que Renato controla todos que estão à sua volta e faz com que tudo siga da forma que quer. Acontece que Renato é diagnosticado como portador de um angioma, uma bolha de sangue no cérebro. Caso a bolha exploda, Renato morre. Para piorar, o protagonista descobre que nenhum tipo de cirurgia pode salvá-lo. Ele tem, no máximo seis meses de vida. A partir daí, surge um novo Renato. Ele resolve aparar todas as pontas de sua vida. Deixa de dar importância aos documentos, abandona a mulher, Carolina (Renata Sorrah), e se entrega a uma verdadeira história de amor com Lúcia. Ainda traz Maura de volta da Itália e passa a tentar conquistar o amor do filho, Pedro. Seus aliados, sem saber o que está acontecendo, reagem, dando um golpe em Renato. Ele então resolve se vingar, arquitetando a morte de todos que o traíram.

Com essa história, Lauro César Muniz apresentou uma das melhores novelas da televisão brasileira. Com trama forte, bem amarrada, sem barrigas e contando com personagens contraditórios e interessantes, Roda de Fogo deu um passo à frente na forma de se fazer telenovelas no Brasil. Não que o folhetim não estivesse presente ou que os romances tivessem sido deixados de lado, eles estavam lá, mas vestidos com roupagem moderna, atualizada, se enquadrando na realidade social do país.

A história profissional de Lauro César Muniz, autor combativo de teatro e responsável por novelas emblemáticas como Escalada (1975) e O Casarão (1976), emprestou à trama da Rede Globo, características de denúncia de uma série de situações políticas e sociais que, talvez nas mãos de outro autor, a história não conseguisse desenvolver. A inclusão de uma ex-guerrilheira política, enquanto ainda vivíamos em anos de ditadura, foi de uma coragem ímpar, principalmente quando ela se reencontra com seu torturador, Jacinto (Cláudio Curi), atual mordomo e amante de Mário Liberato (Cecil Thiré), o antagonista de Renato. Mário, sabendo da antiga “profissão” de Jacinto, usa o mordomo para aterrorizar Maura e assim
atingir Renato. Aliás, Mário Liberato é um dos grandes vilões da história da teledramaturgia. Cecil Thiré, Eva Wilma, Renata Sorrah e Tarcísio Meira brilharam na novela, defendendo personagens que estão entre os mais importantes de suas carreiras. Um verdadeiro duelo de titãs.

Sem dúvida alguma, coloco Roda de Fogo no meu pedestal das telenovelas. Pode não ser a minha preferida emocionalmente, mas sem dúvida a considero a melhor que já vi. Uma novela em que tudo deu certo, e como disse no início, semente para que tais temas fossem discutidos mais amplamente em 1988, em Vale Tudo. Lembranças de uma época em que a televisão tinha boas histórias para contar.

Por Walter de Azevedo

Por que a Record não vai bem em Janeiro?

Quando acontece uma queda de audiência única na programação de determinada emissora, pode-se chamar isso de fenômeno ou coincidência, quando esta queda é diária, torna-se tendência e é preciso avaliar as causas da fuga do público, como aconteceu com o SBT ao longo dos últimos 10 anos, e também como acontece com a Rede Record pelo segundo ano consecutivo.

Em Janeiro de 2010 a discussão era a mesma. Seria o SBT capaz de retomar a vice-liderança com o investimento que vinha realizando em sua grade de programação? A resposta óbvia analisando os números de momento era: sem dúvida, o retorno a vice-liderança é questão de tempo. Fato este que, claro, não se consumou. Fim do mês de Janeiro e tudo voltou ao normal, a emissora de Sílvio Santos em crise de identidade e a Rede Record recuperando seus números que dava o segundo lugar com conforto.

Agora em 2011 o mesmo problema acontece. Nestes primeiros dias do ano já se nota claramente a aproximação nos números das duas emissoras e, algumas pessoas justificam isso pelo retorno de Daniela Beyriti ao comando do SBT. Será mesmo? De fato não foi apenas uma queda acentuada da emissora de Edir Macedo, mas houve crescimento da concorrência, será duradouro desta vez?

É impossível avaliar isso, porém, é fato que a Rede Record perde - e perde muito - de seu público no período de férias. Período este em que as crianças estão em casa e comandam o controle remoto assistindo praticamente durante o dia todo aquilo que querem. Mas o que afasta as pessoas da Record no mês de Janeiro? Essa é uma pergunta complexa, mas já passou da hora dos executivos da emissora começarem a se preocupar com o assunto e buscar respostas através de pesquisas junto a seus telespectadores.

Muitos podem pensar que isso é só uma fase e não há motivos para preocupação. Talvez, mas perda de público é sempre algo sério, principalmente levando-se em conta que uma hora ou outra, a concorrência pode se organizar e a Record não conseguir recuperar o público no restante do ano. E para você, por que será que a emissora perde tanta audiência no primeiro mês do ano?

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