sábado, 9 de janeiro de 2010

Dalva e Herivelto dá um show de produção


Terminou na sexta-feira a minissérie "Dalva e Herivel - uma canção de amor" produzida pela Rede Globo. Como eu disse em outro texto, essa foi a produção que mais deixou público e crítica ansiosos, pois tudo indicava que viria um ótimo programa. O que se viu superou todas as exepctativas, se transformando, de longe, na melhor minissérie já feita no país.

É evidente que muito disso se deve a própria história do casal que fez um imenso sucesso nos áureos tempos do Rádio. Dalva e Herivelto participaram do famoso Trio de Ouro e arrebataram fãs por todo o país, mas a história deles tinha realmente que ir para a TV tamanha a dramaticidade de cada situação, de cada momento da vida de cada um.

Junte-se a isso a sensibilidade e percepção de Maria Adelaide Amaral, que certamente após ler e reler inúmeras vezes tudo que os pesquisadores da emissora conseguiram reunir, soube com maestria transformar essa linda - e triste - história, e um produto para a TV, contendo todos os elementos necessários para prender o público do início ao fim dos seus poucos cinco episódios. O texto de Maria Adelaide beirou a perfeição, com diálogos profundos, conversas sensíveis, acontecimentos ágeis, cortes rápidos, mas tudo entrelaçando-se com naturalidade, sem parecer forçado, sem fazer sentido. Tudo ali esteve sempre dentro do previsto.

As atuações, sem dúvida nenhuma, foram um show a parte. Após três anos longe dos holofotes da mídia que avalia atuações, Adriana Esteves - que passou três temporadas na série Toma lá, dá cá, também da Rede Globo - deu um verdadeiro show de interpretação no papel de Dalva de Oliveira. Adriana atuou com maestria, passando todas as emoções da personagem tão rica de nossa cultura. Show também de Fábio Assunção, na pele de Herivelto. O competente ator mostrou mais uma vez que personagens complexos e que saem do típico clichês mocinho/vilão é algo que ele sabe fazer muito bem. Herivel realmente nunca foi vilão nem mocinho, foi um ser humano com falhas, como todos, e Fábio mostrou isso até em sua entonação.

Destaque também para Maria Fernanda Cândido que mais uma vez roubou a cena não por um estrondo, não por tomar conta da cena como outras grandes atrizes fazem. Maria Fernanda novamente compôs sua personagem de forma simples, sem chamar a atenção, e foi essa simplicidade que mostrou o quanto essa atriz é versátil e de muito talento.

"Dalva e Herivelto - uma canção de amor" é muito mais do que simplesmente uma grande minissérie. Ela foi um retrato da nossa história, da cultura brasileira que já era rica muito antes da televisão. Conhecer um pouco dessa história foi certamente um presente, além do que, nossa atual geração, acostumada com muito barulho e pouca música, pôde - ao menos um pouco - ver o que é música de qualidade, numa das vozes mais lindas do Brasil, senão a mais linda de toda a História do país.

A Rede Globo deu um presente a seus telespectadores com essa minissérie e esperemos que na esteira de "Dalva e Herivelto - uma canção de amor" a emissora produza outros produtos assim, de tiro curto, mesmo deixando um gosto de saudades no ar, desejo de que pudesse ter sido maior, a qualidade fica evidente quando a produção é curta. Parabéns a todos os envolvidos nessa obra de arte.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Caras e Bocas e a Vergonha Alheia


Que Walcyr Carrasco cumpriu com maestria o papel que dele se esperava em Caras e Bocas isso é indiscútivel. O folhetim escrito por ele tinha o objetivo de recuperar e dar novo fôlego ao horário das 7 que vinha de fracassos retumbantes, principalmente de sua antecessora Três Irmãs que apresentou índices de quase 10 pontos abaixo da meta estabelecida pela Rede Globo.

Caras e Bocas aos poucos foi se firmando e se recuperou completamente, mantendo os índices da emissora sempre acima dos 32 pontos, considerado satisfatório, já que teve de recuperar o horário, e chegou a apresentar - mesmo antes dos últimos capítulos - números incrível para o atual momento, chegando a 38 pontos de média.

Nesta última semana era evidente que os números girariam sempre à beira dos 40 pontos e foi o que ocorreu - no último capítulo este número deve ser superado - mas isso acabou ficando diminuto diante do que aconteceu no penúltimo capítulo da trama exibido na noite de quinta-feira. Certamente empolgado pela audiência e tentando inovar, Walcyr Carrasco e seu diretor fizeram um conjunto de bizarrices e tornou este o capítulo mais trash de uma novela global.

Tudo graças a seqüência de seqüestro de Dafne (Flávia Alessandra) realizado por Pelópidas (Marcos Breda) que a levou para o tal subterrâneo da galeria, onde ficava as instalações de um antigo convento. O texto tentando fazer menção em O Fantasma da Ópera beirava o ridículo com frases absurdas, infantis e sem o menor nexo.

Como se o texto e a seqüência em si não bastassem de tão ruim, ainda houve a direção que decidiu colocar um rio - sim um rio - de esgoto no local e na penumbra do rio (?) uma onda de fumaça branca que lembrava muito cenas de filme de terror em pântanos. Totalmente desnecessário, descabido e sem o menor senso de ridículo.

Assistir ao penúltimo capítulo de Caras e Bocas, uma novela absolutamente divertida, leve e até interessante em alguns momentos, foi de causar vergonha alheia a qualquer telespectador. Pena, mas mais uma vez Walcyr Carrasco errou a mão no final de uma trama sua.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

SBT erra ao grudar temporadas


Que o SBT vem de uma série de acertos no ano de 2009, isso ninguém duvida. Com um trabalho sério, bem planejado e principalmente com o pensamento voltado para os telespectadores, a emissora conseguiu bons resultados no ano passado e, pela apresentação da grade para 2010 deve entrar de sola na briga pela vice-liderança de audiência do país.

Mas isso tudo não adianta muito se não houver um senso de lógica pelos corredores da Anhanguera. É necessário que a direção da casa perceba alguns pontos fundamentais na vida da televisão para não se cometer os mesmos erros do passado - e do presente também em emissoras concorrentes.

O grande erro do SBT na década foi não saber se aproveitar do fenômeno chamado Casa dos Artistas. Quando o programa estreou destruindo os adversários e colocando a emissora como líder de audiência com números espantosos - chegava a dar 50 pontos sem dificuldade - o SBT se empolgou e produziu em seqüência mais duas edições do Reality, o resultado todos sabemos, o desgaste e a queda profunda de audiência. O mesmo erro se repete em A Fazenda da Rede Record.

Agora, no início de 2010, parece que a mesma tentação por resultados mais rápidos aconteceu. Mal acabou a primeira temporada muito bem sucedida de Qual é o Seu Talento e a Rede já lançou nesta semana a segunda temporada. Um erro clássico de estratégia e que, mesmo que dê resultados iniciais, tende a desgastar o formato e afastar o público.

Um programa deste formato deve ser realizado apenas uma vez por ano - como acontece nos EUA e Inglaterra principalmente - para que deixe o público ansioso aguardando a nova estreia e tambêm dê tempo para que o telespectador sinta falta do programa. Lançando temporada em cima de temporada, mantendo o programa o ano todo no ar, certamente o resultado não é o mesmo.

Além disso, Daniela Beyrute, diretora do SBT, cometeu o erro que tornou-se tradicional na emissora. Qual é o Seu Talento 2 foi lançado essa semana no mesmo horário, 20h15, porém, a nova grade do SBT a estrear em fevereiro aponta este horário para a nova novela da casa, Uma Rosa com Amor, isso significa que, no meio da temporada, com o público acostumado a assistir o programa no horário, terá mudança de grade, o que é um erro grave e desrespeito ao telespectador.

Uma pena que em meio a tantos acertos, a emissora de Sílvio Santos cometa um erro tão primário e que certamente irá prejudicar no lançamento da nova programação.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Poder Paralelo: uma novela de verdade



Eu sei, eu sei. Estou me tornando repetitivo. Mas quando eu imagino que já vi de tudo nesta novela, Poder Paralelo volta a me surpreender constantemente com capítulos tão ágeis que beira a insanidade, com textos tão sensacionais que em nada lembram o formato de folhetim, com diálogos tão profundos que mais parecem retirados de uma obra-prima de literatura e com atuações dignas de vencer todo e qualquer prêmio ao redor do mundo.

Eu não tenho certeza se a Rede Record percebeu isso, mas a qualidade da novela Poder Paralelo impressiona - e não é pouco - a cada capítulo com novos detalhes, novas cenas, com atuações cada vez mais incríveis, tudo se encaixa.

No capítulo de segunda-feira, 04, vimos a melhor seqüência entre os assassinatos do serial killer misterioso da novela. A perseguição, fuga e finalmente morte de Vânia (Bete Coelho) foi toda muito bem trabalhada e muito bem amarrada. Isso se deve ao texto pensado brilhantemente por Lauro Cézar Muniz, mas também a excelente direção de cena que pensou em cada detalhe, nos ângulos das câmeras, na fotografia sombria e - em alguns momentos - assustadora. E também precisamos mencionar Bete Coelho. Uma excelente atriz que não tinha um grande destaque na trama, mas que ontem, ao se despedir da novela, teve a oportunidade de mostrar seu talento - e que talento. Um show de interpretação em sua última seqüência.

O capítulo todo foi um primor e emocionou muito. O momento em que Maura (Adriana Garambone) vê a irmã morta com um tiro na testa foi uma das imagens mais fortes da teledramaturgia nos últimos tempos. Mas precisamos reverenciar mesmo a atuação de Eliana Guttman. Quando sua personagem Dulce descobre a morte da filha, a reação, as falas sem nexo, o desespero, tudo foi de uma emoção impressionante que prendeu o telespectador e o levou a se emocionar com isso.

Ontem, novamente, vimos um dos melhores capítulos de Poder Paralelo e de novelas em geral, fato que está se tornando corriqueiro nesta trama surpreendente. E ainda houve a sensacional frase de Tony (Gabriel Braga Nunes) ao saber da triste morte de Vânia, vítima do Guri: "Tudo bem. Eu mando flores".

Enquanto telespectadores reclamam da fraca - muito fraca - Viver a Vida, Poder Paralelo mostra que qualidade independe de emissora, mas depende de química entre autor, direção e elenco, desde que haja qualidade e Poder Paralelo tem, de sobra.

Uma parte dessa seqüência exuberante eu postei antes do texto e o fim da cena, posto agora.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Dalva, Herivelto e a Expectativa


Começa nesta segunda-feira na Rede Globo a nova minissérie da emissora "Dalva e Herivelto" que já se tornou o centro das atenções da mídia e do público que gosta e acompanha dramaturgia, muito antes de estrear.

Tudo isso se deve a dois fatores preponderantes: o primeiro são as chamadas realizadas pela emissora - que desde o início de dezembro do ano passado anuncia em sua programação a minissérie. O bom gosto das chamadas, as cenas fortes, o excelente texto e a exuberante interpretação dão o tom dessas chamadas e deixam todos os telespectadores ansiosos pela estreia. O outro fator é essencialmente os nomes. A princípio o nome que assina a obra, Maria Adelaide Amaral, grande autora, respeitada na mídia, pelo público e que é conhecida por trabalhos de bom gosto e sempre primando pelos detalhes, que são sempre importantes nesse tipo de trabalho.

Outros nomes também chamam a atenção. Um elenco estelar foi montado pela Rede Globo para essa curta história que será contada em apenas 05 episódios, ou seja, uma semana. Como protagonistas temos a atriz Adriana Esteves, respeitada por ser talentosa e que já tem trabalhos divinos na televisão, pelas chamadas ela parece ter dado conta do recado. Seu parceiro é Fábio Assunção, um dos galãs mais admirados pelo público em toda a emissora. Um ator com bons trabalhos no currículo, mas que precisava novamente de um trabalho profundo. Além da excelente dupla de protagonista, a série ainda conta com Maria Fernanda Cândido em seu retorno as telas - e tudo que ela faz, normalmente é muito bem feito.

A história também chama a atenção de todos. Dos mais velhos por conhecerem o trabalho de Dalva e Herivelto nos tempos áureos do Rádio no Brasil - muito antes da televisão ser o grande veículo do país - e dos mais novos por quererem conhecer um pouco da história dos astros do rádio brasileiro e também por identificarem um produto de qualidade a caminho.

Enfim, a expectativa é gritante e todos - sem exceção - que gostam da dramaturgia aguardam o horário do primeiro episódio de "Dalva e Herivelto", sem dúvida ao menos neste primeiro capítulo o resultado em matéria de audiência será muito satisfatório. O ponto, é que se tudo for decepcionante, pode ser a maior decepção dos telespectadores brasileiros em muito tempo, pois a muito não se via tamanha expectativa em torno de algo. É esperar e conferir.

*Este artigo também estará disponível no site Famosidades. Visite e conheça tudo sobre o mundo dos artistas.

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