Nossa análise semanal sobre os programas dominicais da TV brasileira está de volta, como religiosamente fazemos todas as segundas-feiras. A repercussão desta análise tem sido interessante, pois temos conseguido levantar uma discussão importante sobre a qualidade da TV no domingo, principal dia da semana, pois é, provavelmente, o único dia da semana em que toda a mescla de público brasileiro está em casa e propenso a assistir televisão.
A crítica de hoje trata do Programa do Gugu, uma das principais estreias da Rede Record nos últimos anos, em uma das contratações mais ousadas que a TV brasileira viu. A contratação de Augusto Liberato, um dos principais nomes do cenário nacional quando o assunto é programa de entretenimento, foi fundamental para a emissora solidificar sua grade dominical em busca da vice-liderança neste dia complicado em que o SBT sempre foi tradicional.
Em princípio, o blog viu o Programa do Gugu sem saber que haveriam estreias, mas isso veio a calhar. A começar pelo quadro novo "Deu na Record", uma espécie de amontoado de reportagens bizarras feitas pelas afiliadas da emissora em todo o país. As reportagens exibidas beiraram o ridículo e chegou a ser constrangedor saber que há jornalistas que se propõe a fazer um trabalho como aquele, mas, num programa de entretenimento, a ideia funcionou, divertiu e, muito mais, serviu como uma crítica ao que o jornalismo televisivo tem entregue para os telespectadores. Neste prisma - e apenas neste - o quadro foi um acerto.
Os tradicionais vídeos da internet, que acompanham o Gugu desde que existe internet no Brasil, continuam lá, mas com uma roupagem um tanto quanto diferente dos demais programas que exploram a temática. Vídeos bizarros, porém nem um pouco divertido, são mostrados ao som de uma narradora ainda menos engraçada e que usa uma entonação irritante como se estivesse falando diretamente com o público. A ideia é boa e deveria funcionar, só não funciona porque a narradora irrita e o texto é fraco.
Houve ainda um outro quadro, em que pessoas levavam inventos para solucionar problemas. Na estreia foram invenções para esfriar a sopa. A ideia do quadro é ótima, mas o tema do primeiro programa foi cotidiano demais e as soluções, a maioria, bobas - exceção de uma ou duas que divertiram. Um pouco mais de dedicação e o quadro pode chamar a atenção
Constrangedor mesmo foi o tal "Recmiss", um quadro para eleger uma miss mirim. Nada funcionou neste quadro. A parceira de Gugu na apresentação foi a atual miss mirim Brasil, uma menina que não tem nada para fazer na TV, pois não tem carisma e soa falsa toda vez que abre a boca. As meninas que participaram do quadro também desagradou, pois não parecia um concurso de miss infantil, sim de adulta. Maquiagens de extremo mau gosto que tentavam tornar as meninas feito mulheres deram o tom e isso incomodou. O uso do júri também não fez qualquer sentido. Foi quase uma hora de quadro que não serviu para nada.
A Escolinha do Gugu também ocupou uma hora da programação. Um quadro arrastado e com poucos momentos engraçados. O principal problema do quadro está na falta de criatividade e tentativa de reciclar personagens que fizeram fama neste formato, mas com atores que não tem grande capacidade cômica. Uma repaginada na Escolinha, com personagens diferentes e um texto mais apurado, funcionaria melhor, principalmente se o tempo despendido fosse de, no máximo, 30 minutos.
E, a partir daí, o Programa do Gugu voltou-se para o que o apresentador tem feito de "melhor", a exploração da miséria humana. Quadros de assistencialismo barato e falso moralismo tomaram conta do programa e voltou a incomodar. Seja o Sonhar mais um Sonho ou o que for, é uma pena perceber que o apresentador não percebe que ele não precisa disso para fazer um bom programa.
O Programa do Gugu apresentou quadros frágeis, poucos momentos divertidos, mas uma diversidade de ideias mais interessantes do que se viu na maioria dos programas dominicais. Ainda que o programa seja um pouco engessado pelas fórmulas dos quadros, a apresentação firme de Gugu, mostra todo o talento de comunicador que ele tem e também deixa evidente que há chance de melhorar o programa, basta um pouco de criatividade porque, hoje, não há quadros bons que justifiquem 04 horas no ar. Ainda assim, Programa do Gugu não chega a ser uma opção ruim para a programa dominical.
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