domingo, 25 de março de 2012

Fina Estampa consagrou peças soltas do elenco

Após chegar ao fim na última sexta, a novela das 21 Horas, Fina Estampa, pode-se fazer uma análise mais sóbria em relação a tudo que a trama significou. Depois de escrever texto voltado para o todo do folhetim e especificamente sobre o último capítulo, chegou o momento de abrir espaço para a análise do elenco, tarefa quase hercúlea em se tratando de uma obra com tantos profissionais envolvidos.

Um dos nomes do elenco que teve seu passe valorizado foi Carolina Dieckmann. Após uma personagem não tão feliz em sua última participação na TV - na pele da sofrida Diana em Passione - a atriz aceitou o desafio de interpretar a controversa Teodora. Com a promessa do autor em fazer o Brasil amar a atriz, ela mostrou maturidade e profissionalismo ao compôr a personagem. Dieckmann teve grandes momentos e soube fazer de Teodora uma personagem complexa e cheia de momentos reflexivos.

José Mayer também mostrou que seu talento sempre supera os obstáculos. Diante de um personagem tão caricato quanto Pereirinha, o ator conseguiu impôr seu ritmo próprio e, com isso, extrair ótimos momentos do que parecia impossível. Por mais que as cenas em que ele aparecia nem sempre fossem as melhores, Mayer nunca decepcionou e conseguiu resultado para lá de satisfatório.

A idade parece nunca chegar para Eva Wilma. Ao interpretar Íris, uma personagem que mais parecia saída de um filme trash de comédia, a atriz foi além na composição e arrancou inúmeras gargalhadas do telespectador. A personagem com mais referências a outras obras do autor, Eva entrou no clima do bom humor e graças a ela, texto que poderia soar falso e sem graça ganhou vida de forma única.

Um ator que mostra maturidade impressionante para tão pouco tempo de trabalho na emissora é Alexandre Nero. Baltazar nem de longe foi seu melhor personagem, mas novamente o ator conseguiu destaque, tanto nas cenas de forte carga dramática em que se tornava agressivo com sua esposa quanto nas cenas cômicas em que ele formou o melhor tripé que a novela poderia ter. 

Marcelo Serrado mostrou ao país o quanto amadureceu como ator. Após anos na Rede Record, o ator voltou a Globo com a difícil missão de interpretar um homossexual afetado e caricato. Com uma composição perfeita, sem ultrapassar os limites, Serrado criou trejeitos, feições e até forma de andar para seu Crô e caiu nas graças do telespectador. Em pouco tempo o personagem tornou-se o mais querido da novela e arrebatou fãs.

Porém, em se tratando de Fina Estampa, o grande destaque foi Christiane Torloni. A atriz que estava um tom acima do que o texto pedia nos primeiros capítulos, deu a volta por cima e fez de sua Teresa Cristina uma vilã com meandros únicos. Por mais que seu texto não contribuísse o tempo todo, a atriz emprestou um carisma incrível para a personagem e a carregou nas costas, mesmo nos momentos difíceis. 

Houve destaques negativos? Claro. Lília Cabral decepcionou. Diante de uma personagem pobre e sem nenhuma profundidade como foi Griselda, a atriz optou por uma composição exagerada que aumentou o tom maniqueísta e atrapalhou bastante. Assim como Caio Castro e Adriana Birolli que nunca conseguiram entrar no clima do casal de mocinhos que a trama tanto pedia.

O tom farsesco e o roteiro nem sempre aprofundado exigiam do elenco uma composição mais ousada, porém, dentro de um limite. Os que conseguiram chegar próximo ao limite tiveram destaque positivo, os que ultrapassaram essa tênue linha, acabaram por exagerar e atrapalhar.

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