segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Qual o caminho da TV aberta?

Nos últimos anos o que se tem visto é uma queda gradual, porém contínua, do número de televisões ligadas e sintonizadas nas emissoras de TV aberta no Brasil. Muito se tem falado sobre a significativa queda de audiência de alguns produtos da principal emissora aberta do país, a Rede Globo, como suas principais novelas que, volta e meia, estão sofrendo com números baixos de audiência.

Porém, ao se fazer uma análise fria dos números, principalmente na média geral diária de cada uma das emissoras, percebe-se que nenhuma apresenta crescimento expressivo. Na verdade, a grande maioria apresenta queda - umas mais que as outras. Mesmo a Rede Record vem sofrendo nos últimos anos, após uma impressionante guinada na primeira metade da década até assumir definitivamente o posto de segunda principal Rede do país, a emissora se estabilizou e, nos últimos dois anos, vem sofrendo pequenas quedas em suas médias diárias.

Pelos números percebe-se que não é verdade a afirmação que o costume do brasileiro está mudando. O telespectador não está deixando de sintonizar a Rede Globo para assistir a Rede Record ou qualquer outra emissora. O público está simplesmente ligando menos a televisão ou a utilizando para outra atividade, principalmente assistir programas através da Rede Fechada, as tradicionais TVs por Assinatura.

Nos últimos cinco anos, principalmente nas grandes metrópoles do país, houve um boom das TVs por assinatura graças a empresas que entraram no Mercado para popularizar o preço deste tipo de produto que, até então, era quase que exclusivamente da Classe Média alta. Empresas como Telefônica, Oi e Embratel criaram suas TVs por assinaturas a preços quase módicos (é possível assinar um pacote básico atualmente por impressionante R$39,90) e o telespectador correu para assinar.

Tendo a opção de, no mínimo, trinta canais diferentes, é evidente que o público das emissoras abertas tenda da diminuir. Não há de se discutir se as emissoras fechadas são melhores ou piores que as TVs abertas (ambas possuem qualidades e defeitos), porém, com tantos canais, as opções são muito mais ricas e a audiência fica muito mais fragmentada. Quando a Globosat lançou o canal a Cabo Viva com uma programação rica em telenovelas e programas antigos da Rede Globo, pouco tempo depois, houve uma reportagem de repercussão nacional, dando conta de que a novela Passione estava perdendo audiência para esta emissora.

Em tempos em que cada vez parece mais claro que o telespectador não possui mais apenas 06 ou 07 opções de canais diferentes, mas pelo menos 30 deles, é impossível imaginar que o caminho da TV aberta seja de crescimento em relação aos números de audiência. É provável que a Rede Globo nunca mais veja uma novela das 8 registrar média geral por voltar dos 45 pontos, da mesma forma que, parece improvável, imaginar que Record ou SBT consigam fechar a média-dia com dois dígitos, quando ocorrer, será exceção.

O melhor caminho para as emissoras é entender que boa gama do telespectador agora possui opções e, portanto, o share de TVs ligadas não deve aumentar, antes, diminuir. Portanto, o ideal é que essas Redes abertas briguem entre si, tentando roubar audiência da concorrente porque, parece cada vez mais claro que, o público está mais atraído pela TV fechada. E isso é irreversível.

4 Quebraram tudo:

Ary disse...

Discordo em alguns pontos. Olha esses números que foram publicados alguns dias atrás pelo jornalista Ricardo Feltrin (volto em seguida):

RECORD:
2004: 7,8%
2005:9,4%
2006:11,1%
2007:14,8%
2008:17,1%
2009:16,4%
2010:16,9%
(crescimento de 117%)

GLOBO:
2004:55,7%
2005:52,8%
2006:52,8%
2007:48,1%
2008:45,1%
2009:46,2%
2010:44,4%
(queda de 20,3%)

SBT:
2004:19,3%
2005:19,8%
2006:16,8%
2007:15,3%
2008:15,1%
2009:13,7%
2010:13,1%
(queda de 32%) esses números corresponde ao share das emissoras e sua participação no total de ligados.

Voltei: Pelos números acima apresentados, dá pra se fazer uma análise mais apurada sobre o que está acontecendo no universo dos telespectadores que ficam na Tv aberta. Record é a única emissora que cresce mesmo enfrentando o rolo compressor das novas mídias que surgiram. Ainda pelos números,é possível ver que a RECORD atingiu seu boom no ano de 2008 e caiu em 2009. Por umasérie de besteiras que a emissora cometeu,e acredito que a pior delas foi tirar o GUGU do SBT,que causou uma contraofensiva de Silvio Santos,desestabilizando algunssetores importantes da emissora. Esse ano,porém,a RECORD vem apresentando sinais de recuperação. Ao menos no que diz respeito ao share.

GLOBO e SBT,na contramão,caem de maneira uniforme.Nesse sentido acredito que o hábito do brasileiro está realmente mudando. E nessa mudança de hábito inclue a migração para outras mídias.

@tvxtv disse...

Ary, eu já disse que adoro seus comentários? Pois é, eu adoro.

E concordo com todo seu texto, muito elucidativo, inclusive, mas, como você bem frisou, eles se tratam de share. Expliquemos o que é.

Share, nada mais é que a porcentagem de audiência. Ou seja, verifica-se o número TOTAL de TV's ligadas em emissoras abertas e, com isso, faz-se a porcentagem de audiência para cada emissora.

A Record, como eu disse, após seus investimentos, subiu mesmo e, a partir da segunda metade de 2008, sofreu queda. Porém, estes números não são reais ao se comparar a outras mídias, mas apenas contra a concorrência aberta.

Ary disse...

Sim,Daniel,na verdade o que quero dizer é isso mesmo: dentro do universo TV aberta, sem considerar outras mídias,é que se pode afirmar que o hábito do brasileiro está mudando. ainda que isso seja a conta-gotas. É evidente o impacto que a popularização das outras mídias tem feito na tv aberta. Especialmente a internet e os canais fechados.

Abçssss

Tarcísio disse...

Concordo.

A Rede Globo caiu muito nos últimos anos, mas a Record pouco se beneficiou. Cresceu sim, mas vem caindo nos últimos meses. E a Vênus Platinada, também continua caindo, o que mostra que a queda de uma não reflete no crescimento da outra.

Embora uma queda considerável, a Globo continua sendo uma das maiores do mundo e dominando boa parte da programação. No horário nobre, por exemplo, o Jornal da Record chega a dar menos Ibope que o Bom dia Brasil, às 7 horas da manhã, enquanto o JN, que mesmo tendo caído, continua sendo referência e com uma liderança intácta e longe de ser ameaçado.

Em diversos outros horários, a Globo não vem dominando por conta de seus próprios erros. Hoje em dia, Sete pecados tem uma média de 11 pontos. Há um ano, Alma gêmea fazia 20/22. A Globo caiu pela metade e a Record não se beneficiou em quase nada.

Acredito que a queda da Globo está pouco atada ao crescimento da Record. Está mais ao crescimento das TV's pagas, da Internet e da falta de interesse das pessoas em ligar a TV (aberta, talvez), visto que outras emissoras, como o próprio canal do Edir Macedo também sofre de constantes números em baixa.

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