Após a estréia, em que este espaço criticou bastante o conteúdo, a novela Morde e Assopra apresentou número de capítulos suficientes para permitir a construção de uma crítica mais apurada através da apresentação de todos os seus núcleos. Foram exibidos até o momento 12 capítulos e este número é mais do que suficiente para dar um bom desenho de quaisquer obras.
O folhetim de Walcyr Carrasco apresenta até agora o mesmo problema detectado em sua estréia, há pouco mais de duas semanas, o extenso e cansativo didatismo que, em seus últimos trabalhos, vem tornando-se marca registrada do autor. Cenas longas e sempre explicativas são vistas com freqüência em todos os capítulos e, sem dúvida alguma, este é o principal problema.
Para quem vê telenovela como uma simples obra de lazer, a trama não chega a ser ruim, pois contém todos os principais elementos maniqueístas que uma boa história deve ter. A fórmula do sucesso encontrada por Walcyr Carrasco desde os tempos de O Cravo e a Rosa é mantida e isso, sem dúvida, deve atrair os olhares da audiência.
Se por um lado o autor resolveu ousar ao criar uma história que mistura dinossauros e robôs, ele também dosou com grande quantidade de conservadorismo ao reviver diversos núcleos de outras obras. Não há problema nisso, afinal, todos os autores - ou quase todos - experimentam isso um dia, porém, Carrasco exagerou na dose, pois em praticamente todos os núcleos pode-se notar personagens semelhantes a outros de suas obras de maior sucesso. Um equívoco que mostra apenas falta de criatividade.
Ainda assim, Morde e Assopra conta com algumas histórias que chamam a atenção, principalmente a de Dulce (Cássia Kiss). Apesar de alguns escorregões no texto, o plot chama a atenção e a construção da personagem merece elogios. Mais um trabalho notável da atriz e, se tudo for bem estruturado, fará sucesso até o fim. Outro destaque do elenco é a protagonista. Vivendo Júlia, Adriana Esteves tem conseguido retirar o melhor do sofrível texto de Walcyr Carrasco e, embasada na sóbria direção de Papinha, o resultado visto na tela tem sido interessante.
Mas, a trama tem problemas e problemas graves. Além da repetição de núcleos e personagens, o pior momento se dá com o núcleo de Ícaro (Mateus Solano) e Naomi (Flávia Alessandra). Além da quantidade de absurdos que o próprio texto carrega - não que a construção de um robô não possa ser explorada, mas a forma como é mostrada beira o ridículo - a história é, como bem disse uma amiga no twitter, a reconstrução moderna do amor de Luna e Rafael em Alma Gêmea. Ou seja, mais do mesmo.
É fato que Morde e Assopra não manteve o mesmo nível de qualidade de sua antecessora no horário, Tititi, mas também é fato que o folhetim consegue ser mais interessante que os últimos trabalhos de Walcyr Carrasco na TV e pode crescer, muito disso graças ao elenco e a direção, que tem conseguido dar um tom menos infantil e didático ao produto.
2 Quebraram tudo:
fracamente, mas respeito pelo o povo do Japão...
Você tem toda razao. Como diz ana Maria balogh em seu livro o discurso ficcional na tv fala que as novelas das 6 seguem a receita água com açúcar. Essa e a trajetória daquele horário. Muito disso se intensificou nos últimos anos com Walcyr. O cravo e a rosa e alma gemea foram seus maiores sucessos no horário. Aí, ele mudou para o horário das 7 e ainda Nao achou totalmente o tom do horário. Repete com algumas mudanças a estrutura narrativa das 6. Mas nessa ultima, o deja vu foi demais! Como telespectadora comum, digo que tenho prazer em assistir, é gostosa, agradável a novela. Mas como profissinal da área, sao outros 500 ... Para quem é noveleiro, dá e uma saudade das versões anteriores e seus atores. Apesar que ate isso esta repetindo!
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