Por Evana Ribeiro
Um homem rico e amargurado que perde tudo o que construiu e recomeça do zero, ao lado da única mulher que o amou de verdade. Você já deve ter visto uma história bem parecida com essa em algum lugar antes, e é justamente essa premissa o pontapé inicial de Cama de Gato, folhetim das 18:00. Mas, apesar de trazer uma ideia inicial bem “mais do mesmo”, a novela conquistou fãs logo de cara e vem dando alegrias à Rede Globo no quesito audiência.
Falando das minhas impressões, Cama de Gato conquistou minha confiança antes mesmo de estrear. Era a primeira vez em dois anos que eu dizia para mim mesma: “essa novela eu vou assistir.” Um dos motivos, afora a sinopse divulgada pela imprensa, foi o elenco, com destaque para Paola Oliveira dando vida pela primeira vez à uma vilã; Camila Pitanga como protagonista e Daniel Boaventura finalmente deixando o elenco de Malhação.
E quando passou o primeiro capítulo, fiquei muito satisfeita em ver que minhas expectativas não haviam sido frustradas. Depois de uma novela como Paraíso, de ambientação rural e com a lentidão que tal ambiente pede, a estreia de uma novela urbana e bastante ágil foi como uma lufada de ar fresco para que o horário não ficasse estagnado em uma única temática/ambientação. A novela das 18:00 pode, sim, ser uma faixa de histórias mais “romance água-com-açúcar” sem cair na repetição de locações e momentos históricos.
Quanto às atuações, Paola Oliveira realmente está mostrando a que veio. Não importa se Verônica é ou não a Flora em miniatura; o que vale é que a atriz está fazendo valer toda a confiança que vem sendo depositada nela desde sua estreia, em Belíssima, evoluindo a cada trabalho novo. E Marcos Palmeira, principal nome masculino do elenco [e alvo de comentários não muito elogiosos sobre sua atuação em boa parte das produções mais recentes], merece aplausos por seu desempenho na pele de Gustavo. Ele não apenas declarou verbalmente seu ânimo por poder fazer a personagem, também vem demonstrando diariamente seu empenho em fazer um bom trabalho.
Gustavo é uma personagem que provoca no espectador emoções oscilantes: mesmo sabendo que o verdadeiro caráter não é aquele, chegamos a odiar tamanha arrogância que ele demonstrava e desejar que ele e desse mal logo... Para logo depois ficarmos na torcida, roendo as unhas a cada sinal de perigo de ele ser descoberto. Uma cena emblemática dessa tensão na qual os espectadores acabam mergulhando junto foi a perseguição que resultou na “morte” de Gustavo assistida por Alcino, sequência muitíssimo bem dirigida.
Nos últimos capítulos, consegui perceber também que Carmo Dalla Vecchia está cada vez mais distante do seu personagem anterior, o Zé Bob. Não foi exatamente o que aconteceu com Daniel Boaventura, que acabou pegando outra personagem cômica e, apesar de estar fazendo bem o seu papel, corre o risco de ficar “condenado” a fazer um tipo só. Não que isso seja necessariamente ruim, mas experiências diferentes fazem bem.
É claro que nem tudo são flores. Como toda novela, Cama de Gato também tem seus pontos baixos e, dentre eles, posso mencionar o núcleo da família de Davi (Ângelo Antônio), chato até a alma. Destaco que o problema não é exatamente o personagem nem a esposa dele, Sofia, interpretada por Paula Burlamaqui. E sim a sogra, Adalgisa (Yoná Magalhães) e o filho mais velho, Pedro (Ronny Kriwat).
Considerando os bons comentários por parte da crítica e principalmente do público (que se reflete na audiência), podemos considerar que Cama de Gato foi uma boa estreia da dupla Duca Rachid e Thelma Guedes no campo das produções 100% inéditas: um folhetim tradicional, mas com boas doses de humor e ação, que prendem a atenção do telespectador; que dá gosto de ver. Muito provavelmente, esta será uma novela que, mesmo não virando um clássico, vai deixar saudades em seus fãs quando chegar o último capítulo.
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