sexta-feira, 2 de março de 2012

Realidade ou sonho? A Vida da Gente ou Cordel Encantado?

Sai de cena nesta sexta-feira a novela das 18 Horas, A Vida da Gente. Obra de Lícia Manzo, a produção estreou cercada de expectativa, pois tinha como um dos objetivos manter a qualidade e audiência conquistada por sua antecessora, Cordel Encantado, uma das obras mais vencedoras e que agradaram a todos nos últimos anos.

Nos números de audiência, o folhetim não conseguiu segurar os resultados. Fecha sua participação com média de modestos 22 pontos em SP e 24 pontos no PNT - Painel Nacional de Televisão - em SP são 04 pontos a menos que a novela de Duca Rachid e Thelma Guedes e, no país todos, 06 pontos a menos. Porém, é indiscutível que, em repercussão ambas foram muito fortes e conseguiram espaço, além de quase nunca haver críticas negativas.

O problema começa, contudo, na hora de fazer uma escolha. Qual das duas foi uma novela melhor? A resposta passa pelo gosto individual de cada um, porém, é possível analisar tecnicamente a composição artística de cada uma. Para isso, porém, é necessário se despir de fanatismo e deixar o gosto pessoal de lado, sem tentar pender para a preferida.

Ambas as tramas mostraram-se extremamente competentes quando o assunto é fotografia. Se Cordel Encantado chamou a atenção por uma película cinematográfica bem composta, com imagens esforçadas em cada situação, A Vida da Gente foi uma novela cheia de vida na fotografia. Cores fortes, mas sem pesar na visualização, sempre delicada, deram o tom correto. A ousadia da primeira lhe dá pequena vantagem.

A direção firme também foi uma marca de qualidade dos dois trabalhos. A Vida da Gente teve direção de cena delicada, construída no realismo e com ângulos tradicionais de filmagens e marcação de cena. Já Cordel Encantado ousou mais e permitiu uma liberdade maior para seu elenco, o que era necessário pelo apelo da história. O trabalho de direção de Cordel chamou mais a atenção.

O roteiro é mais complexo de se analisar. A Vida da Gente foi uma novela bem mais estática. A trama não caminhou apoiada na situações ou nas viradas, o apoio de sua história se dava nos diálogos extremamente sensíveis e bem construídos. Se nos diálogos Lícia Manzo mostrou-se imbatível, nas sequência há uma clara vantagem para a dupla de Cordel Encantado. Com diversas viradas em seu roteiro e acontecimentos eletrizantes, o folhetim não sofreu tanto com barriga, o que a atual trama das 18 Horas sofreu por diversos momentos. Parece, contudo, ponto pacífico que o roteiro da atual obra é mais amarrado do que a anterior.

No elenco, Cordel Encantado teve como ponto forte a homogeneidade do trabalho. Os destaques individuais chamaram a atenção pela composição leve e bem construída das personagens e os protagonistas funcionaram muito bem, com destaque para Bruno Gagliasso em um momento bastante feliz. Enquanto isso, A Vida da Gente teve destaques diversos. A dupla de protagonistas roubou a cena, Marjorie Estiano mostrou uma maturidade impar e Fernanda Vasconcellos cresceu muito neste trabalho, seu melhor na TV. Um elenco mais maduro dá vantagem nesta área para a crônica da vida real.

Ou seja, numa análise fria, tanto A Vida da Gente quanto Cordel Encantado tiveram vantagem uma sobre a outra em determinada parte da avaliação. Cordel Encantado foi uma trama que permitiu ao telespectador sonhar, divagar e mergulhar num universo de fantasia. A Vida da Gente foi fincada com os dois pés na realidade e permitiu que o telespectador se emocionasse com os golpes que o destino dá a cada um. Se há uma vantagem para a antecessora, é por ter funcionado mais como novela e por ter conseguido ousar um pouco mais.

Ainda hoje, após a exibição do último capítulo, tem a análise completa de A Vida da Gente

4 Quebraram tudo:

Rodrigo Rocha disse...

Querido

Na minha modesta opinião, não há possibilidades de fazer uma comparação entre as obras. É como querer comparar o popularesco pastelão de Aguinaldo Silva com o realismo moderno de JEC. Ou então as Liberdades criativas de Glória Perez com os romances policiais de Gilberto Braga.

Acho que A vida da Gente conseguiu, em repercussão, tanto sucesso quanto Cordel, embora em audiência tenha passado momentos preocupantes. O que nos leva à análise: será que o público das 6 não quer mais fantasia e menos realismo?

Eu preferi Vida que, por mais que tenha apresentado a famosa "barriga", soube conduzir o destino de cada personagem de forma tímida, mas emotiva e convincente. Não que cordel não tenha os seus méritos, que são incalculáveis...

PS: Gostaria de comentar algo contigo: só eu acho as propostas das novelas não condizem com seus horários? Vejamos: Na globo, temos Malhação que é feito para o público jovem. Depois quebra e vem uma novela mais com cara de dona de casa, de família. Depois quebra de novo e vem pra algo, geralmente, mais cômico, com uma proposta juvenil. Logo apó vem o jornal, algo sério e adulto e então entra a novela das 9, que é o horário mais diversificado de todos.
Acho que faria mais sentido se, em seguida de malhação, entrasse, suponhamos, aquele beijo, prendendo a audiência juvenil e começando a angariar a família. Logo em seguida, Vida da gente, estabelecendo a família à frente da TV e preparando tereno para o jornal.
Só eu que enxergo essa ruptura como uma possível causa para a queda dos números de audiência?

Paulo Jr. disse...

Rodrigo Rocha, eu creio que as novelas das 19 são leves e descompromissadas por que é o horário em que muitas pessoas estão chegando do trabalho em casa. Então essas pessoas querem algo pra descansar, não precisar usar muito a cabeça, algo bem leve, pra desanuviar do cansaço do trabalho. Me parece que é assim que a Globo vê as coisas.

Sérgio Santos disse...

Na minha opinião, A Vida da Gente foi melhor que Cordel Encantado. A novela de Duca Rachid e Thelma Guedes foi excelente e mereceu todos os elogios e prêmios que recebeu, mas andou em círculos por longos meses. Timóteo sequestrava Açucena, depois ela fugia, e ele sequestrava de novo. Cansava.

Já A Vida da Gente teve uma barriga de umas 3 semanas, mas ainda assim as cenas tinham uma função e não eram gratuitas. Lícia Manzo escreveu uma novela impecável do início ao fim. Já estou com saudades.

http://zamenza.blogspot.com/

Lucas Muniz disse...

Eu acompanhei as duas novelas do começo ao fim, sem perder um capitulo, eu acho as duas novelas as melhores que já vi em qualidade de texto, imagem, mas acho que o que pecou em cada uma foi como os autores levaram a história.
A vida da gente começou empolgante mas foi perdendo o brilho até as duas ultimas semanas onde se recuperou. Já Cordel Encantado foi sempre empolgante até sua ultima semana onde não senti prazer em assistir pois apresentou os finais no anti e penúltimo capitulo, deixando pro final nada para se resolver.

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