Quando Maria Adelaide Amaral apresentou a proposta de uma sinopse para minissérie sobre a vida da comediante Dercy Gonçalves, certamente a Rede Globo relutou até concordar que era o momento de homenagear uma das primeiras divas e vedetes que este país já produziu. Não seria fácil construir uma história sobre a controversa personagem se tivessem que abrir mão de diversos pontos que, para a emissora, seriam complicados tratar.
Aposta feita e o resultado impressionou. Em 04 episódios, Dercy de Verdade conseguiu mostrar, de forma bem resumida, é verdade, a vida de uma das maiores artistas da História do Brasil. A cada capítulo a autora e o diretor Jorge Fernando - em um trabalho muito mais sóbrio e bem elaborado do que vinha realizando - mostraram a evolução de Dercy enquanto pessoa e enquanto artista e, fugindo do maniqueísmo conseguiram construir 04 elementos distintos.
O primeiro episódio foi ágil, cheio de cortes de cenas e takes diferentes do que a TV está acostumada para mostrar como tudo para Dercy foi muito rápido em sua batalha. Já o segundo, bem mais tradicional, foi imensamente cômico e mostrou uma pessoa com alma de artista. Uma comediante pura e que sabia como poucos improvisar. O terceiro episódio trouxe a dissonância da comicidade da personagem com seus muitos momentos de sofrimento e uma lição importante: a queda da grande Dercy Gonçalves começou porque ela nunca soube lidar com o ennvelhecimento. Confundiu irreverência com uma espécie de complexo de Peter Pan e isso começou a afetá-la. Por fim, o excelente último episódio, mostrou Dercy novamente por cima, já na TV e foi bem mais tradicional, lembrando até uma telenovela bastante melodramática.
As figuras de linguagem que apareceram o tempo todo em evidência no excelente trabalho de roteiro de Maria Adelaide Amaral serviram como escopo para a construção da minissérie, sempre com muita competência e alguma ousadia planejada por parte de Jorge Fernando. Somente com dois pontos assim é que Heloisa Perissé conseguiu brilhar tanto. Uma grata surpresa, a atriz soube sair do cômico para o drama e convencer. Mas Fafy Siqueira roubou a cena neste último episódio. Ela incorporou Dercy Gonçalves e conseguiu tamanha semelhança que em alguns momentos deixou os telespectadores assustados.
Boni, Faustão, Hebe, foram tantos nomes citados nesta série que serviram apenas para mostrar que a vida de Dercy é uma espécie de enciclopédia da arte nacional e deveria ser tombada. Se a vida da artista já é um presente para os fãs, a construção de Dercy de Verdade foi um excelente início para a teledramaturgia brasileira em 2012. Pena que durou tão pouco.
1 Quebraram tudo:
pena que foram somente 4 capitulos. Bons trabalhos a Globo abrevia, BBB passa 3 meses...
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