Num turbilhão de estreias, a Rede Globo levou ao ar na última terça-feira a sua nova minissérie. Com assinatura da experiente e competente Maria Adelaide Amaral (A Casa das Sete Mulheres, Os Maias) e direção de Jorge Fernando, Dercy de Verdade entrou no ar para mostrar a boa parte dos telespectadores um pouco mais da vida de uma das principais e mais carismáticas artistas brasilerias: Dercy Gonçalves.
Rodeada de ansiedade, a produção entrou no ar pouco depois das 11 da noite, mesmo sendo mais tarde que o horário em que Dalva e Herivelto foi exibida em 2011, a produção deu a chance do telespectador mais convencional que costuma desligar a TV mais cedo assistir ao programa que se encerrou antes da meia noite, ou seja, horário bem aceitável.
A princípio, não foi fácil descrever a sensação que ficou quando o primeiro capítulo chegou ao fim. A qualidade incontestável do texto afiado de Maria Adelaide Amaral esteve presente em todos os momentos, mas ninguém duvidou que isso aconteceria, afinal trata-se de uma das mais competentes roteiristas de TV do nosso país. Porém, o que levou à reflexão foi a aposta de Jorge Fernando em imprimir um ritmo diferente na direção das cenas e seqüências.
Com efeitos de envelhecimento de cena e até com imagens fictícias em preto e branco, o primeiro capítulo manteve um ritmo ágil que, em alguns momentos, lembrou os cortes e as cenas descontínuas de O Astro. Não é fácil para um diretor agilizar o ritmo de uma produção sem que o telespectador tenha a impressão de que há pressa e Jorge Fernando conseguiu este feito.
A linguagem da minissérie também precisa de observação. Maria Adelaide Amaral apostou num estilo muito mais teatral em seu texto, numa clara metalinguagem da própria vida de Dercy que foi rodeada de situações teatrais e que, vista sem o hiperbolismo necessário, talvez faltasse um pouco de verossimilhança. Por conta disso, a total falta de sutileza do texto aumentou ainda mais a qualidade do que foi ao ar.
Ponto positivo para o elenco. Fugindo do maniqueísmo televisivo, o casting esteve quase sempre impecável na construção das personagens e mostraram um profundo trabalho coeso de composição. Destaque para Heloisa Perisse, uma grata surpresa que conseguiu carregar uma personagem de grande carga dramática. Dercy saia do humor para o drama em segundos e, aliada a isso, falava um caminhão de palavrões que não podiam diminuir as cenas e Heloisa conseguiu isso.
O grande mérito deste primeiro capítulo, contudo, foi a ideia de que a própria Dercy contasse sua história para o público. Com Fafy Siqueira narrando a história de vida da personagem enquanto o público acompanhava tudo e o melhor, em um impecável trabalho de pesquisa, a produção conseguiu também levar ao ar trechos de entrevistas da própria Dercy ainda em vida e que foram somados no capítulo. Um grande acerto.
Com uma nova linguagem para a TV, Dercy de Verdade acaba de ser muito mais que uma simples homenagem a uma grande artista, se transforma numa aposta competente de um jeito diferente de se fazer televisão e que pode trazer inúmeros resultados.
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2 Quebraram tudo:
Concordo com tudo que você escreveu. Achei a minissérie fantástica em tudo. Maria Adelaide é a melhor do ramo para minisséries, fez até uma minissérie monótoma se tornar a minha preferida, Queridos Amigos ... Aliás, a globo deveria voltar a investir mais pesado no ramo. Olha a audiência de todas as minisséries que a globo faz, todas, sem exceção dão ótimos índices, então, por que não fazer minisséries de janeiro à março, cada uma com um mês de duração. Além de dar mais espaço aos autores, nós, meros telespectadores sairíamos ganhando e muito com isso.
Amei Dercy de Verdade, ótima pedida para o fim de noite. Gostei de tudo, atuações, figurino, cenário, abertura. Só acho que deveria ser bem mais que 4 capítulos....
Beijos, Luana- http://movimentodaarte.blogspot.com/
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