sábado, 14 de maio de 2011

Vidas em Jogo: uma mistura confusa de conceitos

Com duas semanas de exibição e nove capítulo que já foram ao ar, torna-se mais possível fazer uma análise um pouco mais aprofundada da nova novela das 10 da Rede Record. Trama de Cristinna Fridman (Bicho do Mato e Chamas da Vida), Vidas em Jogo apresentou nas duas primeiras semanas audiência irregular, com números altos em alguns capítulos e muito abaixo do esperado em outros.

Nestes capítulos exibidos até o momento, o folhetim tentou a todo custo chamar a atenção do telespectador para as mais diversas história que serão discutidas ao longo dos mais de 200 capítulos que teremos pela frente. Temas polêmicos como gravidez indesejada, sem tetos e violência urbana já foram apresentados logo no começo da trama, um artifício muito utilizado por alguns autores na tentativa de atrair os olhos da audiência e também da mídia.

A bem da verdade, tudo que Fridman fez até o momento foi isso. Lançar mão de praticamente todas as técnicas de teledramaturgia já existentes na tentativa de colocar sua novela no centro das discussões por todo o país. Como se sabe, a Rede Record vem numa descendente em relação aos números de audiência de suas telenovelas neste horário e, certamente por conta disso, a necessidade de reconquistar o telespectador para seus folhetins.

Ocorre que, como bem se sabe, quando até o público começa a perceber que tudo que ocorre numa novela baseia-se exclusivamente de técnicas de roteiristas é porque há um problema. Nada em Vidas em Jogo soa naturalmente, não há nenhum elemento que possa se dizer puramente dramático. Assistir cada uma das seqüências é quase como uma lição de um estilo específico de escrita - e isso não é um elogio.

Ao tentar fazer todas as tramas andarem ao mesmo tempo e, pior, em direções opostas, a autora apostou que o público compraria todas as histórias. Ledo engano. Sem proximidade com sua realidade, sem a oportunidade de ver o desenvolvimento das personagens e suas características, sem condições para se identificar com as histórias, é impossível que o telespectador torne-se fiel a uma obra da TV. E a irregularidade na audiência desta duas semanas prova isso.

Se a direção aparenta ser muito mais sóbria e sensata do que a de sua antecessora, o elenco do folhetim não consegue o destaque que dele se espera. Muito também por conta das cenas apenas discretas que são escritas para a maioria. O casal protagonista não consegue empolgar, ainda que não chegue a comprometer, enquanto isso, os grandes nomes da novela passam quase de forma desapercebida, como a excelente Betty Lago que, mesmo num papel diferente de tudo que já fez, não ganha destaque algum. Beth Goulart, apesar de segura em sua vilã, sofre com um texto mexicanizado para uma personagem caricata e cheia de exageros, isso impede que a personagem de fato se destaque.

Há evidências que Vidas em Jogo terá muitas viradas e, a partir do momento em que os mistérios da trama começarem, é possível que os núcleos se aproximem, se interajam e, com isso, o ritmo possa soar mais natural. Enquanto isso, a novela é como uma pintura cheia de técnicas aprendidas na escola, mas sem nenhuma vida.

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