quinta-feira, 12 de maio de 2011

A discussão está aberta: Estratégia ou Desrespeito?

Em América, intervalo comercial foi chamado e beijo gay não exibido
A não exibição do beijo lésbico prometido pelo SBT para os telespectadores de Amor e Revolução no capítulo da última quarta-feira acabou por reabrir uma discussão que é quase tão antiga quanto as próprias telenovelas brasileiras: onde termina a estratégia de programação e onde começa a falta de respeito para com o público?

Esta resposta não é fácil, mesmo para quem enxerga o todo pelo lado de fora e precisa ser avaliada com calma. Para quem não sabe, tanto o SBT quanto o autor da trama, Tiago Santiago, fizeram extensa divulgação nos últimos dias afirmando categoricamente que "o primeiro beijo lésbico das telenovelas brasileiras" seria exibido nesta quarta-feira. Com isso, criou-se quase uma comoção nacional em torno deste capítulo - que mesmo não revertido em audiência, conseguiu uma repercussão que impressionou.

O ponto é que, todos que assistiram ficaram a ver navios. O tal beijo acabou não sendo exibido e, segundo o twitter do autor, ficou para esta quinta devido a estratégia de programação em busca de angariar melhor audiência. Fernômeno parecido aconteceu durante a exibição da novela América, na Rede Globo. O caso não é idêntico, mas se assemelha. Na época, a emissora não se posicionou publicamente sobre a exibição do beijo gay no último capítulo, mas a autora Glória Perez divulgou em todos os veículos de comunicação, inclusive em seu blog e orkut que haveria o beijo gay e, inclusive, a tal cena foi gravada.

Na ânsia por assistir ao primeiro beijo gay numa novela das 8, o Brasil parou para ver o último capítulo de América - que até hoje tem o recorde de média dum último capítulo na nova contagem aferida pelo Ibope, 68 pontos de média - para, no fim, se frustrar com a não exibição do beijo. A justificativa, na época, foi que a decisão partiu da direção geral da Globo que decidiu, minutos antes, não exibir o beijo por considerar que não era o momento e seria rejeitado pelo público.

Na época todos se perguntaram o motivo da proibição da exibição e, se era opção da emissora, a razão por terem permitido que a cena fosse gravada. A discussão volta à tona, de outra forma, o ponto agora é a estratégia e o desrespeito. Nos dois casos a não exibição ocorreram por estratégia - na Globo por conservadorismo e no SBT para angariar mais audiência - mas, de qualquer forma o telespectador se sentiu enganado. Até que ponto vale a pena divulgar uma notícia mentirosa de forma proposital somente com a intenção de obter pontos de audiência? Se o produto não tem qualidade suficiente para reunir os telespectadores, utilizar este tipo de artifício faz parte ou é traição para com o público? 

É preciso entender que TV vive de audiência e é necessário buscar diversas ferramentas para atrair o público, porém, este tipo de atitude não deve ser considerada ferramenta. No caso da Globo foi pura balela de enganação e no SBT não pode ser chamado de "gancho", mas de falta de respeito. Se houve uma divulgação oficial que a cena ocorreria na quarta-feira, ela deveria ter ocorrido na quarta, ou então a estratégia de divulgação deveria ser diferente deixando em aberto a possibilidade da cena ser exibida na data proposta. Uma pena.

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