domingo, 25 de abril de 2010

Séries mostram a força da dramaturgia Global

Tentei pesquisar, mas nem assim consegui chegar a uma conclusão satisfatória, o fato é que há muito tempo a Rede Globo não acerta tão em cheio em suas séries como neste 1º semestre de 2010, algo louvável para uma emissora cuja prioridade máxima é a produção de novelas e um sinal de que esse formato parece ganhar força também nas emissoras brasileiras e não apenas entre o público.

Ter uma grade de programação não é fácil, ter vários produtos de um mesmo formato na grade e manter a qualidade é ainda mais difícil, tanto que a própria Globo não consegue sempre manter três novelas de qualidade no ar, que é o carro-chefe de sua dramaturgia, portanto, colocar no ar 05 séries de qualidade simultaneamente no ar é uma tarefa para herói, e a emissora conseguiu.

A começar pelo domingo em que SOS Emergência vem tendo a árdua tarefa de recuperar a tradição do público de assistir uma série de humor após o Fantástico, tradição essa que durou muitos anos com o excelente Sai de Baixo. Após uma estréia apenas morna, o programa se recuperou no segundo episódio e teve no seu terceiro episódio o melhor momento até aqui. Nem de longe a série é o melhor produto da emissora, mas vem crescendo, encorpando, ganhando cara própria e mostrando que tem a capacidade de fazer o público rir e prender muita gente diante do televisor.

Na terça é a vez da melhor produção brasileira da atualidade, Força-Tarefa que já teve uma primeira temporada muito interessante, vem provando nesta segunda temporada que o Brasil tem capacidade de produzir uma série policial com qualidade comparável às gringas. Roteiro impecável, bem pensado, profundo e evitando os clichês e lugares-comuns que esse tipo de formato costuma carregar, a série é a melhor coisa da TV brasileira em 2010 até o momento, destaque para a excelente atuação de Murilo Benício que cresceu muito com sua personagem.

Quinta-feira é dia de A Grande Família. Uma série que está a 10 anos no ar e ganhando prêmio atrás de prêmio diz por si própria o tamanho de sua qualidade. Um dos melhores roteiros da TV brasileira, episódios divertidos, dramáticos e envolventes, além de diálogos dos mais ricos da TV. Elenco forte e que resiste ao tempo, prova da qualidade do protudo e que faz o telespectador torcer para que continue por muitos anos.

Ainda na quinta surge uma deliciosa novidade. A Vida Alheia, produção de Miguel Falabella e que teve em seu episódio piloto uma amostragem fraca do que seria a série. A partir do 2º episódio não deixou a desejar e já prendeu o público, chamou a atenção do telespectador por ser uma das poucas séries brasileiras a seguir o formato de sucesso americano. O formato contínuo, ou seja, apesar de ser dividida por episódios semanais e com uma história que começa e termina ali, os episódios são interligados, continuados e tem uma história linear muito interessante. A cada quinta-feira mais o público quer assistir porque a história cresceu, ficou forte e atraente.

Na sexta-feira surge a melhor série de humor desde Os Normais. Não à toa a produção é também assinada por Fernanda Young, o que significa muito neste caso. Separação não é apenas uma boa série de humor, é um produto dos mais divertidos, levando o telespectador a alguns momentos de gargalhadas histéricas, coisa que poucas séries conseguem em qualquer lugar do mundo. Roteiro escrachado, situações bizarras e absurdas e atuações fortes e malucas marcam a série, ou seja, uma mistura que tinha tudo para dar errado e deu muito, muito certo.

Com um primeiro semestre destes fica a pergunta: como a Globo vai conseguir manter este nível alto que ela mesmo se colocou no 2º semestre? Não é uma tarefa fácil e as produções que substituirão estas séries terão o árduo trabalho de tentarem manter o nível. É ver para crer.

3 Quebraram tudo:

Marlon Kraupp disse...

Separação na minha opnião é melhor que Os Normais

Só não to gostando do Vladimir Bricht.

Domingos Santiago disse...

O perfil de Gilmar (Alexandre Nero) na novela como vilão é um dos melhores. Vilões que sempre mostram seu ponto fraco ou que são ágeis e transmitem emoção naquilo que fazem são os mais interessantes - na minha modesta opinião.
Nazareth (Renata Sorrah - acho que é assim) em Senhora do Destino foi inesquecível. A vilã não só protagonizou cenas de crueldade, também interpretou cenas ilárias em que gargalhava e logo depois chorava, ou quando foi sequestrar a filha de Isabel, quando fingia sentir dor no parto. Flora (Patrícia Pillar) em A Favorita também era outra que contagiava o público, mesmo sendo má (confesso que torcia por ela algumas vezes). Judith (Debora Evelyn) em Caras e Bocas, seus planos eram frustados por Bianca (Isabelle Drummond).

O perfil de vilão que seus planos nem sempre dão certo são os que mais me cativam. Eles mostram que são perversos, mas que tem um ponto fraco. Riem, choram, gritam, conversam...

Cristina (Flávia Alessandra) em Alma Gêmea ou Verônica (Paola Oliveira) em Cama de Gato eram vilãs que eu tinha apatia - não era pró, nem contra. Não estou questionando a atuação delas, mas eram vilãs frias, cruéis e que na maioria das vezes seus planos davam certo, principalmente quando os "mocinhos" eram "abestalhados" - isso mesmo, "abestalhados", com era o caso de Serena (Priscila Fantin) e Rafael (Eduardo Moscovi) em Alma Gêmea e Gustavo (Marcos Palmeiras) em Cama de Gato.

Walcyr Carrasco transformou Bianca no Carrasco de Judith e isso era legal.
Destaque para o casal Paula (Alessandra Nigrini) e Daniel (Fábio Assunção) em Paraíso Tropical que não eram bobos e não vimos aquele "vai e vem" típico de casalsinho de malhação.

Danilo disse...

Eu prefiro 'Os Normais' do que 'Separação', mas 'Separação' já me conquistou, e pode ser que eu passe a gostar mais do que 'Os Normais'.
Já as outras séries eu não tenho visto inteiras. Gostava bastante de 'Força Tarefa' na temporada passada, mas nunca vi agora que mudou de dia.

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