Com o slogan da série eu decidi começar o texto pelo título e continuar aqui no corpo algo que faltou no slogan: Qualidade, tem muita Qualidade o Som e Fúria, a nova minissérie da Globo.
A minissérie antes da estreia já estava muito badalada, um pouco pelas chamadas que duraram quase 60 dias nos intervalos comerciais da Rede Globo e muito pelo nome que assina a obra, ninguém menos que Fernando Meirelles, um dos gênios da arte de dramaturgia do Brasil.
Na estreia de terça-feira foi preciso alguns minutos após o encerramento do capítulo para que qualquer pessoa pudesse dizer algo em relação ao que havia sido exibido ali, algo raro de ser na TV aberta brasileira, de uma qualidade ímpar. O roteiro de Som e Fúria é simplesmente brilhante, tudo muito encaixadinho e cada frase, cada texto, é colocado na voz de um personagem por um motivo correto, sem cenas fora do eixo.
O foco da narrativa fugiu dos padrões naturais, porém caminha naturalmente para os padrões do grupo teatral que protagoniza a obra. Todos são, de um jeito ou de outro, completamente malucos, e isso dá a exata noção do tanto que a série promete ser divertida.
O grande destaque desses dois primeiros capítulos, sem dúvida, foi o roteiro que é especialmente rico, tão rico, que eu já aposto em fiasco de audiência, visto que é um produto muito refinado para a média geral da população brasileira, o que é uma pena, porque raramente podemos ver uma obra de arte dessas na TV.
Outros destaques são os atores, selecionados a dedo pela emissora carioca e com acerto em quase 100%. Começando por Pedro Paulo Rangel que soube dar o tom correto para o diretor consagrado e, agora, para o fantasma que incomoda o novo diretor artístico da companhia. Ainda podemos destacar a excelente Regina Cazé que está dando show como funcionária da Secretaria de Cultura, juntamente com outro destaque, Dan Stulback, sempre muito bem e cada vez melhora mais.
Em atuação, porém, os principais destaques são Andrea Beltrão que acertou o tom de sua personagem, uma estrela de teatro que é absolutamente frustrada, porém competentíssima, um personagem que poderia ficar facilmente caricata, mas ela está sabendo conduzir. Cecília Homem de Melo (eu não a conhecia) está um espetáculo como a secretária do diretor artístico, ela acertou o tom de tal forma que cada frase que sai de sua boca, mesmo séria, é suficiente para nos fazer rir, e muito.
Mas a minissérie tem um dono até o momento, e ele atende pelo nome de Felipe Camargo. Ao que parece, Felipe não terá em Som e Fúria apenas seu retorno a TV como protagonista, mas um retorno triunfal. Na pele de Dante, novo diretor da companhia e que vai conduzir o grupo a encenar Hamlet, Felipe Camargo encarnou um ator completamente maluco e cheio de manias, cada trejeito, cada olhar é muito bem pensado pelo ator.
Mas nem só de alegrias e acertos vivem as obras. Som e Fúria teve, infelizmente, escalações erradas. Daniel de Oliveira em suas aparições até aqui mostrou-se totalmente desconfortável num papel relativamente simples e ele está destoando muito dos outros. Seu par romântico na minissérie também está em rota de colisão com o restante do elenco, Maria Flor, que normalmente eu elogio muito por ser uma ótima atriz, parece que não conseguiu entrar no clima de uma atriz iniciante numa companhia de teatro. Ela está mecânica e não deu vida a personagem.
Muitos personagens ainda virão, ótimos atores e atrizes, como Rodrigo Santoro e Débora Fallabella, mas o fato é que Som e Fúria foi, provavelmente, o maior acerto da Globo nos últimos anos.
1 Quebraram tudo:
Concordo em gênero número e grau!
Simplismente um espetáculo essa minissérie! A produção, direção, interpretetação são fantástico!
Pra mim há 2 destaques Felipe Camargo e Cecília Homem de Melo, o primeiro esta brilhante como diretor louco e cheio de manias e a segunda está tão bem interpretada que realmente acreditava que ela seria secretária prestativa, apressada e nervosa que se mostra na séria!
Parafraseando Daniel César: "Som e Fúria foi, provavelmente, o maior acerto da Globo nos últimos anos."
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