terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Corações Feridas e esforçada, mas só.

Já com mais capítulos exibidos é possível fazer uma análise um tanto quanto mais apurada da novela do SBT, Corações Feridos. Com a assinatura de Íris Abravanel, a trama assumiu o novo - que na verdade é velho - horário para a teledramaturgia da emissora e com o objetivo maior de iniciar a consolidação do horário para as novelas, como opção a outras emissoras que exibem jornais neste momento.

A primeira impressão que se teve ao final do primeiro capítulo ficou mantida nos posteriores. O principal problema do folhetim é, sem qualquer dúvida, o ar de minissérie que ela transmite. Como obra fechada - foi gravada toda antes da exibição - ela passa distanciamento do telespectador, mas mantém a linguagem e a produção de novelas, o que deixa um ar muito superficial e falso para quem assiste.  Somente isso já é suficiente para afastar a audiência que não consegue comprar uma história assim.

O elenco vem se mostrando outro ponto baixo do folhetim. Cheio de altos e baixos, a maioria das cenas vem carregada de problemas de interpretação, que variam entre a falta de composição de personagem e, consequentemente, verossimilhança, e empostação vocal que soa tão falsamente que acaba irritando. Quem se destaca positivamente neste grupo são Lívia Andrade, uma das poucas que fez a lição de casa e conseguiu criar uma personagem totalmente humana, e Cyntia Falabella. A segunda, responsável pela vilã da trama, demonstra completa e total insegurança e imaturidade como atriz, porém, num papel de vilania de quadrinhos, em que o exagero torna-se necessário para que a história faça sentido, ela consegue segurar bem o papel.

A direção, apesar de esforçada, comete deslizes que atrapalham sobremaneira a fluidez dos trabalhos. Boa parte das cenas são amarradas, com marcações que se tornam evidentes e, por conta disso, se torna quase impossível acreditar no que se vê, pois a impressão constante que se tem é de que estamos diante de um ensaio de peça infantil. Sem agilidade, a direção não consegue impor ritmo e tirar a novela da morosidade constante.

Já o texto é o mais esforçado. Percebe-se que Íris Abravanel quer mesmo ser novelista. De seu primeiro trabalho até hoje, ela conseguiu evoluir bastante, principalmente na amarração dos núcleos que são muito bem estruturados e estão quase sempre interligados. Outro ponto positivo do texto é a criação de situações que funcionam e fluem naturalmente, além de dar o tom folhetinesco que a trama precisa. O único ponto baixo são os diálogos, ainda irreais e que afastam as personagens da audiência.

Corações Feridos esforça-se para ser um bom produto e opção de novela para o telespectador, mas esbarra nos problemas estruturais do SBT e, por conta disso, seu esforço torna-se quase nulo e um desperdício, pois a novela poderia ser boa.

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