Desde que eu comecei a assistir Tudo Novo de Novo este foi o primeiro episódio que não superou o anterior, mesmo sendo absolutamente excelente e muito, muito acima de qualquer outra produção brasileira, "Intimidades" foi um pouco abaixo dos outros episódios da série que beira a perfeição.
O episódio foi muito ágil, o que já se tornou uma marca registrada da série, cheio de acontecimentos e com significado para cada uma das cenas. A série tem a qualidade de que nenhuma cena está ali por acaso, não há falas colocadas apenas para preencher espaço, todas estão ali de alguma forma com um significado oculto que nos obriga a pensar na formação da família brasileira e também de nós enquanto seres humanos, o que merece palmas, porque não é fácil conseguir criar um roteiro tão cheio de mensagens e significados.
Assistir Miguel e Clara após tanto tempo de relacionamento buscando ainda uma forma de conseguirem equacionar a relação dentro da vida maluca de cada um deles, conseguindo passar momentos juntos e felizes de forma que não desagrade os filhos dela, a filha dele, ou as tantas outras pessoas envolvidas nessa relação, é algo bonito, principalmente pelo esforço de ambos.
Mais do que isso, esse episódio teve um toque de classe ao nos mostrar uma Rute (a ex de Miguel) menos infantil, tentando buscar a maturidade, tudo isso após começar um relacionamento amoroso com Eliana (Irene Ravache). A cena em que ambas conversam em casa, após Rute ter sido rejeitada por Júlia, foi muito linda, o momento em que Eliana e Rute apenas se dão as mãos em silêncio foi cheio de sentidos e mostrou o quanto uma completa a outra.
Júlia também foi o ponto alto do episódio. Ela e Carol finalmente ficaram amigas, porém, como toda adolescente que se preze, sentiu-se pressionada pelas amigas de colégio e, tentando ser igual, "pegou emprestado" o MP 4 de Carol, sem avisar e, obviamente a confusão se instalou.
Achei divino Miguel atender ao apelo da filha chorando e deixar com que ela devolvesse o aparelho sem precisar contar a ninguém que foi ela quem pegou, mostrou que Miguel é humano e a série não tenta mostrar pessoas perfeitas. O erro do episódio foi que, ao devolver o MP 4, Júlia mostrou toda a preocupação para que ninguém visse e, no instante em que tirou o aparelho da mochila, Carol a pega em flagrante. Absolutamente clichê, eu sei que Carol teria que descobrir o "roubo" de Júlia, mas devia ser de outra forma.
A cena em que Júlia conversa com Eliana e ambas se perdoam também é linda. Irene Ravache em dois episódios conquistou a série toda com uma interpretação segura e com um toque que só ela seria capaz de dar. Enxergar o abraço de Júlia e Carol, após o pedido de desculpas de Júlia também foi emocionante, afinal, Carol entendeu que Júlia passa por problemas e Júlia notou que Carol também tem os seus. Dispensável foi a cena em que Júlia sai do carro de Eliana e, andando, olha duas vezes para trás, outro clichê.
Ainda assim a série continua como a melhor coisa da TV brasileira, em 10 episódios apenas 02 equívocos de um roteiro que beira a perfeição e que, disparado, é o melhor roteiro brasileiro em muitos, muitos anos. Pena que a audiência não corresponde (como sempre o povo brasileiro prefere programas sem conteúdo a um programa brilhante) o que não garante uma segunda temporada. Vamos torcer.
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