segunda-feira, 20 de maio de 2013

Amor à Vida estreia confundindo agilidade com pressa e erra

Estreou nesta segunda-feira, 20, a nova novela das 21 Horas. Responsável por recuperar a audiência do horário, perdida pela antecessora, Amor à Vida marca a estreia do experiente novelista Walcyr Carrasco no principal horário da Rede Globo e traz o também experiente Wolf Maya como diretor de núcleo e um elenco de peso. Mas a tirar pelo primeiro capítulo, autor e direção misturaram o que o novo modelo de telenovelas vem apresentando e erraram a mão.

Desde A Favorita percebe-se que o público brasileiro busca por tramas ágeis, com diversos acontecimentos e sem as chamadas cenas de barriga. Mas não é fácil estrear um folhetim apresentando agilidade e, ao mesmo tempo, construindo uma trama tensa e densa para que o público consiga acompanhar e - principalmente - comprar tudo que está assistindo. João Emanuel Carneiro arriscou e acertou em Avenida Brasil produzindo o primeiro capítulo mais extenuante que já se teve notícias. A tirar pelo primeiro capítulo, Amor à Vida também tentou, mas não conseguiu.

É bem verdade que, em 20 minutos de estreia, a novela produziu uma quantidade absurda de acontecimentos na vida da protagonista. Paloma (Paolla Oliveira) estava feliz visitando o Peru, feliz por passar na faculdade de medicina, brigou com a mãe, conheceu um hippie, soube que é adotada, transou com um hippie, fugiu dos pais, engravidou e decidiu voltar. Isso poderia facilmente ser caracterizado com agilidade, mas esteve longe disso: foi pressa. Na ânsia de promover uma estreia rápida, o autor confundiu-se e concluiu que apenas vários acontecimentos seriam suficientes, mas esta é meia verdade.

Com tantos acontecimentos sem justificativa, a impressão que se teve é de que a protagonista é uma moça que sofre de problemas mentais porque nenhum adulto saudável teria tantas mudanças de humor num tempo tão pequeno. Ao invés de vender uma trama ágil, o autor vendeu uma história apressada, sem se preocupar em construir um roteiro denso e forte em que sua premissa pudesse se apoiar. Difícil comprar o amor arrebatador que Paloma teve, como também foi difícil comprar todas as suas crises. A atuação de Paolla Oliveira, cheia de caras e bocas, também não contribuiu para isso.

O texto também esteve longe de transmitir segurança. Com todos os clichês e didatismo infantilóide que consagraram o autor, a novela construiu seu primeiro capítulo apoiado na ideia de que o telespectador precisa de tudo mastigado, que ele não é capaz de raciocinar e concluir nada sozinho. Tudo precisa ser explicado ao pé da letra, não há espaços para discussões, e construções de ideias. Por outro lado, ele aproveitou o momento para se renovar e construir uma trama totalmente diferente de tudo que ele já fez e arriscar é sempre válido e fica a torcida para que acerte.

Mas este primeiro capítulo esteve longe de ser ruim. Embora a premissa não tenha se firmado numa construção sólida, as situações mostraram-se interessantes e preparando terreno para uma história que tem tudo para melhorar. Além disso serviu para mostrar um Mateus Solano em estado de graça, criando um vilão sórdido e muito interessante, além de boas aparições de Antônio Fagundes e Suzana Vieira.

O ponto alto desta estreia, contudo, foi uma área técnica. O dedo de Mauro Mendonça Filho, diretor geral da trama, esteve tão claro que saltava aos olhos. O estilo de edição de cenas do diretor conseguiu dar um ritmo minimamente aceitável para a história. Esse modelo já fez sucesso em O Astro e funcionou bem nesta estreia. Ao perceber que o autor queria pressa, o diretor editou as cenas de forma aleatória, sem se preocupar em continuidade e o resultado foi maravilhoso. Ponto para ele. Se nos idos de Xica da Silva a mídia cogitou que a novela era toda responsabilidade do diretor Walter Avancini, ao menos nesta estreia, o mérito foi todo de Mauro Mendonça Filho, um grande diretor que pode tornar essa obra um sucesso.

Amor à Vida estreou cometendo alguns equívocos que podem prejudicá-la, mas seria precipitado e até mesmo um erro afirmar que não estamos diante de uma boa novela. Apesar de mostrar os problemas que o autor já mostrava em outros trabalhos, é preciso um olhar atento, pois as situações, a direção e o elenco podem minimizar a fragilidade dos diálogos ruins. Esses, parecem que estarão presentes em toda a novela.

2 Quebraram tudo:

Rodrigo Rocha disse...

Bom, vamos lá... 3 pontos.

Primeiramente queria comentar sobre a PRESSA. Fui até a cozinha fazer um sanduíche, o que levou cerca de 12 minutos. Nesse meio tempo, a protagonista já tinha: encontrado o hippie, descoberto que era adotada, fugido com a trupe hipponga e descoberto que estava grávida. Não houve desenvolvimento de personagens: foi tudo jogado, amontoado e descrito com discursos e diálogos clichês. Esse primeiro capítulo poderia ter durado, no mínimo, 3 dias. Era o tempo correto para apresentar suas histórias e tridimensionalidade. Mas fazer o que se é uma novela do CARRASCO...
Segundo queria alinhar o didatismo com a interpretação. Muito pelo contrário, achei Mateus Solano em estado de DESgraça. Como vergonha alheia, cito dois momentos: primeiro a cena dele com a esposa, no seu discurso inflamado que mais parecia um ator mexicano e segundo no momento de "descarte" do bebê, em que mais parecia o Gargamel dos Smurfs. As sacadas foram boas, mas a necessidade de fazer "Caras e Bocas" é sofrível. Carminha que o diga... Isso sem falar em um Malvino Salvador "monocromático", uma Suzana Vieira sendo... Suzana Vieirauma e uma Paola Oliveira com síndrome de Dorothy, do mágico de Oz.
Aliás, esse é o terceiro ponto: Só eu ou mais alguém passou o terceiro capítulo INTEIRO torcendo contra a protagonista? Em um erro MASTER de composição, Paolla Oliveira montou uma protagonista que fará frente à Maria Eduarda: rica, mimada e infantil.
Fora delírios (grávida que se esconde da família para não dar pinta da gravidez e ninguém nota...) e furos do roteiro (tenho certeza que ouvi alguém se referindo a Machu Picchu na Bolívia...), pior que isso tudo só Daniel na abertura, tentando provar que é capacitado como Treinador do The Voice. Bom gosto mesmo? Só as imagens da abertura...

Leddy Silva disse...

Particulamente eu gostei do primeiro capitulo. Claro que achei nos primeiros minutos um capitulo muito apressado mais no decorrer tudo se acertou e entregou no ritmo certo,a direçao,fotografia,texto e interpretaçao estiveram impecaveis destaque para Paolla Oliveira e Mateus Solano os dois devevoraram o capitulo apesar da bela interpretaçao de todos! Claro que teve alguns deslizes como o choro sem emoçao do Malvino Salvador,mas nada que comprometesse a obra que pelo o que vi sera muito boa com o avançar dos capitulos.

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