segunda-feira, 20 de maio de 2013

Balacobaco e as armadilhas de uma obra aberta

Quando estreou, a novela da Rede Record que chega ao fim nesta segunda-feira, Balacobaco, com assinatura de Gisele Joras, tinha como missão recuperar a audiência perdida pela controversa Máscaras e também tentar recolocar a teledramaturgia da emissora nos eixos após seguidos equívocos. Fechando seu ciclo, está claro que o objetivo não foi cumprido.

Se a audiência chega ao fim muito abaixo da expectativa - 07 pontos de média geral - muito mais grave que isso foi perceber que a autora, provavelmente por falta de experiência, tarimba - tanto dela quanto da equipe - caiu nas armadilhas que uma obra aberta pode oferecer, e elas não são poucas. O folhetim sai de cena cercada de equívocos que poderiam ter sido evitados estivesse nas mãos de profissionais mais experimentados.

Quando estreou a impressão que se tinha era que a novela se inspirava livremente em Seinfeld - considerada uma das melhores séries já produzidas em todos os tempos. Evidente que essa afirmação é apenas uma alegoria, pois a trama não lembrava em nada a série. Porém, quem assistiu aos primeiros capítulos de Balacobaco teve a impressão de estar diante de um folhetim sobre o nada - foi assim que ficou conhecida Seinfeld no mundo todo, "a comédia sobre o nada".

Se no caso da produção americana isso era um elogio, na obra brasileira era uma crítica. A história criada por Gisele Joras carecia de tinta. As personagens pareciam não ter o que dizer para o público, os núcleos não demonstravam razão de existir e, conforme os capítulos iam passando, se tinha a nítida impressão que nada ali se fazia necessário. Era uma produção sobre o nada e que tentava fazer rir com situações que mais lembravam esquetes.

Sem conseguir chamar a atenção a autora mudou drasticamente sua sinopse e introduziu novos elementos ao folhetim. De uma novela solar, alegre e com viés cômico, Joras transformou a história com tons sombrios, violentos e cheios de reviravoltas. Poderia ser interessante se isso tivesse sido feito com planejamento. Da forma como ocorreu, se tinha a impressão de assistir outra novela com outros personagens. Não se respeitou as características delineadas ao se criar cada personagem e, quem acompanhou a trama desde o início, sentiu-se num manicômio, cercado por gente de dupla - ou tripla - personalidade. Um tiro no pé.

Não foi a pior produção da Record como alguns disseram também. A novela teve méritos, principalmente por ter a coragem inicial de apresentar uma trama colorida e, depois, de tentar corrigir os equívocos de uma sinopse frágil e sem conteúdo. Faltou experiência para a equipe realizar essa transposição de forma correta, mas a visão da necessidade de mudança foi válida. Além disso, a excelente participação de Bruno Ferrari foi o ponto alto. O ator de bons serviços prestados a TV deu um salto na sua carreira ao interpretar o vilão Norberto.

Balacobaco sai de cena sem conseguir recuperar o prestígio e a audiência que a Record tanto necessitava. Mas conseguiu devolver a dignidade de uma produção de teledramaturgia para a emissora, principalmente pela manutenção do horário, por uma equipe esforçada e que tentou a todo custo salvar a novela do fracasso.

1 Quebraram tudo:

Rodrigo Rocha disse...

Balacobaco foi uma cópia da roupagem de Avenida Brasil com o conteúdo de Kubanacan. Óbvio que não poderia dar certo. Eu achava a novela ruim? Não. Era até divertido acompanhar alguns núcleos. E esse é o problema: não dava vontade de ver a novela, os capítulos... mas sim alguns núcleos. Geralmente os que pouco contribuiam para a história principal.
Gisele Joras foi acometida pela pressa da Record: na fome de anular a desgraça que foi Máscaras, acabaram colocando um produto que, com menos personagens e tempo de tela, serviria como uma ótima sitcom, centralizando o ambiente do Bar e seus personagens caricatos.

Boa sorte para a Dona Xepa, que foi o que restou do horário de novelas da Record... A XEPA!

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