domingo, 10 de março de 2013

Teste de Fidelidade nos faz lembrar o que o Brasil tem de pior

Com dois programas exibidos, está de volta para a TV brasileira o Teste de Fidelidade, modelo de quadro que consagrou o apresentador João Kleber no começo da década passada pela Rede TV!, quando a emissora ainda engatinhava e atirava para todos os lados na busca por sua identidade própria tentando captar o maior número possível de telespectadores.

Ao assistir o que foi levado ao ar na madrugada dos dois últimos sábados, percebeu-se que o tom de nostalgia impresso pela produção foi na tentativa de resgatar o público que tanto gostava do quadro que dançou por vários dias na programação da emissora. Tudo era igual, sem mudança alguma, parecia estarmos diante de um programa retrô relembrando a história do apresentador. A única diferença, talvez, esteja no peso de João Kléber.

Incrível perceber que, em praticamente uma década, ele conseguiu não evoluir absolutamente nada. Continua usando tons hiperbólicos de voz, filosofias de botequim e a mesma falta de educação que ele considera fundamental neste tipo de formato. O apresentador parece se sentir bastante a vontade diante das câmeras quando apresenta o Teste de Fidelidade e provavelmente só neste formato, pois não tem carisma algum para sequer ser considerado comunicador. Com esse estilo se daria melhor numa feira gritando com os clientes tal qual faz com os telespectadores e "convidados".

Pouco importa se o programa é armação ou não. Entretenimento não precisa necessariamente passar pela veracidade e sim pela verossimilhança, a discussão não deve seguir este caminho, portanto. O maior problema do Teste de Fidelidade é que ele é uma ode a tudo de ruim que possa ter na TV aberta. O resgate do formato é um triste carimbo de que o telespectador brasileiro, em sua maioria, é apenas medíocre, pois consegue se divertir numa das produções da pior qualidade já criadas pelas nossas emissoras em qualquer tempo.

É preciso entender que a TV brasileira tem muita responsabilidade social. Se o público não é suficientemente capaz de escolher programas de qualidade, os responsáveis pelas emissoras precisam desempenhar também esta função. Levar ao ar programas que não agregam absolutamente nada, além de extrair do povo o que há de pior, além do incentivo a anti-cultura, apenas na busca incondicional pela audiência é grave, pois tira todo e qualquer mérito cultural e social que a televisão poderia ter.

O Teste de Fidelidade voltou e nos faz refletir sobre qual o tipo de televisão o brasileiro quer e, muito mais, qual o tipo de televisão o brasileiro merece. A tirar pela repercussão do programa, podemos apenas ter medo, pois aparentemente, o telespectador tem a TV que merece. 

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