terça-feira, 22 de novembro de 2011

Os erros e acertos de uma atuação

Muito se tem lido nos últimos tempos sobre o tom de atuação de diversos profissionais da área de teledramaturgia e suscitado discussões calorosas sobre os erros e acertos no tom que cada profissional dá à sua personagem. Analisar através de simples gosto pessoal, bloqueia o diálogo e uma crítica mais aprofundada sobre elementos técnicos. Gosto pessoal não se discute, técnica sim.

Apenas em 2011 diversas atrizes tiveram seu nome nos focos da discussão. Cássia Kiss Magra foi extremamente elogiada na composição de sua personagem em Morde e Assopra, porém houve quem a criticasse - e este blog faz parte do grupo - por permitir que a caracterização da personagem entrasse em sua interpretação e Dulce ficou ainda mais caricata e irreal, pois a atriz seguiu o caminho mais fácil e popular que a personagem dava a ela.

Regina Duarte também esteve no centro das atenções. A crítica sempre foi dividida sobre seu trabalho em O Astro, mas algo é inegável, Clô Hayalla sempre esteve entre todas as conversas. Mexicanizada, sempre dois ou três tons acima, a atriz compôs uma personagem hiperbólica, mas que nunca transmitia mentira, tudo graças a uma interpretação forte, que delineou bem a personagem e fez com que o público acreditasse nela.

E o que dizer de Lília Cabral? Atriz experiente e que vem tendo grande destaque em todo o país com Fina Estampa. Por mais elogios que todos teçam a atriz, é preciso levar em consideração que ela segue o mesmo caminho de Cássia Kiss Magro. Griselda tem forte caracterização, exagerada e, com isso, facilita uma interpretação mais popular e menos composta. Engrossar a voz quando se veste de Pereirão e exagerar nos movimentos não ajuda nada em cena, por mais que torne a personagem querida pelo público.

Todo este texto serviu para exemplificar que é possível discutir e não se chegar a um acordo sobre a qualidade de determinados trabalho. É o que aconteceu na última semana em Vidas em Jogo. No principal momento da trama em que se revela que a personagem vivida por Denise Del Vecchio é um transsexual, toda a dinâmica da cena foi mau construída pela direção. Por mais que o texto da autora não ajudasse com diálogos didáticos e cobertos de política de boa vizinhança, a direção atrapalhou bastante o trabalho de todos em cena.

Denise Del Vecchio é uma boa atriz, não entra para o hall das grandes atrizes do país, mas sempre fez bons trabalhos e defendeu bem suas personagens. Naquela que deve ser sua melhor personagem dos últimos anos, a atriz conseguiu burlar a direção e acertar o tom em todas as cenas dos capítulos em que esteve no centro das atenções. Boa parte das cenas se transformaram em gritaria e dramalhão mexicano, mas a atriz sempre estava em destaque, dando sobriedade e o tom exato para sua personagem. Diante de uma direção tão fraca quanto a de Vidas em Jogo, os parabéns para a atriz deveria ser dobrado.

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