quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Mulher Invisível num novo patamar

Como todos sabem, este espaço não se utiliza de reviews das séries nacionais (que você pode ler aqui), antes, prefere uma análise mais ampla sobre o todo de uma produção. No caso das séries, o blog tem utilizado-se do expediente de analisar o início ou retorno da produção e o seu conteúdo ao final de cada temporada, como todos sabem.

Porém, impossível ignorar o que aconteceu na noite da última terça-feira na TV brasileira. O 4º episódio da 2ª temporada de A Mulher Invisível mostrou um desempenho muito acima do que o público brasileiro está acostumado no que concerne às produções deste estilo no país. As séries brasileiras já vem melhorando ao longo do tempo, mas este episódio específico teve o algo a mais que muita gente vê nas produções americanas e reclama da falta por nossos lados.

Neste episódio, Pedro (Selton Mello) sente-se inferior à esposa Clarisse (Débora Falabella), já que ela é a responsável por todos os negócios da família e, ele, mesmo trabalhando, sequer recebe salário, apenas uma mesada. Diante disso, ele decide virar o jogo com a ajuda de um cliente para lá de machista - em participação especial de José Wilker - e acaba ferindo os sentimentos de Amanda (Luana Piovanni)

Este texto não vai fazer review e se aprofundar no episódio em si, mas é preciso fazer um adendo sobre a performance de tudo que o envolveu. A começar pelo roteiro impecável, o melhor da temporada e que soube exprimir através dos diálogos corretos a exata noção de machismo que deveria passar para transmitir verossimilhança junto ao telespectador.

Outro ponto de destaque foi o elenco extremamente afiado. Débora Fallabella segue acertando o tom de Clarisse e, num de seus melhores trabalhos na TV, fica à vontade diante das câmeras e mostrou novamente uma performance de se chamar a atenção. Luana Piovanni, a mais fraca do trio, esteve muito bem também, todas as cenas que necessitavam exprimir fortes emoções, Luana se destacou positivamente. Mas, para variar, Selton Mello roubou a cena. Que atuação impecável. Em todas as cenas ele encheu a TV com a composição de Pedro.

O maior destaque, contudo, ficou por conta da direção. Episódio dirigido por Selton Mello foi o que mudou o clima e transformou a série. Inspirando-se em O Poderoso Chefão, Selton usou tudo que o roteiro deu e foi além, soube fazer uma linda homenagem a um dos melhores filmes da história do Cinema. O close nos lábios dos personagens durante os diálogos, a trilha sonora, a câmera lenta, tudo funcionou perfeitamente. Inspirar-se em um filme como O Poderoso Chefão poderia deixar uma produção extremamente brega, mas não aconteceu isso em nenhum momento, e um bom exemplo disso é a cena de suicídio de Amanda - exatamente igual à original - praticamente desenhada à mão pela direção para que o tom não ultrapassasse o ideal.

Selton Mello, além de um dos melhores atores do país - mostra audácia e correção em seu novo trabalho como diretor e, com este episódio, colocou A Mulher Invisível num novo patamar, ultrapassando a linha do sitcom de qualidade para uma produção com alto grau de complexidade e reflexão. A coragem de fugir do senso comum, ultrapassar a linha do maniqueísmo merece aplausos.

1 Quebraram tudo:

Marlon Kraupp disse...

Concordo com tudo que você escreveu. Principalmente na parte da Débora Fallabella.

Sempre achei ela uma atriz boa, mas nada de excepciona, porém, esse papel se encaixou como uma luva para ela. Ela esta simplesmente perfeita como clarrise !

Luana Piovani, que é uma atriz bem meia boca, também esta perfeita como Amanda.

O roteiro da série também é perfeito, conseguem em um unico episódio, alegrar, fazer rir, refletir e emocionar.

Em A Mulher invisível tudo esta perfeitamente encaixado.

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