segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Uma Tarde de Domingo na TV aberta

Tirar o domingo para assistir TV pode, à primeira vista, parecer deprimente, não para quem é fã do entretenimento televisivo e considera como bom momento de lazer. E quando o intuito é trabalho, já com intenção de escrever uma crítica sobre o que se tem disponível durante o dia de domingo para o telespectador, tudo fica mais interessante. Foi isto que o blog fez no último domingo e o resultado foi bem interessante. Confira:

Esquenta

A constatação para a estreia do Esquenta é uma só: o programa mais bagunçado da TV brasileira. No palco, em questão de segundos, vai de pagode a sertanejo; de funk a música japonesa. O telespectador mais desatento fica completamente perdido com tantas coisas acontecendo simultaneamente. Com apresentação descontraída e bastante improvisada de Regina Casé, o programa continua sendo uma ótima opção para quem não tem preconceito e gosta de ver a diversidade da cultura brasileira. E ver a diversidade mesmo, tudo ali acontece ao mesmo tempo e dá a impressão de muita confusão. Sabe aquelas panelinhas de churrasco em que acontece muita coisa em diversos pontos, mas é uma delícia? Este é o Equenta. Ótima opção para este fim de ano.

Domingo Legal

Difícil analisar um programa esquizofrênico como o Domingo Legal. A cada domingo a estrutura do programa é modificada e, provavelmente nem o diretor e o apresentador, sabem se existe um roteiro fixo. Neste domingo, foram horas de uma homenagem sem muito sentido para Carla Perez - sim, aquela do É o Tchan. Apesar do quadro ter sido bem dirigido e apresentado de forma coerente por Celso Portioli, ainda não faz sentido aquela homenagem a uma pessoa que está fora da mídia há tanto tempo. Mesmo assim, foi o único quadro que se salvou, pois, se o Esquenta é uma bagunça gostosa de se ver, o Domingo Legal dá a impressão de desorganização interna e o interesse em assistir algo assim é quase zero.

Tudo é Possível

Nem sei se é possível chamar o programa assim. Por quase 90 minutos seguidos um único quadro. O tal Maratona do Humor que é dos quadros mais bizarros e desinteressantes da história da TV brasileira. Além das provas serem completamente sem noção, os humoristas só devem fazer sua própria família rir. Piadas sem graça, fora de tempo e, muitas vezes, preconceituosas dão o tom do quadro de maior sucesso do programa. E ainda temos uma Ana Hickmann completamente desalinhada e fora de conexão com o quadro. O resto do tempo foi utilizado para a presença de bandas de axé que já perderam presença de mídia faz tempo. Ou seja, tanto o Tudo é Possível quanto o Domingo Legal não conseguem levar cantores de peso e que deem interesse ao telespectador.

Eliana

Faz tempo que o programa vinha sem rumo, cheio de quadros didáticos e exclusivamente voltados para donas de casa. Uma espécie de Revista Eletrônica que funcionaria melhor nas manhãs diariamente. Não sei se foi apenas ontem, mas Eliana foi interessante. Quadros bem escolhidos e que fazem o telespectador manter-se ligado o tempo todo no programa. O Beleza Renovada com Rita Cadilac foi um achado. Mesmo fora da mídia, ela tem presença de palco e, neste quadro, pôde contar sua história e emocionar o telespectador. Assim como o Rola e Enrola que é puro entretenimento e atende em cheio às expectativas.

Programa do Gugu

Entra ano sai ano e o Gugu parece não querer mais se renovar. Numa espécie de zona de conforto, o apresentador utiliza-se quase que exclusivamente o tempo todo de duas situações que garantem audiência fácil: os vídeos da internet e a exploração da desgraça humana sob o pano de fundo de assistencialismo. O quadro Sonhar mais um Sonho é tão exploração que dá vergonha alheia da exposição a que os pobres participantes são mantidos e, claro, querendo ser ajudados aceitam todas as absurdas imposições feitas pela produção. Uma pena assistir um comunicador deste gabarito desperdiçar assim seu talento.

Domingão do Faustão

O programa que tem mais armas na luta pela audiência. Mas neste domingo a produção esteve com muita preguiça de trabalhar. Nada foi interessante no Faustão, nem a participação relâmpago de Ivete Sangalo falando sobre a doença. Se a cantora ainda não tinha condições de fazer uma participação decente, era melhor nem ter aparecido. De resto, o Faustão ficou as 3 horas de programa fazendo... nada. Não houve um único quadro que chamasse a atenção, até pegadinhas estilo anos 90 teve, para se ter uma ideia. Tudo muito preguiçoso.

Resumidamente, a TV aberta no domingo é um marasmo total, mesmo tendo alguns bons momentos e um fiapo de esperança, mas parece difícil acreditar que haja solução, visto que as produções acreditam que o telespectador engole qualquer coisa e os números de audiência dão suporte para este tipo de pensamento. Uma pena.

1 Quebraram tudo:

Raylan disse...

Realmente o Programa Eliana é muito bom, é o único programa de auditório que me faz ligar a tv todo domingo. O problema é o horário: ela entra no meio de dois programas do mesmo gênero. Não têm cabimento três programas de auditório em sequência, com quatro horas de duração cada. Eliana poderia entrar no horário nobre, às seis horas e bater de frente com Faustão, competência para tal ela têm.
Também gosto muito do Celso Portiolli, um excelente animador, só que o Domingo Legal está muito ruim, um problema de direção. O programa deveria investir em quadros de gincana que combinam muito bem com o Celso. Também deveriam parar com o quadro com crianças, está muito repetitivo pois Raul Gil e Eliana já investem no gênero. O horário tembém é uma calamidade, deveria começar às duas da tarde e entregar para Eliana às seis.
O Esquenta me dá exatemente essa impressão: uma bagunça sem fim. Apesar da apresentadora ser ótima, o programa me incomoda. Os cortes bruscos dão a impressão que foram gravadas horas de programa e a edição teve que cortar mais da metade para fazer caber tudo em uma hora. Além do que as constantes chamadas dos próximos programas foram desnecessárias e deixaram no ar a noção de que toda a temporada já está gravada há muito tempo, o que o programa é desatualizado. E não concordo que o programa mostre a diversidade brasileira, pois todos os programas apresentados foram focados em samba e carnaval. Outro ponto negativo é o cenário ridículo e amador, parece fundo de chroma key. Resumidamente, o Esquenta é um Altas Horas na laje feito exclusivamente para as comunidades cariocas.
O Faustão parece que só se sustenta com a presença de globais e com a Dança dos Famosos - que aliás daria um excelente reality.
O Gugu continua a mesma coisa de sempre: assistencialismo, assistencialismo e assistencialismo. Sem contar que as matérias são de péssimo gosto e com uma edição horrorosa.
Com o Tudo é Possível, nem perco meu tempo. Uma apresentadora que não sabe apresentar, quadros que copiam as concorrentes (quem começou com as aventuras e viagens das assistentes de palco foi o Domingo Legal ainda nos tempos de Gugu), além de levar uma expressão ao pé da letra e fazer uma cópia, literalmente, de Quinta Categoria. Aliás, porque em todos os programas da Record os quadros são narrados de maneira amadora e com vozes insuportáveis? Realmente muitas pessoas engolem qualquer coisa e parecem não se importar. Ou usariam mais o objeto mágico chamado controle remoto.

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