terça-feira, 12 de outubro de 2010

A mudança de estilo de Sílvio de Abreu não funcionou em Passione

Sílvio de Abreu é o rei do estilo policial de se fazer televisão no Brasil. É impossível que qualquer pessoa questione isso e, se alguém tivesse dúvidas, na década de 90 ao criar a excepcional A Próxima Vítima e a ótima Torre de Babel, o autor mostrou ter o total controle de suas obras policianescas, utilizando todos os elementos necessários para atrair a atenção do telespectador e criar um clima de suspense, sempre muito bem resolvido no final da novela.

Desde que Passione começou, o autor bate na tecla de que nem tudo é o que parece e que o público deveria prestar máxima atenção para as histórias e para cada um dos personagens, pois, após o capítulo 110 haveria um assassinato que mudaria os rumos da trama. Ele disse ainda que uma pessoa que está "do lado do bem" não é tão boa assim e será o responsável pelos crimes.

Após surgir a confirmação que Eugênio (Mauro Mendonça) foi assassinado e não morreu de ataque do coração, a trama ganhou um tom escuro e, desde então, não se falava em outra coisa que não fosse o próximo crime. A Globo fez um excelente trabalho de divulgação, tanto na TV, como em revistas, jornais e até na internet ao criar no site do folhetim um espaço chamado "Na mira de Sílvio de Abreu", em que vários personagens apareciam como suspeitos de serem assassinados. Por fim, tivemos 05 suspeitos e 05 cenas de crimes gravados, todas exibidas no Fantástico. Melina (Mayana Moura), Fred (Reynaldo Giannecchini), Gérson (Marcelo Antony), Diana (Carolina Dieckman) e Saulo( Werner Schünemann) eram os suspeitos de morrerem.

O capítulo em questão foi ao ar nesta segunda-feira e, mudando sua forma de fazer folhetins, quando sempre deixa o principal acontecimento para o último bloco, Sílvio de Abreu jogou a revelação do assassinato de Saulo no primeiro bloco. A estratégia parecia funcionar, a novela chegou a 44 de pico e caminhava para conseguir números expressivos. Ocorre que o autor não conseguiu fazer deste capítulo especial algo fora do normal. Um capítulo meia boca, sem grandes informações e mostrando inúmeras cenas de personagens chorando, mas sem dar grandes informações, acabou por irritar o telespectador.

A única grande cena do capítulo, foi Bete Gouveia (Fernanda Montenegro) olhando fotos de infância do filho morto. A atriz deu um show de interpretação e mostrou porque é considerada a melhor atriz do país. O restante do capítulo foi enfadonho, inclusive na estratégia em mostrar os suspeitos, tudo caricato e exagerado demais. Sem necessidade.

Sílvio de Abreu tentou utilizar-se da vitoriosa estratégia de João Emanuel Carneiro que quase sempre jogava grandes revelações de A Favorita no primeiro bloco - como a revelação de quem era a vilã - e conseguia as melhores médias do folhetim. Acontece que João Emanuel produzia um capítulo excepcional de ponta a ponta nestes casos e, por isso, a audiência não reclamava. Sílvio de Abreu não conseguiu e o tão esperado capítulo de Passione foi apenas meia boca.

Em tempo: O capítulo em questão, mesmo não atingindo índices impressionantes, bateu o recorde da novela e atingiu média de 41 pontos com picos de 44, participação de 60% e participação especial de 64%, segundo a prévia. O consolidado só sai na quarta devido ao feriado.

1 Quebraram tudo:

cristian-monteiro disse...

"Sílvio de Abreu tentou utilizar-se da vitoriosa estratégia de João Emanuel Carneiro"... Desde quando essa formula só foi usada por João Emanuel Carneiro?? Muitos autores usaram/usam à muito tempo...

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