Quando se iniciou a trama das 7 da Rede Globo, Tempos Modernos, este blog afirmou que aparentava ser uma novela revolucionária que, aparentemente, iria reescrever o jeito de se fazer teledramaturgia no Brasil. Primeiros 30 capítulos completamente diferente de tudo que se viu na televisão brasileiro, um jeito novo, ritmo acelerado, humor refinado e, principalmente, situações e conflitos que fugiam completamente do tom folhetinesco a que estamos acostumados.
Com personagens profundos, porém completamente irreais, a trama da Globo apresentava em seus diálogos citações de obras clássicas da arte mundial, passeando por nomes da Literatura, cinema e teatro. Tudo se encaixava perfeitamente na proposta da novela e caminhava a passos largos para ser a melhor novela das 7 da década. Porém, a audiência não correspondeu. O público, acostumado a assistir folhetins em que todas as informações são muito mais mastigadas, rejeitou completamente o método que o autor Bosco Brasil utilizou para escrever sua trama e os números consolidados de sua antecessora Caras e Bocas despencavam dia após dia, tornando Tempos Modernos a pior média parcial da história do horário.
Não é possível afirmar se houve pressão da cúpula global, mas o fato é que, a partir da primeira pesquisa encomendada pela emissora, o autor mudou completamente o formato de sua história e transformou a novela em mais do mesmo. Todos os elementos de modernidade (e não apenas o inteligente computador "Frank") foram tirados de cena, um bom exemplo disso é o personagem Albano (Guilherme Webber), um dos melhores da trama e que a deixou sem ter muito tempo de se tornar memorável, e a partir de então, o público passou a assistir a apenas mais um folhetim interessante.
Tempos Modernos não é e nunca foi uma novela ruim. Ela é muito mais interessante que boa parte do que se vê na TV neste horário nos últimos anos, porém, a pressão por bons números impediu que a Globo permitisse ao seu público um produto de qualidade impressionante e que poderia moldar os novos caminhos da teledramaturgia brasileira. Foi um risco que deveria ser calculado e, aparentemente, os resultados assustaram a todos que correram e transformaram um roteiro genial em arroz-com-feijão legal de se ver. Pena que o medo do fracasso impediu Tempos Modernos de se consagrar.
1 Quebraram tudo:
Mas logo nos primeiros capítulos me vem aquele clichê batido e manjado de namorados que na "verdade" são "irmãos"... E isso era conflito que fugia completamente do tom folhetinesco que estamos acostumados?
E isso dentre outras coisas.
Mas uma coisa essa novela se sobressaiu na minha opinião, que foi na sua trilha sonora (não a parte de cantores, sim instrumental) que dava um tom bastante diferente e me lembrava filmes e seriados americanos.
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