* Spoilers, se você não viu o filme e não quer saber fatos da história, evite o texto.
É em momentos como este que me sinto privilegiado por ser jornalista. Graças ao meu trabalho consegui ingressos para a disputada pré-estreia de "Harry Potter e o Enigma do Princípe", sexto filme da saga do bruxinho britânico mais querido do mundo, que aconteceu no início da madrugada desta quarta-feira.
Sou fã da saga desde que conheci a história através dos livros. Ao contrário de muitos críticos literários que consideram a história rasa, eu penso que é um dos fenômenos de vendas e comentários entre crianças e adolescentes justamente por captar a linguagem dessa faixa etária, os conflitos e as fantasias, fato elogiável para os dias atuais em que livros são praticamente inacessíveis para crianças e adolescentes devido a sua complexidade cultural.
Quanto aos filmes, sempre os vi com bons olhos, buscando separar as obras literárias das obras cinematográficas, porque de fato são enfoques muito diferentes. Mesmo assim, fiquei empolgado esperando pelo 6º filme por uma série de motivos e, um deles, era o fato de contar a história de Snape, meu personagem favorito na saga.
Existem três caminhos para se realizar uma crítica bem construída sobre "Harry Potter e o Enigma do Príncipe", a primeira é analisar o filme como super produção holliwdiana, já que a saga tomou essas proporções; a segunda é fazer um comparativo entre o filme e o livro, uma vez que o primeiro conta a história do segundo; e a última forma é analisar como algumas horas de entretenimento para adolescentes, análise sem dúvida, mais rasa.
Eu optei por seguir a primeira metodologia, por achar mais justo, já que o filme de fato é uma super produção. E como toda super produção que se preze, principalmente quando o tema gira em torno de realismo fantástico, não se pode haver falhas no quesito efeitos especiais e, nisso, Harry Potter e o Enigma do Princípe não ficou devendo para nenhum grande filme. Os efeitos são muito bem feitos, em nenhum momento temos a impressão de montagem ou algo irreal, porque os elementos inseridos nas cenas de magia - principalmente quando Harry e Dumbledore aparatam - beira a perfeição.
O roteiro do filme é muito bom também. O roteirista seguiu a mesma linha de Harry Potter e a Ordem da Fênix, como o livro é muito extenso, fez uma abordagem rápida a cada tema menos importante e se focou totalmente nos acontecimentos fortes. O que me chamou a atenção no "Enigma do Princípe" foi que o roteiro focou bastante nos relacionamentos, passou vários momentos mostrando a relação conflituosa entre Hermione e Rony e o namoro de Harry e Gina, tudo feito com muito cuidado e com qualidade.
Mas a história de Harry nunca foi uma história de amor. Sempre ficou claro que a saga do bruxinho era uma história de terror e a falta de iluminação, o escurecimento nas cenas principais do filme mostrou que a direção acertou no tom sinistro.
As atuações, infelizmente, de modo geral, ficaram abaixo do esperado. Daniel Radclif após atuar razoavelmente bem no 5º filme da saga, errou a mão nesta produção. Harry Potter não é movido por ódio, não é movido por vingança e o tom que o ator deu às suas falas deu sempre a impressão de um Harry sombrio, sem vida e com sede de vingança, o que prejudicou o filme. A atuação de Tom Felton (Draco Malfo) beirou o ridículo, ele teve grande destaque na história (e era necessário) e em todos os momentos, principalmente no ápice em que ele enfrenta Alvo Dumbledore, decepecionou. Pena.
Mas nem todas as atuações foram ruins. Michael Gambon, intérprete de Alvo Dumbledore desde Harry Potter e o Prisioneiro de Askaban e que só acertou a mão no último filme, Harry Potter e o Enigma da Fênix, esteve perfeito no Enigma do Príncipe. O filme dependia muito de sua atuação, uma vez que Dumbledore tem muita ação e ele soube dar o tom correto, aliás, pela primeira vez deu a impressão de vermos um Dumbledore de verdade, o Doombie criado por JK.
Mas Harry Potter e o Enigma do Princípe teve um dono e ele se chama Alan Rickman, ator que interpreta Severo Snape na história. O "Príncipe" que aparece no título do filme é ele e, obviamente, a história gira em torno desse personagem. Meu medo era de que o ator - até então um mistério como seu personagem nos filmes anteriores - não desse conta da complexidade de interpretar Snape, de longe o personagem mais completo da saga. Mas o ator esteve perfeito em todos os momentos. A dubiedade de Snape permaneceu, a frieza em cada cena, a fala mansa, mas cheia de veneno, sempre esteve ali, impregnada na atuação.
No ápice do filme, quando Snape simplesmente mata Alvo Dumbledore com um "Avada Kedavra" - principal momento de toda a saga em minha opinião - tanto Michael Gambon quanto Alan Rickman estiveram sensacionais em suas atuações e deram a carga dramática que a cena precisava. Ponto também para a atuação de Alan no momento em que ele tortura Harry porque o bruxinho o chama de covarde. Sensacional.
O ponto negativo do filme, além da atuação de Daniel Radclif, foi o final. Um filme que conta uma saga e tem por objetivo prender a atenção do público para a continuação, deve encontrar uma saída para não terminar de forma morna. Tudo bem, o livro acaba de forma morna, mas o filme deveria ter buscado uma alternativa. O velório de Alvo Dumbledore foi um dos momentos mais chatos de todos os filmes, sonolento até.
Ainda assim, o balanço geral do filme foi positivo. Acredito eu que o melhor de toda a saga de Harry Potter. Aguardemos agora pelo sétimo e penúltimo filme (já que o último livro será dividido em duas partes no cinema).
1 Quebraram tudo:
eu adoro Harry Potter mas eu naum gostei do filme deixou muita coisa de fora as aulas sobre o Valdemort foram muito maiores,deram muito destaque para o romance do Rony e a briga com a Hermione e esqueceram das aulas, fora isso o final foi horrivel, espero que o ultimo por se dividido seja bem mais completo
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