sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Pé na Cova promove uma revolução no humor

O Brasil, no quesito seriados, há muito tempo aposta no filão do humor. Segundo especialistas, é o estilo mais fácil e rápido para se produzir e alcançar resultados satisfatórios, muito embora o roteiro seja muito mais complexo quando comparado ao drama, já que provocar o riso é algo muito subjetivo. Ainda assim, a dramaturgia nacional já foi responsável por grandes produções de humor, mas sempre apostando no estilo escrachado, hiperbólico e até pastelão.

Este não é um mérito exclusivamente do Brasil. Os EUA, país que se concentra o maior número de séries, também promove inúmeros shows de comédia neste formato. Os grandes sucessos por lá, normalmente, são produções de sitcoms que exageram no teor das piadas, forçam a barra para provocar o riso instantâneo. Porém, lá já houve avanços significativos. Séries que dependem de um roteiro sofisticado e bem acabado no humor também . Na noite de quinta-feira, por exemplo, foi ao ar o último episódio de uma sitcom de grande sucesso e que foca neste estilo: 30 Rock.

Por lá, os exemplos não são poucos. No Brasil, eles praticamente inexistem. Ano passado, Louco por Elas investiu num novo formato, apostando na metalinguagem e diálogo cortante, mas muito longe do texto sofisticado, crítico, ácido. Por isso, aparentemente, a nova série da Rede Globo veio para revolucionar as produções de humor. Pé na Cova caminha para ser mais um grande acerto.

Ao olhar para o episódio de ontem - o segundo da trama - é impossível não ficar encantado pela produção. Miguel Falabella que já havia acertado com A Vida Alheia, mostra-se muito competente ao assinar o roteiro. Diferentemente de tudo que se vê e se viu na nossa TV, ele investe num humor ácido, com forte crítica social e fugindo do óbvio. O texto não critica apenas o governo, vai além, produz uma crítica bem humorada da atual sociedade brasileira, sem se envergonhar disso. É um espelho do povo brasileiro.

Ao criar um universo com personagens absolutamente bizarros, o autor não tenta fugir do comum, ao contrário, ele cria caricaturas do próprio telespectador. É assim que ele encontra o caminho para divertir: quem assiste se vê representando por aquele bando de gente amalucada, muito mais pelas referências que pelas vestes ou personalidade. Até o nome das personagens são cheios de referência à nossa sociedade, incrível como tudo é muito bem planejado.

Tudo isso só funciona também porque o elenco foi escolhido a dedo. Embora o próprio Falabella pareça sempre representar o mesmo personagem, ele entrega seu personagem de maneira correta. Todos os tipos criados por ele também dão conta do recado na interpretação firme de cada um do elenco. Mas o show é feito para Marília Pêra brilhar, e como ela brilha.

Pé na Cova é dessas séries que, ajudadas pela audiência, podem revolucionar o jeito de se fazer televisão. O humor é refinado, bem pensado e produz reflexão. Ainda assim, com os tipos criados, a série consegue ser popular, outro grande acerto. Como disse um amigo no twitter, quem assiste acha que está entrando no universo de Tim Burton. De fato, vale a pena acompanhar.

2 Quebraram tudo:

welington laufer disse...

isso ta anos-luz de parecer tim burton

Chrystian Wilson Pereira disse...

Já estava estranhando a demora do seu post sobre o seriado. Concordo em absolutamente tudo!

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